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Ninguém segura
O diabetes jamais impediu o maratonista Alexei Caio de fazer o que gosta. Sua última travessura: 217 km em 56 horas (ele mediu a glicemia 56 vezes no percurso)
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Oficialmente, não é um
número saudável: 11 corridas
por ano, entre maratonas, ultramaratonas e desafios não
oficiais. Em algum momento
entre elas, uma escalada de
alta montanha.
Como o atleta e engenheiro Alexei Caio, 35, esbanja
saúde, imagina-se que ele
guarde um segredo sob a camisa. Para ele, não há segredo, é só correr com prazer.
O que ele realmente guarda sob a camisa é um aparelho para medir a glicemia (nível de açúcar no sangue) e um aplicador de insulina.
Alexei tem diabetes tipo 1
desde os quatro anos.
Também desde pequeno
tem paixão por esportes. "Todos: vôlei, judô, kung fu, bicicleta, carrinho de rolimã,
bolinha de gude...", cita,
enumerando atividades "oficiais" e lúdicas.
A corrida entrou na grade
de atividades em 1996. No começo, não era muito mais do
que um aquecimento para
outros esportes ou uma acelerada sem compromisso até
o parque Ibirapuera.
"Amigos me convidaram
para uma maratona de revezamento, fui e, quando vi, já
estava fisgado."
Alexei entrou no caminho
das ultramaratonas porque
adora um desafio. "Um amigo me chamou para ir de Curitiba a Paranaguá, revezando bicicleta e corrida. Foram
110 km em 11 horas. Adorei."
Em janeiro deste ano, ele
completou 217 km em 56 horas. "A prova é pelo "Caminho da Fé", com largada em
São João da Boa Vista (SP) e
chegada em Paraisópolis
(MG). Só 5 km são planos."
Nesse caminho, ele mediu
a glicemia 56 vezes. "Normalmente, confiro a glicemia de
15 a 20 vezes por dia. É muito.
As pessoas medem de quatro
a dez vezes", diz.
O maior número de medições serve para monitorar o
corpo e planejar melhor os
próximos desafios, que não
se limitam às pistas e trilhas.
Em 2007, escalou um vulcão de 4.460 m na Argentina.
"Quase fui arrancado do cume por causa do vento."
Em 2008, Alexei subiu o
Cerro Valecitos, em Mendoza
(Argentina). Foram 5.500 m.
Em dezembro, o plano é vencer os 6.982 m do Aconcágua,
no Chile. Alguém segura?
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