São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004
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Principais problemas e respectivos tratamentos

Alopecia androgenética
Calvície de causa genética, detonada pelo aumento da produção de andrógenos (hormônios masculinos), na puberdade. Responde pela maioria esmagadora dos casos de perda de cabelo entre homens. Tratamentos: quem sofre de alopecia genética precisa se convencer de que não há tratamento temporário que leve à cura absoluta. A maioria precisará usar remédio durante toda a vida ou então se submeter a um transplante de fios. As drogas mais novas são a finasterida (lançada há seis anos) e 17-alfa-estradiol, disponível no mercado há menos de dois anos. Ambas as drogas impedem que o DHT (substância que faz o cabelo diminuir e ficar mais fino) se acumule nos folículos capilares, por isso conseguem parar o processo de miniaturização na quase totalidade dos casos e, em alguns, chegam a reverter o quadro -os folículos voltam a produzir fios saudáveis. A finasterida deve ser ingerida e exige acompanhamento rigoroso (ela é processada no fígado, um órgão muito sensível). Além disso, pode causar queda na libido. Já o 17-alfa-estradiol é de uso local, por isso não causa esses efeitos colaterais, mas sua ação e eficácia a médio e longo prazos ainda estão em estudo. Para quem quer resultados rápidos e não se incomoda com seringas, há a mesoterapia, um tratamento ainda pouco difundido no Brasil. Com uma agulha de 4 mm, o médico injeta substâncias como a finasterida e o 17-alfa-estradiol diretamente no couro cabeludo do paciente. Essas aplicações devem ser feitas quinzenalmente, pelo resto da vida. Há também produtos mais antigos, como o minoxidil -hoje usado em conjunto com as drogas mais modernas ou quando o caso não é grave- e complementos com vitaminas B6, ferro e zinco. Para quem já está com a calvície instalada, a melhor opção é o transplante, afirma o dermatologista Vítor Reis, do Hospital das Clínicas (SP). Ao contrário do que ocorria antigamente, o resultado é natural, pois não se usam mais fios sintéticos. Na mais aceita das técnicas atuais, o médico transplanta unidades foliculares da nuca para as áreas sem cabelo, que começam a produzir seus próprios fios. O resultado depende da extensão da calvície. Esse tipo de procedimento não é barato (em torno de R$ 5.000), mas é de baixo risco e a recuperação é rápida, diz o médico Álvaro Ney Bonadia.

Alopecia aerata
Falhas no cabelo que podem aparecer do dia para a noite podem ser manifestações da alopecia aerata, doença auto-imune que atinge de 2% a 5% das pessoas. Pode ser detonada por outras enfermidades, como hipo ou hipertireoidismo, ou por fatores emocionais, como estresse. Seja qual for o motivo, em algum momento o corpo começa a produzir anticorpos que atacam a produção de cabelos, tornando-os quebradiços. Em geral, a queda é local e repentina. Mas, em alguns casos, é total e até de todos os pêlos do corpo, gradativamente. É geralmente reversível. Tratamento: corticóides tópicos, cortecosteróides e, desde cinco anos atrás, imunomoduladores, que bloqueiam o processo auto-imune.

Alopecia cicatricial
Perda de cabelo causada por acidentes, cirurgias na cabeça e por algumas doenças, como lúpus eritematoso, uma enfermidade auto-imune que costuma ocorrer em pessoas com reumatismo. Quando há uma doença-base, a primeira ação é tratar dela o mais rápido possível. Quando a alopecia já está instalada, a única solução é o transplante de fios que tenham sobrado para as partes afetadas. Às vezes, o couro cabeludo é parcialmente ou completamente destruído.

Eflúvio telógeno
Queda acentuada do cabelo devido a alterações biológicas temporárias. Após o parto, por exemplo. "Durante a gravidez, há diminuição de hormônios masculinos e, por isso, cai menos cabelo. Mas, cerca de quatro meses após o parto, as taxas já voltaram ao normal", explica Valcinir Bedin. Pode, então, haver perda maior de fios ou insatisfação exagerada da mulher ao perceber que sua cabeleira recuperou o ritmo de queda anterior à gestação. Mas nem sempre o problema é decorrente de acontecimentos naturais. "Trata-se de uma queda que acontece de três a seis meses após algum evento importante, como infecção grave, dieta rigorosa e abalo emocional, entre outros", afirma Fabíola Lucca Perfeito. Um dos motivos mais recorrentes é a anemia (que ocorre por perda de ferro, substância essencial para a saúde do couro cabeludo), resultante, principalmente, de dietas de restrição alimentar rigorosas ou menstruações muito acentuadas. Por essas razões, o eflúvio telógeno é mais recorrente em mulheres. São freqüentes, além disso, os quadros infecciosos. "No ano passado, houve no Rio uma crise de dengue. Com certeza, quatro meses depois, muita gente começou a notar o cabelo cair", diz Márcio Santos Rutowitsch. Outros motivos são os desequilíbrios hormonais, como os que podem ocorrer na supra-renal e na tireóide, e síndromes como a do ovário policístico, que aumenta as taxas de andrógenos. Não existe tratamento-padrão para a doença. Algumas vezes, a cura acontece naturalmente. Segundo os médicos, é preciso fazer exame de sangue para verificar o nível hormonal e descobrir a causa-base. Se ela for diagnosticada e tratada, as chances de recuperação são de 100%.

Alopecia traumática
Cabelo também responde a agressões. Quando ele sofre muitos apertos e repuxões, pode ficar quebradiço e começar a cair. Trata-se da alopecia traumática ou por tração, muito comum em indivíduos de cabelo muito crespo, que fazem alisamento excessivo ou puxam demais o cabelo para trás, diz o dermatologista Francisco Le Voci. Procedimentos estéticos como trança e rabo-de-cavalo freqüentes, lenço na cabeça, fazer escova, massagens intensas ou pente quente também podem levar ao que Joana D'Arc Diniz chama de alopecia cosmética. Essa variante não chega a afetar a raiz, mas a haste do fio, por isso o tratamento é simples: basta usar o bom senso e não maltratar o cabelo.


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