São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007
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ingrediente

Quiabo é nativo da África

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A mado por alguns, odiado por outros, o quiabo não é utilizado somente no cozido com frango, clássico da culinária mineira. É indispensável também ao caruru baiano, um cozido com azeite-de-dendê, camarão, peixe e outros ingredientes, e ao "gumbo", espécie de sopa típica da cozinha creole, praticada na Louisiana (EUA). Até em mesas indianas, como as do restaurante Delhi Palace, o quiabo brilha: aparece ali em pratos vegetarianos como o "alu bhindi" (batatas cozidas com quiabos e molho curry) ou misturado com açafrão ou amendoim.
Planta de regiões tropicais e subtropicais, é o único membro da família das malváceas usado como alimento. Suas vagens, que têm entre 5 cm e 20 cm de comprimento, são geralmente sulcadas e afiladas em uma das extremidades, mas podem ser quase cilíndricas, dependendo da espécie. Sua cor vai do preto ao verde claro, passando pelas raras vermelhas. O quiabo contém muitas sementes pequenas e uma substância viscosa característica, conhecida popularmente como baba.
Até mesmo a quantidade de baba é variável. Nos Estados Unidos, o tipo mais apreciado é aquele farto dessa substância. No Brasil, ao contrário, ela costuma causar repulsa aos comensais e é freqüentemente eliminada com adição de gotas de limão ou vinagre à água de cozimento.
Rico em vitaminas A e C, folato e potássio, o quiabo também possui muita pectina e fibras solúveis, que ajudam a controlar o colesterol e evitam prisão de ventre, respectivamente. "Mas quem quer aproveitar realmente essas vitaminas deve comê-lo cru, em saladas, aperitivos ou sucos, já que a vitamina C e a maior parte da A se perdem na água do cozimento", afirma Gabriella Guerrero, nutricionista da Nutriessencial Consultoria.
De acordo com a enciclopédia "The Penguin Companion to Food", de Alan Davidson, acredita-se que o quiabo seja nativo da África e que possa ter sido cultivado primeiramente na região da Etiópia ou na porção ocidental do continente. Não se sabe quando teria chegado ao Mediterrâneo, Oriente Médio e Índia, mas foram encontrados registros de cultivo no Egito do século 13.
Sua migração para o Novo Mundo parece ter relação direta com o tráfico negreiro. Chegou ao Brasil em 1658, mesma época em que aportou na Guiana e no sul dos Estados Unidos. Já sua expansão rumo ao leste foi lenta. Apareceu no sudeste asiático no século 19 e na China logo depois.
Segundo Davidson, seu nome em inglês, "okra", é uma palavra de origem indígena, assim como o sinônimo "gumbo". O nome original em Angola era "ki ngombo", convertido por negociantes portugueses de escravos para "quingombo" e depois abreviado pelos negros para "gombo" ou "gumbo" -sendo que o último nome ainda é usado no sul dos EUA.


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