São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009
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"Não receitaria Baclofen", afirma especialista

O uso de Baclofen como mais uma entre as muitas ferramentas disponíveis para auxiliar no tratamento da dependência química e do alcoolismo é "interessante" e oferece "novas perspectivas", mas creditar a um medicamento o fim do vício é uma afirmativa "perigosa". A análise é da coordenadora do Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), Camila Magalhães Silveira.
Integrante da American Psychiatric Association, pesquisadora do Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica da Universidade de São Paulo e médica do hospital Albert Einstein, Magalhães pondera que a dependência química é um fenômeno "multifatorial" e que não consiste apenas na compulsão por consumir substâncias.
"Não há cura para nenhum transtorno psiquiátrico, o que existe é tratamento. Já existem medicamentos que diminuem essa vontade", alerta a médica, que aponta a necessidade de estudos sistemáticos com amostras significativas antes de que a droga passe a ser utilizada da forma sugerida pelo autor de "The End of My Addiction".
"Não se pode minimizar a questão da dependência. Existem estudos realizados com baclofen em animais. É preciso verificar os efeitos em humanos, a gente não sabe se a ingestão de altas doses de Baclofen interfere em outras áreas do organismo, doses altas podem trazer outros problemas. Além do mais, medicamentos ajudam no tratamento da dependência, mas outras terapias também são necessárias."
Para Magalhães, a "indiferença" ao álcool celebrada por Olivier Ameisen também vai contra o que já foi estudado na área. "É perigoso dar essa sensação de controle ao paciente, porque aí é onde ele não rende, não se dedica ao tratamento. O que é preconizado hoje é a abstinência." (DM)


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