São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006
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Jornalista reúne estudos e depoimentos em livro sobre maternidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Para escrever "Inteligência de Mãe", a jornalista Katherine Ellison analisou centenas de estudos e entrevistou cientistas e mães por dois anos. Mas, segundo ela, foi sua experiência pessoal que a motivou a escrever sobre o tema -o medo de que a maternidade "roubasse" sua inteligência fez com que ela adiasse a gravidez o máximo que a natureza permitiu.
Hoje mãe de dois filhos, Ellison contou à Folha, por e-mail, como as pesquisas vêm derrubando esse mito.

 

FOLHA - As pesquisas derrubaram o estigma de que a maternidade "emburrece" as mulheres?
KATHERINE ELLISON -
Há muitos estudos fascinantes envolvendo animais que mostram que a aprendizagem e a memória melhoram depois da maternidade. Isso faz sentido do ponto de vista evolutivo: as mães precisam estar muito espertas para tomar conta de seus pequenos. Mas a idéia de que a maternidade destrói o cérebro prosperou por um longo tempo. Hegel disse: "O nascimento da criança é a morte dos pais". As mães freqüentemente repetem essas idéias sobre si mesmas quando se sentem frustradas, como quando esquecem pequenas coisas. Muitas vezes, elas não percebem o quanto estão aprendendo.

FOLHA - As mudanças no cérebro começam já com a gravidez?
ELLISON -
Sim, é o que as pesquisas mostram. Isso acontece por três causas: a influência dos hormônios, o estímulo das novas experiências e as experiências repetitivas -por exemplo, quando me torno melhor em negociar porque faço isso sempre com meus filhos.

FOLHA - As transformações são cumulativas, ou sejam, aumentam com várias gestações?
ELLISON -
Não vi muitas indicações nesse sentido, exceto em alguns estudos com ratas que sugerem que as que são mães se tornam ainda mais espertas depois do segundo filhote -mas não mais depois disso. Acho que, em humanos, se você tem muitos filhos, o estresse pode pesar mais do que as vantagens.

FOLHA - Muitos estudos que você citou são feitos com animais. Até que ponto os resultados se aplicam à espécie humana?
ELLISON -
Menciono alguns estudos com humanos no livro, mas é claro que são muito mais variáveis. Em ratos de laboratório, vemos as mudanças de forma muito clara, já que eles são essencialmente iguais entre si. Em humanos, qualquer diferença (educação, dieta, estresse) pode encobrir os resultados. Acho que a conclusão é que o fato de as mães se tornarem mais espertas é um padrão lógico de evolução. Nos humanos, no entanto, depende de muitos fatores externos, incluindo, principalmente na área de inteligência emocional, o quão dedicada a mãe está a se aprimorar.

FOLHA - Além de serem aplicadas diretamente nos cuidados com o bebê, essas mudanças podem ser extrapoladas para outras esferas da vida?
ELLISON -
Definitivamente. A inteligência emocional, por exemplo, é um conceito cada vez mais popular. Executivos pagam fortunas para se aprimorarem nela. Já as mães, assim como os pais, têm um treinamento repetitivo gratuito e, em geral, estão extremamente motivadas para se tornarem melhores nisso. Considere habilidades como liderança, negociação e empatia. Todas elas você tem que praticar em casa.

FOLHA - Você sentiu, com seus dois filhos, as mudanças que descreve no livro?
ELLISON -
Sim, essa foi uma grande razão para eu escrever o livro. Acho que a prática da inteligência emocional foi a mais interessante para mim. Eu me peguei usando com editores e amigos muitas técnicas que eu pratico com meus filhos -e elas funcionam! (AL e FM)


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