São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2007
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Saúde

contaminação no buquê

Risco de infecção por fungos e bactérias e presença de insetos leva hospitais e maternidades a restringirem a entrada de flores no quarto dos pacientes

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

O ferecer flores é um sinal de carinho, cuidado e atenção. Mas, se a intenção for celebrar a chegada de um bebê ou animar um amigo que está doente, talvez seja melhor pensar em outro presente. Em muitos hospitais e maternidades, há restrição à entrada de plantas, devido ao risco de infecção que elas também representam.
"A presença de flores no hospital está relacionada a infecções, principalmente fúngicas. Por isso, não permitimos que elas entrem no quarto do paciente" afirma Adriana Silva, enfermeira do controle de infecção do HCor (Hospital do Coração), em São Paulo. As flores enviadas para os pacientes internados no local são mantidas perto da porta, no corredor.
A mesma regra é adotada na maternidade Pro Matre Paulista. "Com isso, eliminamos a possibilidade de a flor trazer prejuízos para a mãe ou para o bebê, como a captação de insetos, como formigas, e casos de alergia", explica Maria Augusta de Freitas, superintendente da entidade.
A recomendação para evitar flores também consta de um manual sobre prevenção e controle de infecção hospitalar no tratamento pediátrico, publicado no ano passado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). De acordo com o material, já foram descritos casos de transmissão do fungo Aspergillus terreus para pacientes imunodeprimidos (como os que têm câncer ou são portadores do vírus HIV) devido à presença de plantas no ambiente hospitalar. Ainda segundo o manual, "vários outros microorganismos patogênicos têm sido isolados de plantas e flores em hospitais e são potenciais fatores de risco para infecção".
Ana Paula de Oliveira Pacheco, enfermeira do serviço de epidemiologia e controle de infecção hospitalar do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, ressalta que não há dados que comprovem o aumento da infecção hospitalar devido à presença de flores no ambiente, mas concorda que o cuidado é necessário.
No Pequeno Príncipe, por exemplo, não há nenhum tipo de planta nas áreas internas. "A umidade e a presença de material orgânico em deposição na terra dos vasos favorece o crescimento de bactérias e de fungos", explica.

Em casa
Mesmo em casa, é preciso tomar alguns cuidados. Segundo Pacheco, não é aconselhável manter plantas dentro do quarto das crianças. Além do risco de elas serem picadas por um inseto ou entrarem em contato com microorganismos presentes na terra, existe a chance de envenenamento: a copo-de-leite e a comigo-ninguém-pode são exemplos de plantas tóxicas.
De acordo com Freitas, da Pro Matre Paulista, é preciso se desfazer das flores assim que elas perderem o viço e trocar a água dos vasos diariamente, para evitar a proliferação de alguns tipos de bactérias. E ela dá mais uma dica: escolher flores que não venham acompanhadas de muitos adereços, como papel celofane e fitas. "Assim, a gente produz menos lixo e ajuda também a 'saúde' do planeta."

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