São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006
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No limite

Fernando Donasci/ Folha Imagem
Alunas fazem aula de "camp training" na Runner da Granja Julieta


Academias reproduzem em aulas especiais exercícios de alta intensidade, feitos em treinamentos militares

PRISCILA PASTRE ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No lugar de professor, comandante. No lugar de aluno, soldado. No lugar da sala de ginástica, campo militar. Na busca de novidades para atrair freqüentadores, academias de São Paulo e do Rio apostam em aulas que prometem deixar o aluno pronto para o combate.
Cada academia adota um nome -"boot camp", "camp training", "military circuit"-, mas a idéia é a mesma: adaptar aos recursos disponíveis na academia os exercícios realizados em um treinamento militar.
Durante o chamado "military circuit" nas unidades da Runner da avenida Paulista e da Granja Julieta, em São Paulo, por exemplo, o professor simpático das aulas convencionais fecha a cara e submete os alunos a exercícios como os de rastejo ou com obstáculos.
Eles, por sua vez, obedecem como verdadeiros soldados. Professores e praticantes dizem que os resultados físicos do treinamento nas academias são próximos dos alcançados no quartel, quando feitos regularmente. "O grau de exigência dos alunos e a expectativa por resultados rápidos no corpo são altos. Tudo isso faz com que o empenho durante o treino seja grande", diz a advogada Ana Lúcia de Moraes Cardim, 25, que treina há cinco anos, mas se arriscou pela primeira vez nesse tipo de exercício há pouco mais de um mês.
Na rede Physical, no Rio, a atividade é chamada de "boot camp" -nome do treinamento militar realizado em campos americanos. "Percebemos que havia uma demanda por aulas nesse gênero, que envolvesse disciplina e fosse mais rigorosa", conta o ex-militar Eduardo Furtado, um dos professores da academia responsável pelo desenvolvimento do treino. Depois de passarem pelo alongamento e pelo aquecimento, os alunos se dividem em pequenos grupos entre as estações. Em uma delas, os exercícios são pular corda e passar alternadamente pelos pneus. Em outra, eles fazem flexão e abdominal. Numa terceira estação, usam barras, cordas e elásticos. Trabalhando com o revezamento, cada um passa duas vezes ou mais por seis estações.
São perdidas, em média, 700 calorias após o circuito completo. "Para cada aula preparamos estações diferentes, já que as possibilidades que temos com todo esse material é muito variada", conta. Uma aula de "boot camp" tem cerca de 15 exercícios, que envolvem coordenação motora, exercícios de explosão e força muscular.
Na Granja Julieta, além do "military circuit", a Runner tem um espaço externo para a prática do mesmo tipo de aula, mas que, por ser fora da sala, recebeu outro nome. Trata-se do "camp training". Ele é utilizado em eventos anunciados semanas antes aos alunos interessados em suar -e sujar- a camisa. Ao ar livre, com campo de areia, cordas e painéis de escalada, a ambientação fica próxima a de um verdadeiro quartel.
Nesse local, nada de colchonetes ou tatames. Na hora do rastejo, os alunos terão mesmo é de encarar a areia. Além disso, entram na aula os exercícios de escalada com cordas.
Mesmo dominado pelas mulheres, o treinamento externo começa a atrair quem antes só se interessava pelas esteiras e, principalmente, pelos equipamentos da musculação: os homens. Eles ficam com os exercícios que exigem força, como os de escalada. Elas ficam com aqueles que exigem equilíbrio, como os de caminhada em cima de cordas ou de troncos. "Mas não é uma regra. Cada um pode fazer aquele exercício com o qual se sinta à vontade", diz Giovane Salvatore, coordenador dessa unidade.
Por unir atividades aeróbicas e de força muscular, é importante que o interessado nesse tipo de aula passe por uma avaliação física antes de se aventurar, principalmente para checar a situação cardiovascular.
Para Paulo Zogaib, fisiologista do esporte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), antes de se submeter a uma atividade de alto impacto o ideal é fazer um teste ergométrico, um eletrocardiograma e um ecocardiograma. "Além disso, é importante medir glicemia, colesterol e pressão regularmente", recomenda.
Mesmo com os exames em dia, no caso de o aluno se sentir muito cansado, ter muitas dores ou suar demais durante o exercício, o melhor é que ele pare na mesma hora. O que acontece depois da aula também precisa ser avaliado.
Cólicas, distúrbios menstruais, no sono ou no apetite podem ser sinal de que o esforço foi exagerado. "É importante que o aluno tenha consciência de que a atividade precisa se adaptar a ele, e não ele à atividade", alerta Zogaib.
Ele lembra ainda que os praticantes de exercícios de alta intensidade como o treinamento militar devem tomar bastante água e repor as proteínas, a gordura e o açúcar, que são combustíveis para a atividade física. "O corpo queima muito açúcar em um esforço desse tipo", diz. As fontes mais comuns de reposição, nesse caso, são alimentos com trigo, como pães e massas. Entre as bebidas, os energéticos também são rica fonte de carboidratos.
Médicos e professores não recomendam o treinamento militar para quem tem hipertensão ou problemas lombares, no joelho e no coração. Nesses casos, o aluno só pode fazer aula com recomendação médica. Crianças e grávidas também não devem passar por esse treinamento.


Onde praticar
Runner
www.runner.com.br
Unidade Granja Julieta
av. Prof. Alceu Maynard Araújo, Chácara Santo Antônio, 71-B, tel. 0/xx/11/ 5641-1294; * Mensalidade: R$ 130

Unidade Paulista
av. Paulista, 854, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3145-1490 * Mensalidade: R$ 179

Rede Physical
www.physical.com.br
Unidade Swim
r. Andrade Neves, 466, Tijuca, tel. 0/xx/21/2258-6712
* Mensalidade: R$ 150
* valores aproximados



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