São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Apelidos e rótulos podem incomodar

"Nerd", "CDF", "cabeção", "geninho". Apelidos depreciativos como esses são rotina para muitas crianças superdotadas. Com medo da segregação e de sentir-se diferentes, não são raros os casos em que elas negam seus talentos, tirando notas baixas de propósito ou fazendo bagunça na sala de aula, por exemplo.
"Um rótulo é positivo quando ajuda a entender uma questão. É importante saber quais indivíduos se destacam para encaminhá-los a programas que os ajudem a desenvolver seus potenciais. Mas nem sempre o superdotado lida bem com essa característica. Como o prefixo "super" remete a alguém com dons raros ou extremos, muitas vezes a pessoa se sente isolada, nega seu talento ou entra em depressão", diz a psicóloga Angela Virgolim.
Considerado por muita gente um prodígio da música, o pianista Pablo Rossi, 17, não se sente confortável com o rótulo. O catarinense acumula prêmios nacionais e internacionais e gravou seu primeiro CD com apenas 11 anos. "Sei que há um destaque para o meu trabalho, já que comecei muito jovem, mas não vejo necessidade de colocar esses rótulos. Comigo eles não combinam. No Brasil, começar tão cedo na música clássica é uma raridade. Mas a realidade em outros países é outra. Quando usadas sem medida, palavras como "genial" ou "maravilhoso" acabam perdendo o valor", diz.


Texto Anterior: Talento de sobra
Próximo Texto: Entrevista: Diários de bicicleta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.