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inspire respire transpire
Por meio de toques e sem exercícios predeterminados, eutonia ensina a conhecer o próprio corpo e a descobrir novas formas de se movimentar
Tônus equilibrado
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Tônus harmonioso.
Em grego, é esse o significado da palavra
eutonia, que dá nome
a uma prática corporal ainda
pouco difundida no Brasil, apesar de existir por aqui há mais
de uma década.
Voltado para a conscientização corporal, o método surgiu a
partir da experiência pessoal de
sua criadora, a alemã Gerda
Alexander (1908-1994). Impedida de fazer movimentos
bruscos devido a uma endocardite (problema na membrana
interna do coração), ela teve de
aprender a se mexer usando o
mínimo possível de energia.
Como o nome da prática sugere, um dos conceitos-chave é
o tônus muscular -a capacidade de as fibras musculares modificarem sua elasticidade. A
idéia é aprender a usá-lo de forma flexível, dosando-o segundo
a necessidade e o momento.
O trabalho com o eutonista
pode ser feito individualmente
ou em grupo e acontece basicamente por meio de leves toques
e movimentos. Bolas, bambus,
almofadas e outros objetos são
usados para auxiliar.
Diferentemente do que ocorre em outros trabalhos corporais, não há movimentos predeterminados. "A eutonia educa a
pessoa para que ela própria reconheça o funcionamento do
seu corpo. É um trabalho que
exige grande participação.
Quando alguém simplesmente
manipula seu corpo, você fica
mais passivo", diz a psicóloga e
eutonista Cecilia Maeda, professora na Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da PUC-SP e diretora da Escola Brasileira de Eutonia, que oferece
curso de formação no método.
Segundo a eutonista e educadora do movimento e da postura Luciana Gandolfo, o objetivo
é que o aluno pesquise em seu
corpo formas diferentes de se
movimentar. Para auxiliar nesse autoconhecimento, são ensinados conceitos básicos de anatomia e de fisiologia.
"Muitas pessoas têm problemas de saúde porque se fixam
em um só padrão de movimento. Não acreditamos que "instalar" mais um programa, dizendo que tem que pisar deste lado
e não do outro, resolva. A idéia é
descobrir novas possibilidades
no aparelho motor", diz Luciana Gandolfo.
Como exemplo, ela cita o trabalho com a postura. Para ela,
não existe uma postura ideal.
"Cada aluno deve aprender a se
alinhar, a se desalinhar e a reagir ao ambiente. Não adianta
alinhar a postura sem que a
pessoa perceba o que ocorreu
no seu corpo. Senão, na primeira buzina que ela ouvir, sairá
daquele alinhamento."
Doenças
A eutonia se dirige tanto a
pessoas saudáveis quanto a
quem tem problemas diversos,
como artrite, artrite ou hérnia
de disco. Mas é importante ressaltar que não cura doenças.
"Não é como uma fisioterapia,
que trata de partes específicas
do corpo. A eutonia cuida da
pessoa inteira. Se ela tem problema no ombro, vemos como
ela pisa, como alinha o joelho e
o quadril, como está emocionalmente. Tudo isso influencia", diz Gandolfo.
Em seu doutorado, defendido na PUC em 2005, Cecília
Maeda estudou os efeitos da
eutonia sobre a qualidade de vida de 20 mulheres com fibromialgia. "No grupo que participou das sessões de eutonia, observamos um resultado muito
bom em relação à melhora da
intensidade da dor, da auto-estima e da co-participação no
tratamento. Elas aprenderam a
cuidar do corpo quando a crise
era muito intensa", afirma.
Nas sessões, os movimentos
são leves e minuciosos, e os resultados concretos podem demorar. "É um trabalho que deve ser feito a vida inteira. Mas
há quem sinta alívio já nas primeiras sessões", diz Gandolfo.
[...] Um conceito-chave
é o tônus muscular (a capacidade de as fibras musculares modificarem sua elasticidade); a idéia é aprender a dosá-lo segundo a
necessidade e o momento
MAIS INFORMAÇÕES Associação Brasileira de Eutonia; tel. 0/xx/11/3032-4041; www.eutonia.org.br
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