São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010
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Avó materna como mediadora

Quando percebeu que seu casamento estava naufragando, dez anos atrás, o analista de sistemas Rafael Araújo da Silva, 35, cogitou continuar vivendo na mesma casa, apesar do rompimento com a mulher, só para poder continuar convivendo diariamente com a filha, Heloísa, 13. Não deu certo.
O novo Código Civil renovou suas esperanças ao estabelecer que a guarda deveria ser atribuída a quem tivesse melhores condições para exercê-la. "Eu tinha tempo, uma renda boa e vi que podia fazer esse papel. Entrei em contato com grupos que defendiam a guarda compartilhada e, aos poucos, consegui convencer [a ex-mulher] de que seria melhor para a Heloísa", recorda-se.
Com a ajuda da avó paterna da menina, que permaneceu neutra após o desfecho e fica com ela quando os pais precisam trabalhar ou têm compromissos, todos conseguiram organizar uma rotina. "É muito difícil fazer isso sem um mediador, a não ser que o casal se dê bem, o que não era nosso caso."
Há quatro anos, as manhãs são passadas na companhia da mãe, a enfermeira Marilza Vilas Boas, 39, e as noites, do pai. Heloísa frequenta a escola à tarde. "Eu adoro porque sempre estou um pouco com cada um deles, não fico morrendo de saudades", conta a menina.
Como as duas casas ficam distantes, de manhã o pai costuma levar a filha até a empresa em que trabalha, no centro, aonde a mãe vai buscá-la. "É muito complicado. Eu esqueço de levar roupa, caderno, é uma bagunça. Mas nunca perdi aula por isso", diz. Na quarta-feira, pai e filha vão juntos ao cinema.
Para Marilza, o lado "ruim" é que a filha precisa encarar formas diferentes de educar. "Quando o casal se separa, as ideias não estão mais combinando. Principalmente quando é mais nova, acho prejudicial." A mãe reconhece, no entanto, que é positivo para Heloísa ter mais tempo com os dois.
Para Rafael, a menina ganhou não só a presença do pai, mas a chance de conviver familiares muito diferentes. "Ela é uma criança feliz", diz. Heloísa faz coro. "Agora eu tenho mais atenção do que antes."


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