São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

alimentação

de olho nas letras miúdas

Fora do prazo de validade, produtos podem não estragar, mas começam a perder cor e sabor

FLAVIA PEGORIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O quitute jaz guardado no armário desde novembro de 2005. Seu prazo de validade expirou 18 meses depois, tempo comum para alimentos secos, que podem ficar fora da geladeira. Pois aquela delícia vencida parece estar ainda consumível -afinal, ora essa, o que são 30 dias para quem permaneceu lacrado por tanto tempo? Bem, os especialistas em engenharia da alimentação afirmam que ninguém deverá morrer ao comer o tal artigo. Mas suas características originais, essas terão morrido há tempos.
O prazo de validade dos alimentos deve ser impresso obrigatoriamente nas embalagens dos produtos de acordo com a regulamentação do Ministério da Saúde e a Secretaria de Vigilância Sanitária (que fiscaliza o setor). Esse período é definido por uma estimativa de tempo, verificada por testes chamados "vida de prateleira", elaborados pelo próprio fabricante com uma grande quantidade de amostras de cada matéria-prima. Apenas os produtos hortícolas frescos sem processamento estão dispensados da apresentação de prazo de validade como informação obrigatória -mas aí ainda existe a necessidade de exibir a data em que o legume, a fruta ou a hortaliça foram embalados.
Muitas pessoas conferem o prazo de validade dos produtos ao fazer a compra, mas muitas vezes acabam utilizando o artigo mesmo com alguns dias de vencimento. Nesse caso, vale saber mais sobre alguns pontos.
Segundo a engenheira de alimentos Eliana Relvas, consultora que presta serviços para grandes supermercados e redes de alimento, um produto até pode estar adequado para consumo mesmo quando ultrapassado seu prazo de validade. "O problema é que, após o tempo determinado pelo rótulo, qualquer alimento começa a perder suas características originais, sabor, cor e odor. E a pessoa estará consumindo algo com qualidade inferior à de quando fez a compra", diz.
O prazo de validade das embalagens é também uma questão de garantia. Isso porque, caso o alimento se estrague dentro do período em que deveria estar seguro, o consumidor tem o direito de reclamar junto ao serviço de atendimento do fabricante. Usando o produto já fora da data especificada como boa para utilização, a reivindicação perde a justificativa.
Eliana Relvas dá dicas para que o consumidor não se perca e deixe os produtos perderem a validade. "É melhor adquirir embalagens menores, que serão usadas mais rapidamente, e fazer compras a cada 15 dias, e não mensalmente", afirma. E é importante saber que artigos como farináceos, grãos, pós ou café são mesmo mais resistentes ao tempo, mas também possuem validade.
Algumas sacas de café, por exemplo, ficam até 20 anos estocadas nos armazéns do Governo Federal. Não estragam, mas o produto acaba precisando ser misturado a outros, mais novos, para ganhar qualidade. Ao torrar e provar esse tipo de café, os degustadores profissionais nem o classificam porque consideram que suas características originais se perderam por completo.
Estocar os alimentos de forma correta ajuda o prazo de validade a permanecer seguro. Perecíveis devem ir direto à geladeira, enquanto os produtos com menor quantidade de água e gordura na composição (pois são esses teores, principalmente, que aceleram a deterioração) podem ser mantidos no armário, em suas próprias embalagens ou dentro de potes herméticos.


Texto Anterior: Torta de jiló
Próximo Texto: Quanto dura?
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.