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Ingrediente
Amaranto tem mais proteína que os cereais
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Guarde este nome:
amaranto. Praticamente desconhecido
no Brasil, o pseudocereal tende a se espalhar de
modo considerável pelas lavouras -e pelos mercados- nos
próximos anos. A estimativa é
do pesquisador Carlos Roberto
Spehar, da Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Cerrados, responsável
pela introdução da planta no
território nacional.
Domesticado há milhares de
anos em locais como o México,
o Peru e a Bolívia, o ingrediente
faz parte dos hábitos alimentares daqueles povos, que o cultivam em escala comercial e exportam parte de sua produção a
países europeus e asiáticos e
aos Estados Unidos.
"Nos EUA, o amaranto também foi introduzido recentemente na agricultura, mas aqui
temos a oportunidade de cultivo na entressafra, diferentemente deles. A perspectiva de
nos tornarmos os maiores produtores mundiais dentro de
cinco a dez anos é muito grande", afirma Spehar, ressaltando
que, para tanto, é preciso incentivar sua produção e seu
consumo.
Embora não faça parte da família dos cereais, o amaranto
compartilha com eles características semelhantes. "Com a
vantagem de ter 15% de proteínas, contra cerca de 10% dos cereais, e um perfil de aminoácidos mais equilibrado, permitindo suprir as necessidades
nutricionais não só de adultos
mas também de idosos e crianças", afirma a nutricionista Karina Dantas Coelho.
Em sua tese de mestrado na
Faculdade de Saúde Pública da
USP, Coelho desenvolveu e testou a aceitação de alimentos
matinais e barras energéticas à
base de amaranto, obtendo resultados satisfatórios. "Ele
também possui mais fibra alimentar, que melhora a função
intestinal e pode ajudar a reduzir o colesterol, e não contém
glúten", completa.
Por enquanto, apenas a variedade conhecida por BRS
Alegria, da espécie Amaranthus
cruentus, está adaptada ao Brasil. Além dela, existem também
A. caudatus, originária dos Andes, e A. hypochondriacus, nativa do México, como a primeira.
Aos interessados, a Embrapa
distribui sementes e oferece
dados sobre a tecnologia de
produção.
Além de nutritivo, o amaranto é bastante versátil. Na indústria, pode ser empregado na
elaboração de barrinhas, farinhas instantâneas e dietéticas
e alimentos congelados, entre
outros produtos.
Em casa, além de ser consumido como cereal matinal, sua
farinha incrementa mingaus,
massas, pães, biscoitos e bolos.
Até pratos triviais, como o polpetone, podem servir de inspiração para seu uso, como mostra a receita que o chef Fernando Morais criou com exclusividade para a Folha.
Onde encontrar:
Bioloja Alternativa. r. Maranhão, 812, Higienópolis, São Paulo, tel. 0/xx/11/3825-8499. Vende
amaranto em flocos. O pacote de 100g custa
R$ 5.
Celeiro. tel. 0/xx/61/3274-3510. Envia amaranto importado da Bolívia por Sedex para todo o
Brasil.
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