São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010
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Menos tensão mais tônus

Conheça a eutonia, terapia que busca equilibrar tensões do corpo por meio de consciência óssea e estímulos sensoriais

IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma dor nas costas que chegava a causar dormência no braço incomodava o ilustrador Marcelo Almeida, 33. Os ombros dele estavam sempre encolhidos.
"Para mim, aquele estado de tensão era normal", diz. Depois das aulas de eutonia, ele se policia. "Agora, quando vejo TV, me dou conta que preciso soltar o ombro."
Eutonia é a terapia que busca equilibrar tensões do corpo por meio da consciência óssea e de estímulos sensoriais. Seu princípio: a tensão deve variar, flutuar sempre (eutonia significa "tensão harmoniosa"). Para ler, você não deve empregar a mesma força exigida em uma atividade física. Se o tônus ficar sempre alto, virão dores. Se for baixo demais, você beira o estado depressivo.
Um dos fundamentos é o contato da pessoa com o corpo. Além do toque, feito pelo eutonista ou o próprio aluno, são usados materiais para intensificar as sensações.
Bolinhas massageiam os pés, almofadas sob a coluna ajudam a perceber pontos doloridos, bambus "acordam" os ossos e massinhas de modelar são úteis para que o aluno molde a imagem que tem do próprio corpo.

PESQUISA SENSORIAL
Esse foco nas informações sensoriais é o "diferencial" da eutonia em relação a RPG, pilates ou antiginástica, diz a professora da Faculdade de Medicina da USP, Isabel Sacco, que dá aula no curso de formação de eutonistas.
Nesse método, o essencial é estar atento a cada sensação produzida pelo gesto ou pelo tato. "Quem faz eutonia pesquisa seu corpo", explica a eutonista Maria Thereza Bortolo.
Outro ponto é levar esse aprendizado para o dia a dia. Aproveitar a consciência corporal para melhorar a postura à frente do computador, por exemplo.
A fotógrafa Beatriz Serranoni, 37, faz aulas há seis meses. O peso do equipamento que carrega fez com que ganhasse artrose no pescoço.
"Com a eutonia, descobri que o meu problema não é só no pescoço. Sou toda tensa."
Não há, na eutonia, exercícios que exijam grande esforço. A aula termina sem suor, mas sem sonolência. "A sensação é de estado de prontidão", diz Márcia Bozon de Campos, da Associação Brasileira de Eutonia.
Trata-se de terapia corporal, mas que influencia o humor, segundo Márcia, que além de presidir a entidade é psicóloga e psicanalista de formação. "É útil nas desordens psicossomáticas", diz.
Quem se dedica à dança tem na eutonia uma aliada. A eutonista Miriam Dascal, bailarina, dá aula para colegas interessados em aprofundar suas capacidades corporais.
Já o eutonista Daniel Matos conheceu a técnica quando pretendia ser pianista de concerto. Estudar 10 horas por dia acabou lhe rendendo dor crônica nas costas. Hoje, ensina eutonia a músicos.
Para Matos, a rigidez na educação costuma ser fonte de dores, porque muitas possibilidades corporais nem são consideradas. "Temos nossa história impressa no corpo. A eutonia dá a chance de rever condicionamentos."


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