|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
inspire respire transpire
No limite
Fernando Donasci/ Folha Imagem
|
Alunas fazem aula de "camp training" na Runner da Granja Julieta |
Academias reproduzem em aulas especiais exercícios de alta intensidade, feitos em treinamentos militares
PRISCILA PASTRE ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No lugar de professor,
comandante. No lugar de aluno, soldado. No lugar da sala
de ginástica, campo militar. Na
busca de novidades para atrair
freqüentadores, academias de
São Paulo e do Rio apostam em
aulas que prometem deixar o
aluno pronto para o combate.
Cada academia adota um nome
-"boot camp", "camp training", "military circuit"-, mas
a idéia é a mesma: adaptar aos
recursos disponíveis na academia os exercícios realizados em
um treinamento militar.
Durante o chamado "military
circuit" nas unidades da Runner da avenida Paulista e da
Granja Julieta, em São Paulo,
por exemplo, o professor simpático das aulas convencionais
fecha a cara e submete os alunos a exercícios como os de rastejo ou com obstáculos.
Eles, por sua vez, obedecem
como verdadeiros soldados.
Professores e praticantes dizem que os resultados físicos
do treinamento nas academias
são próximos dos alcançados
no quartel, quando feitos regularmente. "O grau de exigência
dos alunos e a expectativa por
resultados rápidos no corpo são
altos. Tudo isso faz com que o
empenho durante o treino seja
grande", diz a advogada Ana
Lúcia de Moraes Cardim, 25,
que treina há cinco anos, mas
se arriscou pela primeira vez
nesse tipo de exercício há pouco mais de um mês.
Na rede Physical, no Rio, a
atividade é chamada de "boot
camp" -nome do treinamento
militar realizado em campos
americanos. "Percebemos que
havia uma demanda por aulas
nesse gênero, que envolvesse
disciplina e fosse mais rigorosa", conta o ex-militar Eduardo
Furtado, um dos professores da
academia responsável pelo desenvolvimento do treino. Depois de passarem pelo alongamento e pelo aquecimento, os
alunos se dividem em pequenos grupos entre as estações.
Em uma delas, os exercícios são
pular corda e passar alternadamente pelos pneus. Em outra,
eles fazem flexão e abdominal.
Numa terceira estação, usam
barras, cordas e elásticos. Trabalhando com o revezamento,
cada um passa duas vezes ou
mais por seis estações.
São perdidas, em média, 700
calorias após o circuito completo. "Para cada aula preparamos
estações diferentes, já que as
possibilidades que temos com
todo esse material é muito variada", conta. Uma aula de
"boot camp" tem cerca de 15
exercícios, que envolvem coordenação motora, exercícios de
explosão e força muscular.
Na Granja Julieta, além do
"military circuit", a Runner
tem um espaço externo para a
prática do mesmo tipo de aula,
mas que, por ser fora da sala, recebeu outro nome. Trata-se do
"camp training". Ele é utilizado
em eventos anunciados semanas antes aos alunos interessados em suar -e sujar- a camisa. Ao ar livre, com campo de
areia, cordas e painéis de escalada, a ambientação fica próxima a de um verdadeiro quartel.
Nesse local, nada de colchonetes ou tatames. Na hora do rastejo, os alunos terão mesmo é
de encarar a areia. Além disso,
entram na aula os exercícios de
escalada com cordas.
Mesmo dominado pelas mulheres, o treinamento externo
começa a atrair quem antes só
se interessava pelas esteiras e,
principalmente, pelos equipamentos da musculação: os homens. Eles ficam com os exercícios que exigem força, como
os de escalada. Elas ficam com
aqueles que exigem equilíbrio,
como os de caminhada em cima
de cordas ou de troncos. "Mas
não é uma regra. Cada um pode
fazer aquele exercício com o
qual se sinta à vontade", diz
Giovane Salvatore, coordenador dessa unidade.
Por unir atividades aeróbicas
e de força muscular, é importante que o interessado nesse
tipo de aula passe por uma avaliação física antes de se aventurar, principalmente para checar a situação cardiovascular.
Para Paulo Zogaib, fisiologista do esporte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), antes de se submeter a uma
atividade de alto impacto o
ideal é fazer um teste ergométrico, um eletrocardiograma e
um ecocardiograma. "Além disso, é importante medir glicemia, colesterol e pressão regularmente", recomenda.
Mesmo com os exames em
dia, no caso de o aluno se sentir
muito cansado, ter muitas dores ou suar demais durante o
exercício, o melhor é que ele
pare na mesma hora. O que acontece depois da aula também precisa ser avaliado.
Cólicas, distúrbios menstruais,
no sono ou no apetite podem ser
sinal de que o esforço foi exagerado. "É importante que o aluno tenha consciência de que a atividade precisa se adaptar a ele, e não
ele à atividade", alerta Zogaib.
Ele lembra ainda que os praticantes de exercícios de alta intensidade como o treinamento militar devem tomar bastante água e
repor as proteínas, a gordura e o
açúcar, que são combustíveis para
a atividade física. "O corpo queima muito açúcar em um esforço
desse tipo", diz. As fontes mais comuns de reposição, nesse caso,
são alimentos com trigo, como
pães e massas. Entre as bebidas,
os energéticos também são rica
fonte de carboidratos.
Médicos e professores não recomendam o treinamento militar
para quem tem hipertensão ou
problemas lombares, no joelho e
no coração. Nesses casos, o aluno
só pode fazer aula com recomendação médica. Crianças e grávidas
também não devem passar por esse treinamento.
Onde praticar
Runner
www.runner.com.br
Unidade Granja Julieta
av. Prof. Alceu Maynard Araújo, Chácara Santo Antônio, 71-B, tel. 0/xx/11/ 5641-1294; * Mensalidade: R$ 130
Unidade Paulista
av. Paulista, 854, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3145-1490
* Mensalidade: R$ 179
Rede Physical
www.physical.com.br
Unidade Swim
r. Andrade Neves, 466, Tijuca, tel. 0/xx/21/2258-6712
* Mensalidade: R$ 150
* valores aproximados
Texto Anterior: Camarão com cabelo de anjo ao limão Próximo Texto: Bebês: Brincando de estimular Índice
|