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Avó materna como mediadora
Quando percebeu que seu casamento estava naufragando,
dez anos atrás, o analista de sistemas Rafael Araújo da Silva,
35, cogitou continuar vivendo
na mesma casa, apesar do rompimento com a mulher, só para
poder continuar convivendo
diariamente com a filha, Heloísa, 13. Não deu certo.
O novo Código Civil renovou
suas esperanças ao estabelecer
que a guarda deveria ser atribuída a quem tivesse melhores
condições para exercê-la. "Eu
tinha tempo, uma renda boa e
vi que podia fazer esse papel.
Entrei em contato com grupos
que defendiam a guarda compartilhada e, aos poucos, consegui convencer [a ex-mulher] de
que seria melhor para a Heloísa", recorda-se.
Com a ajuda da avó paterna
da menina, que permaneceu
neutra após o desfecho e fica
com ela quando os pais precisam trabalhar ou têm compromissos, todos conseguiram organizar uma rotina. "É muito
difícil fazer isso sem um mediador, a não ser que o casal se dê
bem, o que não era nosso caso."
Há quatro anos, as manhãs
são passadas na companhia da
mãe, a enfermeira Marilza Vilas Boas, 39, e as noites, do pai.
Heloísa frequenta a escola à
tarde. "Eu adoro porque sempre estou um pouco com cada
um deles, não fico morrendo de
saudades", conta a menina.
Como as duas casas ficam
distantes, de manhã o pai costuma levar a filha até a empresa
em que trabalha, no centro,
aonde a mãe vai buscá-la. "É
muito complicado. Eu esqueço
de levar roupa, caderno, é uma
bagunça. Mas nunca perdi aula
por isso", diz. Na quarta-feira,
pai e filha vão juntos ao cinema.
Para Marilza, o lado "ruim" é
que a filha precisa encarar formas diferentes de educar.
"Quando o casal se separa, as
ideias não estão mais combinando. Principalmente quando
é mais nova, acho prejudicial."
A mãe reconhece, no entanto,
que é positivo para Heloísa ter
mais tempo com os dois.
Para Rafael, a menina ganhou não só a presença do pai,
mas a chance de conviver familiares muito diferentes. "Ela é
uma criança feliz", diz. Heloísa
faz coro. "Agora eu tenho mais
atenção do que antes."
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