São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007
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Fitness

Eterno recomeço

Quase 80% das pessoas que começam um programa de exercícios o abandonam em poucos meses; saiba por que isso acontece e veja como não desistir

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Janaína Tabone, que parou e recomeçou a ginástica várias vezes


IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

C orpo em forma, tênis, roupas esportivas. A administradora de empresas Janaína Tabone, 32, tem tudo para ser uma freqüentadora assídua de academias. Freqüentar ela até freqüenta. Quanto à assiduidade, bem, esse já é um outro problema -dela e de quase todo mundo que se propõe a manter um programa regular de atividade física. Segundo a premiada treinadora norte-americana Sherri McMillan (leia entrevista na página ao lado), 78% das pessoas que começam uma atividade física a abandonam depois de três a quatro meses
Assim como o levanta-abaixa de pesos que se repete nas salas de musculação, o começar-desistir-começar de novo dos alunos que se matriculam nas academias é tão previsível quanto os 15 minutos de aquecimento na esteira.
A dinâmica é bem conhecida para Janaína. "Depois de um tempo sem fazer nada, começo a sentir a calça mais apertada. Vejo uma mulher com corpo bonito e penso "já fui assim". Então volto para a academia e recomeço, pela enéssima vez, um programa de exercícios."
No início, a aluna reincidente procura ser exemplar. Faz até duas horas de aula, todos os dias da semana, sábados e domingos incluídos. Depois de um ou dois meses de muito suor, considera-se merecedora de um descanso. No entanto, ela sabe muito bem como a história vai acabar. "Se falto uns dois dias já sei que vou começar a espaçar as aulas. Daí para parar de vez é um pulo", conta.
Preguiça, falta de tempo para sair com o marido ou com os amigos, excesso de trabalho. Não faltam desculpas para Janaína passar mais uma longa temporada longe dos aparelhos de musculação e das sessões de abdominais. "Atualmente, por exemplo, comecei a fazer um curso de MBA com aulas duas vezes por semana. Daí há as leituras, os trabalhos para o curso, enfim, outros compromissos na agenda. No fundo, sei que não são motivos suficientes para parar [de fazer ginástica], mas uso como desculpa", confessa.

Pretextos
As desculpas são inúmeras, confirma Turíbio Leite de Barros Neto, professor de medicina esportiva da Unifesp (Universidade Estadual de São Paulo), "mas a causa principal [para não continuar a atividade] é que as pessoas não começam a fazer porque gostam, mas por alguma espécie de obrigação".
Para o professor, a maioria das pessoas tem uma idéia preconcebida sobre o tipo de atividade que "precisa" fazer. "Por exemplo, a pessoa ouve dizer que nadar é o exercício mais completo e se inscreve na escola de natação, mesmo que deteste entrar na água. Isso é um engano: é preferível escolher uma atividade que não seja a melhor de todas, mas que a pessoa goste de fazer. Só assim irá praticá-la com constância, o que é fundamental."
O desafio, para Barros Neto, é cada um encontrar a modalidade com a qual tenha mais afinidade. "Todos têm uma, quem procurar vai encontrar sua identidade em termos de atividade física", afirma. Encontrando algo que faça com prazer, os outros obstáculos são superados. Mesmo aquele que é a desculpa número um, a falta de tempo. "Se a pessoa só puder fazer exercício uma vez por semana, tudo bem, é melhor do que nada. Ela já terá algum benefício físico e mental." O que pouco adianta, segundo ele, é fazer três meses de academia e depois parar. "Os ganhos nesses três meses vão se diluindo e, depois de um ano, não sobrou mais nada, e o dinheiro gasto em matrícula e em mensalidades foi jogado fora", acredita.


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