São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006
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inspire respire transpire

Por meio de toques e sem exercícios predeterminados, eutonia ensina a conhecer o próprio corpo e a descobrir novas formas de se movimentar

Tônus equilibrado

FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Tônus harmonioso.
Em grego, é esse o significado da palavra eutonia, que dá nome a uma prática corporal ainda pouco difundida no Brasil, apesar de existir por aqui há mais de uma década.
Voltado para a conscientização corporal, o método surgiu a partir da experiência pessoal de sua criadora, a alemã Gerda Alexander (1908-1994). Impedida de fazer movimentos bruscos devido a uma endocardite (problema na membrana interna do coração), ela teve de aprender a se mexer usando o mínimo possível de energia.
Como o nome da prática sugere, um dos conceitos-chave é o tônus muscular -a capacidade de as fibras musculares modificarem sua elasticidade. A idéia é aprender a usá-lo de forma flexível, dosando-o segundo a necessidade e o momento.
O trabalho com o eutonista pode ser feito individualmente ou em grupo e acontece basicamente por meio de leves toques e movimentos. Bolas, bambus, almofadas e outros objetos são usados para auxiliar.
Diferentemente do que ocorre em outros trabalhos corporais, não há movimentos predeterminados. "A eutonia educa a pessoa para que ela própria reconheça o funcionamento do seu corpo. É um trabalho que exige grande participação. Quando alguém simplesmente manipula seu corpo, você fica mais passivo", diz a psicóloga e eutonista Cecilia Maeda, professora na Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da PUC-SP e diretora da Escola Brasileira de Eutonia, que oferece curso de formação no método.
Segundo a eutonista e educadora do movimento e da postura Luciana Gandolfo, o objetivo é que o aluno pesquise em seu corpo formas diferentes de se movimentar. Para auxiliar nesse autoconhecimento, são ensinados conceitos básicos de anatomia e de fisiologia.
"Muitas pessoas têm problemas de saúde porque se fixam em um só padrão de movimento. Não acreditamos que "instalar" mais um programa, dizendo que tem que pisar deste lado e não do outro, resolva. A idéia é descobrir novas possibilidades no aparelho motor", diz Luciana Gandolfo.
Como exemplo, ela cita o trabalho com a postura. Para ela, não existe uma postura ideal. "Cada aluno deve aprender a se alinhar, a se desalinhar e a reagir ao ambiente. Não adianta alinhar a postura sem que a pessoa perceba o que ocorreu no seu corpo. Senão, na primeira buzina que ela ouvir, sairá daquele alinhamento."

Doenças
A eutonia se dirige tanto a pessoas saudáveis quanto a quem tem problemas diversos, como artrite, artrite ou hérnia de disco. Mas é importante ressaltar que não cura doenças. "Não é como uma fisioterapia, que trata de partes específicas do corpo. A eutonia cuida da pessoa inteira. Se ela tem problema no ombro, vemos como ela pisa, como alinha o joelho e o quadril, como está emocionalmente. Tudo isso influencia", diz Gandolfo.
Em seu doutorado, defendido na PUC em 2005, Cecília Maeda estudou os efeitos da eutonia sobre a qualidade de vida de 20 mulheres com fibromialgia. "No grupo que participou das sessões de eutonia, observamos um resultado muito bom em relação à melhora da intensidade da dor, da auto-estima e da co-participação no tratamento. Elas aprenderam a cuidar do corpo quando a crise era muito intensa", afirma.
Nas sessões, os movimentos são leves e minuciosos, e os resultados concretos podem demorar. "É um trabalho que deve ser feito a vida inteira. Mas há quem sinta alívio já nas primeiras sessões", diz Gandolfo.

[...] Um conceito-chave é o tônus muscular (a capacidade de as fibras musculares modificarem sua elasticidade); a idéia é aprender a dosá-lo segundo a necessidade e o momento



MAIS INFORMAÇÕES Associação Brasileira de Eutonia; tel. 0/xx/11/3032-4041; www.eutonia.org.br

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