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"Não receitaria Baclofen", afirma especialista
O uso de Baclofen como mais
uma entre as muitas ferramentas disponíveis para auxiliar no
tratamento da dependência
química e do alcoolismo é "interessante" e oferece "novas
perspectivas", mas creditar a
um medicamento o fim do vício
é uma afirmativa "perigosa". A
análise é da coordenadora do
Cisa (Centro de Informações
sobre Saúde e Álcool), Camila
Magalhães Silveira.
Integrante da American
Psychiatric Association, pesquisadora do Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica da Universidade de São Paulo e médica do hospital Albert Einstein,
Magalhães pondera que a dependência química é um fenômeno "multifatorial" e que não
consiste apenas na compulsão
por consumir substâncias.
"Não há cura para nenhum
transtorno psiquiátrico, o que
existe é tratamento. Já existem
medicamentos que diminuem
essa vontade", alerta a médica,
que aponta a necessidade de estudos sistemáticos com amostras significativas antes de que
a droga passe a ser utilizada da
forma sugerida pelo autor de
"The End of My Addiction".
"Não se pode minimizar a
questão da dependência. Existem estudos realizados com baclofen em animais. É preciso
verificar os efeitos em humanos, a gente não sabe se a ingestão de altas doses de Baclofen
interfere em outras áreas do organismo, doses altas podem
trazer outros problemas. Além
do mais, medicamentos ajudam no tratamento da dependência, mas outras terapias
também são necessárias."
Para Magalhães, a "indiferença" ao álcool celebrada por
Olivier Ameisen também vai
contra o que já foi estudado na
área. "É perigoso dar essa sensação de controle ao paciente,
porque aí é onde ele não rende,
não se dedica ao tratamento. O
que é preconizado hoje é a abstinência."
(DM)
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