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drible a neura
Choro do bebê deixa pais assustados
JULIANA LOPES - FREE-LANCE PARA A FOLHA
Voltar da maternidade para casa com o filho recém-nascido no colo é um momento inesquecível para qualquer pai. Mas,
quando o bebê começa a chorar sem dar trégua, a alegria vira desespero, sobretudo para
pais de primeira viagem, que se sentem impotentes quando não conseguem consolar o
rebento. Antes de arrancar os cabelos, aconselham os médicos, é importante lembrar que o
choro é a principal forma de o bebê se comunicar. Por isso, o que deve preocupar não é o
bebê chorão, mas sim o bebê calado.
Sobretudo durante o primeiro mês, quando
os pais são os únicos interlocutores do bebê
com o mundo, decifrar o que o filho está querendo dizer com o choro deixa muitos deles
em pânico. "Uma das maiores reclamações
que recebemos no consultório é a insegurança
dos pais em relação ao choro do bebê", afirma
Claudio Schvartsman, chefe da pediatria do
hospital Albert Einstein. "Se a mãe não estiver
bem informada sobre quais são as possíveis
causas do choro, vai ficar mesmo insegura."
Aprender a decifrar o choro é importante
porque, em geral, o bebê não está fazendo manha, mas dizendo que algo o está incomodando. "O choro funciona como uma sirene que
alerta alguma necessidade da criança. Mas
não significa necessariamente que haja um
problema grave", afirma Sandra de Oliveira
Campos, professora de infectologia pediátrica
da Unifesp. Para o pediatra e homeopata Oswaldo Cudizio Filho, os pais sempre devem
dar ouvidos ao choro do bebê, que pode ter
uma dor física ou psicológica. Mas sem entrar
em parafusos.
Para detectar o motivo do choro o melhor
caminho é eliminar as possibilidades mais fáceis de serem checadas. Em primeiro lugar,
verifique se o bebê não está com fome, frio, calor, em posição incômoda no berço, com sono
ou dificuldade de dormir. Sustos, cólicas, assaduras, estranhamento em relação a pessoas
ou a um ambiente novo e necessidade de carinho também podem detonar o berreiro.
Se não houver motivo aparente para o choro
frequente e o bebê já tiver passado da fase de
cólica do lactente -que normalmente dura
três meses-, deve-se tentar detectar se ele está sofrendo algum problema típico da idade.
Como, por exemplo, a alergia à lactose, que
causa dores intermináveis nos pequenos. Nesses casos, a melhor opção é deixar o pediatra a
par de tudo o que se passa com o bebê.
Para alívio dos pais, a maioria dos médicos
afirma que são pequenas as chances de uma
criança ter problemas sérios de saúde nos primeiros meses de vida. Na maior parte das vezes, a choradeira é uma maneira de o bebê pedir, reclamar e até desabafar a tensão do dia.
Outra informação importante é que, quando o bebê está sentindo dor, nem sempre o
choro é a resposta mais frequente. Muitos bebês fazem caretas, resultado da contração dos
músculos da face. "Geralmente, o choro aparece como resposta em, no máximo, 60% dos
casos de dor", diz a pediatra especializada em
choro e dor Ruth Guinsburg, chefe da UTI
neonatal da Unifesp.
Pesquisa feita nos EUA constatou que, em
geral, o choro de crianças que sentem dor é
mais agudo do que o choro motivado por outras causas. Mas a regra não vale para todos os
bebês. "Para conhecer os filhos, os pais precisam ter criatividade e bom humor. A mãe deve estar preparada para fazer um monte de
coisas erradas e não se culpar por isso", afirma
o pediatra Oswaldo Cudizio.
Os pais também devem ficar atentos a fases
do desenvolvimento da criança que trazem
motivos específicos para o choro. É o caso da
cólica nos primeiros três meses, do dente que
está nascendo, da fase em que a mãe volta à
rotina do trabalho. Nada disso, contudo, é regra. Não há manual de instruções, e cada bebê
tem uma personalidade diferente. Por isso,
mesmo pais experientes têm dificuldades de
entender tudo o que o bebê quer dizer com o
choro. "Sempre há diferenças entre irmãos. A
criança tem personalidade própria desde o
nascimento. A mãe tem de criar uma rotina
para que o bebê reconheça o mundo através
dela", aconselha a médica Sandra de Oliveira.
Se os pais desconfiam que o choro insistente
é sinal de problema mais sério, vale a pena seguir o instinto maternal e insistir com o pediatra. Foi o que aconteceu com Julia, a primeira
filha de Lilian Lahoud, 31. "Ela chorou demais
até o oitavo mês. A cólica não chegava ao fim e
todo mundo dizia que a culpa era minha, que
eu passava o nervoso para a minha filha." Lilian não dormia mais do que uma hora por
noite e ficou esgotada. O marido dava palpite,
o médico dizia para ela ficar calma. "Minha filha tinha um problema de alergia à lactose. Ela
só poderia ter tomado leite de soja durante todo esse tempo, por isso que morria de dores.
Pelo menos perceberam que eu não estava ficando louca", lembra.
Para ajudar os pais a decifrar os filhos, pediatras ouvidos pela reportagem enumeram
abaixo as causas mais comuns do desconforto
que faz o bebê chorar quando não há nenhum
problema sério por trás.
Choro da fome
Não há como evitar. Os
bebês mamam várias vezes ao dia e abrem
o berreiro ao menor sinal de fome. Às vezes, eles continuam chorando mesmo com
a boca no peito. Não estranhe e tenha paciência porque eles só estão se adaptando.
Choro do desconforto
Se sentir
frio, o bebê enrijece o corpo e chora. Se estiver com calor, vai ficar com a pele avermelhada e chorar também. Bebês abrem o
berreiro se estiverem mal posicionados no
berço e quando querem levantar ou deitar.
E choram até o desconforto passar.
Choro de cólica
A famosa cólica do
lactente tira os pais do sério. O bebê sofre
até os 3 meses de idade porque seu intestino é imaturo e ele tem dificuldade de evacuar. Procure orientação médica.
Choro do banho
Os bebês só conseguem perceber quais são os limites do corpo pelo contato com a roupa que vestem.
Quando ficam nus, alguns choram muito,
pois se sentem perdidos. O choro pode ser
evitado se a mãe apoiar em seu corpo os
pés do filho para ele se sentir mais situado.
Choro da falta de carinho
Alguns bebês precisam de mais contato físico
que outros. Querem colo e gostam de sentir
o cheiro e o calor da mãe. Nem todos são
mimados, mas só param de chorar se a necessidade for atendida.
Choro do meio da noite
Mais comum nos recém-nascidos, que estavam
acostumados às noites de sono na barriga
da mãe. Quando acordam num lugar diferente e escuro, estranham e choram. Esse
choro dura cerca de 15 minutos, e os pais
não precisam levantar da cama porque, em
geral, o bebê se acalma sozinho.
Choro do mimo
Se a mãe coloca o bebê no colo toda vez que ele dá um resmungo, é bem provável que ele vá se acostumar
e abra o maior berreiro quando a situação
for diferente do que ele espera.
Choro do fim do dia
Alguns médicos
acreditam que esse choro é uma espécie de
desabafo. Cada dia na vida do bebê é uma
experiência complexa, e o excesso de novas
informações deixa a criança tensa, que
chora porque está cansada mental e fisicamente.
Choro da desorganização
mental O bebê fica confuso no meio de
tantas coisas novas e, como não processa
todas as informações, chora. É um choro
de desordem, e a mãe, como interlocutora,
deve tentar tranquilizá-lo.
Choro do choro
Quando a mãe já fez
tudo para aliviar possíveis desconfortos, e
o bebê continua chorando, o jeito é ter paciência. O choro muda de tom e vira um
resmungo choramingado. É só esperar que
passa.
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