São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007
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Dois de uma vez

Os publicitários Daniela Lorenzon, 30, e Luís Roberto Duarte de Souza, 40, são um caso raro no mundo da adoção. Apesar de poderem gerar filhos biológicos, eles optaram pelos chamados "filhos do coração". Em vez do tradicional bebê branco, adotaram logo dois irmãos, negros: Thalya e Nathan, hoje com sete e cinco anos.
A adoção é abordada abertamente com as crianças. Durante a entrevista à Folha, elas ficaram ouvindo, participando e mostrando fotos, por exemplo, do dia em que chegaram do abrigo. "Quando vi os dois descendo, meu coração saltou. A Thalya veio direto para mim, me abraçando e me chamando de "mãe'", lembra Daniela.
Acostumadas às regras do abrigo, as crianças chegaram com uma rotina definida. "Somos mais flexíveis. Mas não queremos superprotegê-los", afirma o pai.
Segundo Daniela, a adaptação das crianças foi mais tranqüila do que a sua. Com o marido na época morando em Manaus, ela se viu com duas crianças para criar. "Tudo estava na minha mão. Faltou estímulo para o Nathan, então ele não corria e mal falava. Como a mãe biológica tinha problemas mentais, fiquei pensando mil coisas. Na primeira semana, enfrentei um episódio de racismo. Fiquei assustada, mas encarei. Afinal, são meus filhos."
Hoje, apesar de ainda notarem os olhares curiosos, eles se dizem acostumados. Para o casal, as mudanças trazidas pela adoção foram positivas. "A família toda ficou mais unida, a gente se tornou mais responsável, o casamento melhorou. Nunca tivemos dúvida ou arrependimento", diz Luís.


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