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Bem-estar
Na ponta dos dedos
Pesquisa airma que bebês que recebem massagem dormem melhor e choram menos; além da popular shantala, outras técnicas podem ser usadas
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
S
e você tem um bebê em
casa e ainda não reserva alguns minutos para
massageá-lo diariamente, acaba de ganhar mais
um incentivo para começar.
Uma revisão feita na Universidade de Warwick, no Reino
Unido, descobriu que a massagem diminui o nível dos hormônios do estresse e aumenta
o de melatonina (ligada à regulação do sono) em crianças menores de seis meses de idade. O
resultado: os pequenos dormem melhor, ficam mais relaxados e choram menos.
Em geral, quando se fala em
massagem infantil, o primeiro
nome que vem à cabeça é o da
shantala, técnica indiana milenar. Mas, além dessa massagem
comprovadamente benéfica,
outras modalidades podem ser
usadas, tanto pelos pais quanto
por profissionais.
O chamado toque da borboleta, por exemplo, trabalha com
movimentos mais suaves do
que os da shantala, podendo ser
aplicado pelos pais inclusive
em recém-nascidos. Apesar de
ser focado nas crianças, pode
ser feito também em adultos.
Segundo Maria Aparecida Alves Giannotti, que aplica o método há 20 anos, ele melhora o
vínculo entre os pais e o bebê,
ajuda no sono da criança e alivia cólicas. "Trabalhos mostram que o bebê fica mais resistente a doenças. A técnica tem
sido usada para acelerar a recuperação de prematuros", conta.
Giannotti dá dicas que valem
para todas as massagens infantis: "Tem que escolher um lugar
tranqüilo e aquecido e sentir se
a criança gosta. O ideal é não fazer logo após as refeições".
Para Maria das Graças Barreto Silva, coordenadora do Grupo Terapêutico de Massagem e
Estimulação de Bebês da Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), uma boa hora é antes do banho. "O banho completa o relaxamento e tira o excesso de óleo", diz.
O grupo partiu da shantala
para criar uma massagem voltada para o desenvolvimento
psicomotor. "Adaptamos buscando fundamentação científica." Além do ensino da massagem para os pais, os efeitos da
prática são estudados. "O estímulo ajuda o bebê a perceber o
próprio corpo e o mundo externo. As mães ficam mais seguras, e o bebê, mais esperto. Mas
o principal efeito é no vínculo
afetivo entre pais e bebê", diz.
Um dos estudos mediu a importância de a massagem ser
feita também pelo pai. "O homem tem um toque diferente.
Para os bebês, é importante a
diversidade de estímulos."
Após freqüentar as aulas na
Unifesp, a professora de educação física Maria Izabel Calleja,
32, incorporou a massagem à
rotina de sua filha, Manuela
Calleja Dias de Toledo, de cinco
meses. "É um momento especial. Coloco uma música, e ela
curte muito. É uma troca de
energia impressionante", diz.
Adaptações
Algumas técnicas não foram
criadas para bebês, mas podem
ser adaptadas a eles. É o caso da
massagem thai, que pode ser
aplicada a partir dos três meses
de idade. A combinação de fricções e alongamentos também
vale para eles, desde que feita
de forma mais suave.
Apesar de a massagem thai
não pedir óleo, a terapeuta corporal Marjorie Sá, especialista
na técnica, diz que "óleos 100%
vegetais podem ajudar a dar
mais conforto para os bebês".
Sensação nos spas, a massagem com pedras quentes já é
feita nos pequenos. A Oficina
Brooklin, em São Paulo, oferece a opção para bebês, indicando-a sobretudo para cólicas.
O popular shiatsu também
pode ser adaptado, desde que
os toques fortes dêem lugar a
pressões suaves. "Chamo de
"minishiatsu". Pode ser feito até
em recém-nascidos", garante a
massagista Luiza Sato, dizendo
que os toques certos ajudam a
eliminar gases, por exemplo.
Algumas técnicas são aplicadas
com caráter terapêutico. É o caso da massagem rítmica, da medicina antroposófica, que pode
ser feita por profissionais nos
bebês desde que eles apresentem algum distúrbio.
O tui-na também é usado
com fins terapêuticos. "Ele pode agir de forma preventiva ou
potencializando o efeito do remédio", afirma a terapeuta corporal Sônia Cahen.
Baseado em princípios chineses, mas em versão didática e
originária do Japão, o do-in é
outro método que se propõe a
aliviar vários problemas, como
o desconforto gengival pelo
nascimento dos dentes. "Pode
ser feito pelos pais em uma intensidade compatível com a estrutura do bebê", diz o terapeuta corporal Juracy Cançado.
Em seu livro "Do-in para
Crianças", ele ensina ainda
uma massagem preventiva chinesa para crianças e bebês, que
pode ser feita diariamente.
"Todas as massagens são voltadas para que o organismo funcione melhor como um todo.
Isso traz saúde", afirma.
"Do-in para Crianças"
Juracy Cançado; ed. Ground; 184
págs.
"O Toque da Borboleta"
Maria Aparecida Giannotti, ed. Loyola, 95 págs.
"Shantala"
Fréderick Leboyer; ed. Ground; 151
págs.
"Tuiná para Crianças"
Marcos Freire Jr.; Mauad; 155 págs.
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