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Menos tensão mais tônus
Conheça a eutonia, terapia que busca equilibrar tensões do corpo por meio de consciência óssea e estímulos sensoriais
IRENE RUBERTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma dor nas costas que
chegava a causar dormência
no braço incomodava o ilustrador Marcelo Almeida, 33.
Os ombros dele estavam
sempre encolhidos.
"Para mim, aquele estado
de tensão era normal", diz.
Depois das aulas de eutonia,
ele se policia. "Agora, quando vejo TV, me dou conta que
preciso soltar o ombro."
Eutonia é a terapia que
busca equilibrar tensões do
corpo por meio da consciência óssea e de estímulos sensoriais. Seu princípio: a tensão deve variar, flutuar sempre (eutonia significa "tensão harmoniosa"). Para ler,
você não deve empregar a
mesma força exigida em uma
atividade física. Se o tônus ficar sempre alto, virão dores.
Se for baixo demais, você beira o estado depressivo.
Um dos fundamentos é o
contato da pessoa com o corpo. Além do toque, feito pelo
eutonista ou o próprio aluno,
são usados materiais para intensificar as sensações.
Bolinhas massageiam os
pés, almofadas sob a coluna
ajudam a perceber pontos
doloridos, bambus "acordam" os ossos e massinhas
de modelar são úteis para
que o aluno molde a imagem
que tem do próprio corpo.
PESQUISA SENSORIAL
Esse foco nas informações
sensoriais é o "diferencial"
da eutonia em relação a RPG,
pilates ou antiginástica, diz a
professora da Faculdade de
Medicina da USP, Isabel Sacco, que dá aula no curso de
formação de eutonistas.
Nesse método, o essencial
é estar atento a cada sensação produzida pelo gesto ou
pelo tato. "Quem faz eutonia
pesquisa seu corpo", explica
a eutonista Maria Thereza
Bortolo.
Outro ponto é levar esse
aprendizado para o dia a dia.
Aproveitar a consciência corporal para melhorar a postura à frente do computador,
por exemplo.
A fotógrafa Beatriz Serranoni, 37, faz aulas há seis meses. O peso do equipamento
que carrega fez com que ganhasse artrose no pescoço.
"Com a eutonia, descobri
que o meu problema não é só
no pescoço. Sou toda tensa."
Não há, na eutonia, exercícios que exijam grande esforço. A aula termina sem
suor, mas sem sonolência.
"A sensação é de estado de
prontidão", diz Márcia Bozon de Campos, da Associação Brasileira de Eutonia.
Trata-se de terapia corporal, mas que influencia o humor, segundo Márcia, que
além de presidir a entidade é
psicóloga e psicanalista de
formação. "É útil nas desordens psicossomáticas", diz.
Quem se dedica à dança
tem na eutonia uma aliada. A
eutonista Miriam Dascal, bailarina, dá aula para colegas
interessados em aprofundar
suas capacidades corporais.
Já o eutonista Daniel Matos conheceu a técnica quando pretendia ser pianista de
concerto. Estudar 10 horas
por dia acabou lhe rendendo
dor crônica nas costas. Hoje,
ensina eutonia a músicos.
Para Matos, a rigidez na
educação costuma ser fonte
de dores, porque muitas possibilidades corporais nem
são consideradas. "Temos
nossa história impressa no
corpo. A eutonia dá a chance
de rever condicionamentos."
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