São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Outras idéias - Wilson Jacob Filho

Já tivemos 15 anos

Por incrível que possa parecer, nós e a maioria das pessoas que conhecemos já completaram 15 anos. Não é uma data qualquer. Vem cercada de um simbolismo muito grande. Em diversas culturas, representa o momento em que o jovem é apresentado à sociedade, com todas as suas potencialidades, e ela, por sua vez, o acolhe com todas as suas expectativas.
Os anos seguintes confirmarão se houve consenso ou não. Evidentemente muitas coisas mudam nessa evolução: surgem obstáculos, encontram-se aliados, tarefas são divididas e desafios são multiplicados. São as regras do jogo. Quem souber respeitá-las e escolher os melhores caminhos terá o prazer de saborear suas vitórias por muito tempo. Será reconhecido pela inteligência e acolhido pela comunidade. Quem optar por regras visando apenas os benefícios temporários ou por meios que justifiquem tão somente seus fins individuais será caracterizado pela esperteza e se tornará cada vez mais isolado. É notório que com os inteligentes convivem os que com eles se identificam enquanto ao lado de um esperto apenas sobrevivem os incautos e os ignorantes.
Embora a escolha dos caminhos seja uma tarefa para a vida toda, a opção pela seara em que será cultivada se define precocemente e, em geral, aos 15 anos já estará manifesta. É imprevisível se esse jovem terá sucesso ou se atingirá os seus objetivos, mas já é possível prever quais ferramentas irá utilizar e com quais habilidades as tornará mais eficientes. Nessa fase especial, é fundamental ter consciência de que o futuro depende, em muito, das decisões tomadas nesse período. Evidentemente, elas poderão ser corrigidas, mas, dependendo do tempo que permanecerem inadequadas, as conseqüências serão definitivas.


[...] Os jovens de hoje estão mais bem informados, mas os desafios são muito maiores e os perigos, mais agressivos


Pensando na saúde como um bem adquirido e cultivado durante toda a vida, poder-se-á entender melhor a importância de hábitos e costumes incorporados ao cotidiano de quem define a sua individualidade. Em relação aos jovens do passado, é inegável que os de hoje estão muito mais bem informados. Comparando, porém, os universos em que vivenciamos esse ritual de passagem, concluimos que os desafios atuais são muito maiores e os perigos, mais disseminados e agressivos.
Se quisermos legar às próximas gerações a expectativa de melhor qualidade da vida, além da maior longevidade, teremos de incluir a saúde na pauta de discussão na perspectiva de quem pretende envelhecer, propiciando o desenvolvimento do corpo e do espírito para que se tornem fortes, plenos e complementares. Só assim poderemos viver muito e intensamente.
WILSON JACOB FILHO, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas (SP), é autor de "Atividade Física e Envelhecimento Saudável" (ed. Atheneu)
wiljac@usp.br


Texto Anterior: Paciente participa de estudo na USP
Próximo Texto: Pergunte Aqui
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.