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ingrediente
Quiabo é nativo da África
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A
mado por alguns,
odiado por outros, o
quiabo não é utilizado
somente no cozido
com frango, clássico da culinária mineira. É indispensável
também ao caruru baiano, um
cozido com azeite-de-dendê,
camarão, peixe e outros ingredientes, e ao "gumbo", espécie
de sopa típica da cozinha creole, praticada na Louisiana
(EUA). Até em mesas indianas,
como as do restaurante Delhi
Palace, o quiabo brilha: aparece
ali em pratos vegetarianos como o "alu bhindi" (batatas cozidas com quiabos e molho
curry) ou misturado com açafrão ou amendoim.
Planta de regiões tropicais e
subtropicais, é o único membro
da família das malváceas usado
como alimento. Suas vagens,
que têm entre 5 cm e 20 cm de
comprimento, são geralmente
sulcadas e afiladas em uma das
extremidades, mas podem ser
quase cilíndricas, dependendo
da espécie. Sua cor vai do preto
ao verde claro, passando pelas
raras vermelhas. O quiabo contém muitas sementes pequenas
e uma substância viscosa característica, conhecida popularmente como baba.
Até mesmo a quantidade de
baba é variável. Nos Estados
Unidos, o tipo mais apreciado é
aquele farto dessa substância.
No Brasil, ao contrário, ela costuma causar repulsa aos comensais e é freqüentemente
eliminada com adição de gotas
de limão ou vinagre à água de
cozimento.
Rico em vitaminas A e C, folato e potássio, o quiabo também possui muita pectina e fibras solúveis, que ajudam a
controlar o colesterol e evitam
prisão de ventre, respectivamente. "Mas quem quer aproveitar realmente essas vitaminas deve comê-lo cru, em saladas, aperitivos ou sucos, já que
a vitamina C e a maior parte da
A se perdem na água do cozimento", afirma Gabriella Guerrero, nutricionista da Nutriessencial Consultoria.
De acordo com a enciclopédia "The Penguin Companion
to Food", de Alan Davidson,
acredita-se que o quiabo seja
nativo da África e que possa ter
sido cultivado primeiramente
na região da Etiópia ou na porção ocidental do continente.
Não se sabe quando teria chegado ao Mediterrâneo, Oriente
Médio e Índia, mas foram encontrados registros de cultivo
no Egito do século 13.
Sua migração para o Novo
Mundo parece ter relação direta com o tráfico negreiro. Chegou ao Brasil em 1658, mesma
época em que aportou na Guiana e no sul dos Estados Unidos.
Já sua expansão rumo ao leste
foi lenta. Apareceu no sudeste
asiático no século 19 e na China
logo depois.
Segundo Davidson, seu nome
em inglês, "okra", é uma palavra de origem indígena, assim
como o sinônimo "gumbo". O
nome original em Angola era
"ki ngombo", convertido por
negociantes portugueses de escravos para "quingombo" e depois abreviado pelos negros para "gombo" ou "gumbo" -sendo que o último nome ainda é
usado no sul dos EUA.
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