São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002
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Conheça um pouco das principais linhas

Caio Guatelli/Folha Imagem
A psicóloga Odila Weigand demonstra um dos exercícios realizados em uma sessão de bioenergética


Listar as escolas, correntes ou linhas de tratamento das desordens psíquicas ou corporais é uma tarefa quase impossível. A cada dia surgem novas propostas, novas abordagens. Mesmo em países onde a fiscalização sobre as práticas que envolvem a saúde é mais intensa, como os Estados Unidos, as correntes têm-se multiplicado com rapidez espantosa.
Mas é possível separar as linhas em cinco grupos. O primeiro deles é o formado pela escola freudiana, criada pelo austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Um de seus discípulos, o médico francês Jacques Lacan (1901-1981), a partir dos conceitos e da técnica de análise do médico, criou a psicanálise lacaniana, que trabalham com duração variável de tratamento e são mais intervencionistas.
Melanie Klein foi também seguidora de Freud e também criou uma linha própria, a kleiniana. Foi pioneira no desenvolvimento da psicanálise para criança e a introdutora dos brinquedos e jogos infantis nos processos terapêuticos.
O inglês Donald Woods Winnicott (1895-1971) foi outro teórico importante a trabalhar sobre as teses da teoria freudiana. As diferenças entre eles são conceituais e já foram mais rígidas no que tange a aspectos práticos, como o tempo de duração da sessão e a intervenção do analista durante a sessão.
Fora do campo da psicanálise, destaca-se o nome de outro seguidor de Freud, o suíço Carl Jung (1875-1961). O discípulo confrontou-se com o mestre logo no início da formulação das teorias da psicanálise -em 1913, estavam rompidos. Jung batizou sua teoria de psicologia analítica, não de psicanálise, apesar de vários aspectos em comum. Para Jung, o simbolismo cultural e os arquétipos -imagens psíquicas do inconsciente coletivo- são importantes na formação da personalidade.
As chamadas terapias humanistas ou existencialistas compõem o terceiro grupo. A gestalt-terapia é uma das técnicas mais tradicionais. Foi desenvolvida, no campo terapêutico, pelo alemão Fritz Perls (1893-1970) a partir da psicologia da gestalt. A palavra alemã significa forma, totalidade, configuração, e a gestalt-terapia leva em conta a totalidade do organismo e sua interação com o meio em que ele se encontra. As terapias humanistas, em geral, focam a responsabilidade do homem em relação a sua atitude perante a existência.
Há ainda as terapias corporais, que se utilizam, além da comunicação verbal, de exercícios físicos e respiratórios. A bioenergética é uma delas. Foi criada pelo austríaco Wilhelm Reich (1897-1957), também um discípulo de Freud, e desenvolvida por seu aluno norte-americano Alexander Lowen. Os bioenergéticos (também conhecidos por reichianos) inovaram ao tirar o paciente do divã e colocá-lo em pé.
Lowen criou o conceito de "growding", cujo sentido refere-se ao chão sob o paciente, em contato com a realidade. Foram criados diversos exercícios para promover esse sentimento do "growding" e desfazer os "nós da armadura muscular". Segundo essa linha psicoterapêutica, traumas são processos que afetam não só a mente, mas também o corpo da pessoa.
Por fim, há o grupo das terapias comportamentais, cujas técnicas têm como objetivo modificar um determinado padrão de comportamento indesejável. Têm sido empregadas no tratamento de alguns tipos de dependência, como a química, e de depressão, fobias e síndrome do pânico, porque permitem obter resultados mais rapidamente. Mas os psicoterapeutas alertam para a necessidade de continuidade do tratamento, ou melhor, de aprofundamento, pois pode ocorrer deslocamento dos sintomas. Essas técnicas se baseiam em estudos que mostram que há alteração de comportamento quando ocorre reforço positivo aos que são considerados saudáveis ou estatisticamente mais adequados.



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