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ingrediente
Lula não é difícil de preparar
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A
ssim como o polvo, a
lula é um cefalópode
subestimado pela culinária brasileira.
Além do aspecto freqüentemente apontado como repulsivo, é considerada erroneamente um alimento difícil de preparar e cozinhar. "A maioria das
pessoas teme que sua carne
enrijeça e acaba não a utilizando. Muitos gostam de lula, mas
nunca fazem em casa porque já
tiveram experiências malsucedidas", afirma Bella Masano,
chef do restaurante Amadeus e
autora da receita ao lado.
O segredo do cozimento, segundo Masano, está no choque
térmico e na passagem rápida
pela panela. "Para saltear no
azeite, por exemplo, basta
aquecer bem a frigideira que a
lula rapidamente muda de aspecto. Passa do transparente
para o branquinho, estufa e está pronta." Até o fim do mês, a
chef promove no Amadeus, no
jantar e nos finais de semana,
um menu-degustação dedicado
à lula e ao polvo.
O aspecto desse molusco marinho é curioso. Seu corpo tubular tem duas nadadeiras que
se projetam na parte traseira e,
de sua cabeça, saem dois longos
tentáculos e oito "braços". Seu
interior abriga uma bolsa que
contém tinta negra de sabor
forte e inconfundível.
Com cerca de 15 cm de comprimento, a lula possui carne
de textura firme que, depois de
limpa, pode ser utilizada inteira -para ser recheada- ou cortada em anéis. É vendida congelada ou fresca, condição na
qual é bastante perecível, exigindo consumo imediato.
Está presente na maioria dos
pratos com frutos do mar. Na
Espanha, aparece na paella, em
tapas variadas (petiscos típicos) e cozida em sua tinta.
Também entra nas caldeiradas
portuguesas e na "bouillabaisse" (sopa da região francesa de
Marselha). Na Itália, destaca-se
o negro "risotto alle seppie",
preparado com sua tinta. Em
algumas regiões do Japão, país
responsável por quase metade
do consumo mundial, a lula é
cortada em longas tiras e consumida crua com gengibre ralado e shoyu. Também é usada
para sashimi e tempura, entre
diversas outras receitas. No
Brasil, é consumida ensopada,
em moquecas, ao vinagrete ou
na forma de risotos.
Encontrada em todos os mares e oceanos, com exceção do
mar Negro, a lula é rica em sais
minerais e em vitaminas do
complexo B. Há inúmeras espécies, de uma dúzia de famílias, duas das quais acomodam
todas as comestíveis. Os membros da família Loliginidae são
criaturas da costa. As da família
Ommastrephidae, ao contrário,
são oceânicas e constituem
cerca de três quartos da oferta
mundial.
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