São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006
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Bem-estar

Na ponta dos dedos

Pesquisa airma que bebês que recebem massagem dormem melhor e choram menos; além da popular shantala, outras técnicas podem ser usadas

FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

S e você tem um bebê em casa e ainda não reserva alguns minutos para massageá-lo diariamente, acaba de ganhar mais um incentivo para começar. Uma revisão feita na Universidade de Warwick, no Reino Unido, descobriu que a massagem diminui o nível dos hormônios do estresse e aumenta o de melatonina (ligada à regulação do sono) em crianças menores de seis meses de idade. O resultado: os pequenos dormem melhor, ficam mais relaxados e choram menos.
Em geral, quando se fala em massagem infantil, o primeiro nome que vem à cabeça é o da shantala, técnica indiana milenar. Mas, além dessa massagem comprovadamente benéfica, outras modalidades podem ser usadas, tanto pelos pais quanto por profissionais.
O chamado toque da borboleta, por exemplo, trabalha com movimentos mais suaves do que os da shantala, podendo ser aplicado pelos pais inclusive em recém-nascidos. Apesar de ser focado nas crianças, pode ser feito também em adultos.
Segundo Maria Aparecida Alves Giannotti, que aplica o método há 20 anos, ele melhora o vínculo entre os pais e o bebê, ajuda no sono da criança e alivia cólicas. "Trabalhos mostram que o bebê fica mais resistente a doenças. A técnica tem sido usada para acelerar a recuperação de prematuros", conta.
Giannotti dá dicas que valem para todas as massagens infantis: "Tem que escolher um lugar tranqüilo e aquecido e sentir se a criança gosta. O ideal é não fazer logo após as refeições".
Para Maria das Graças Barreto Silva, coordenadora do Grupo Terapêutico de Massagem e Estimulação de Bebês da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), uma boa hora é antes do banho. "O banho completa o relaxamento e tira o excesso de óleo", diz.
O grupo partiu da shantala para criar uma massagem voltada para o desenvolvimento psicomotor. "Adaptamos buscando fundamentação científica." Além do ensino da massagem para os pais, os efeitos da prática são estudados. "O estímulo ajuda o bebê a perceber o próprio corpo e o mundo externo. As mães ficam mais seguras, e o bebê, mais esperto. Mas o principal efeito é no vínculo afetivo entre pais e bebê", diz.
Um dos estudos mediu a importância de a massagem ser feita também pelo pai. "O homem tem um toque diferente. Para os bebês, é importante a diversidade de estímulos."
Após freqüentar as aulas na Unifesp, a professora de educação física Maria Izabel Calleja, 32, incorporou a massagem à rotina de sua filha, Manuela Calleja Dias de Toledo, de cinco meses. "É um momento especial. Coloco uma música, e ela curte muito. É uma troca de energia impressionante", diz.

Adaptações
Algumas técnicas não foram criadas para bebês, mas podem ser adaptadas a eles. É o caso da massagem thai, que pode ser aplicada a partir dos três meses de idade. A combinação de fricções e alongamentos também vale para eles, desde que feita de forma mais suave.
Apesar de a massagem thai não pedir óleo, a terapeuta corporal Marjorie Sá, especialista na técnica, diz que "óleos 100% vegetais podem ajudar a dar mais conforto para os bebês".
Sensação nos spas, a massagem com pedras quentes já é feita nos pequenos. A Oficina Brooklin, em São Paulo, oferece a opção para bebês, indicando-a sobretudo para cólicas.
O popular shiatsu também pode ser adaptado, desde que os toques fortes dêem lugar a pressões suaves. "Chamo de "minishiatsu". Pode ser feito até em recém-nascidos", garante a massagista Luiza Sato, dizendo que os toques certos ajudam a eliminar gases, por exemplo. Algumas técnicas são aplicadas com caráter terapêutico. É o caso da massagem rítmica, da medicina antroposófica, que pode ser feita por profissionais nos bebês desde que eles apresentem algum distúrbio.
O tui-na também é usado com fins terapêuticos. "Ele pode agir de forma preventiva ou potencializando o efeito do remédio", afirma a terapeuta corporal Sônia Cahen.
Baseado em princípios chineses, mas em versão didática e originária do Japão, o do-in é outro método que se propõe a aliviar vários problemas, como o desconforto gengival pelo nascimento dos dentes. "Pode ser feito pelos pais em uma intensidade compatível com a estrutura do bebê", diz o terapeuta corporal Juracy Cançado.
Em seu livro "Do-in para Crianças", ele ensina ainda uma massagem preventiva chinesa para crianças e bebês, que pode ser feita diariamente. "Todas as massagens são voltadas para que o organismo funcione melhor como um todo. Isso traz saúde", afirma.


"Do-in para Crianças"
Juracy Cançado; ed. Ground; 184 págs.

"O Toque da Borboleta"
Maria Aparecida Giannotti, ed. Loyola, 95 págs.

"Shantala"
Fréderick Leboyer; ed. Ground; 151 págs.

"Tuiná para Crianças"
Marcos Freire Jr.; Mauad; 155 págs.



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