São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007
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ALIMENTAÇÃO

dúvida no carrinho

Conheça cinco produtos que podem ser confundidos com requeijão, margarina, mussarela de búfala, leite, iogurte ou azeite

FLÁVIA MANTOVANI
PRISCILA PASTRE-ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles são quase idênticos visualmente, ficam em embalagens semelhantes e costumam dividir a mesma seção na prateleira do supermercado. Mas, por dentro, quanta diferença! Bebida láctea, óleo composto de soja e oliva, requeijão com amido, creme vegetal e mussarela de búfala com leite bovino são alguns dos produtos que muita gente já deve ter colocado no carrinho de compras pensando que levava para casa, respectivamente, iogurte, azeite, requeijão, margarina e mussarela 100% de búfala.
Se a única preocupação é com o preço, tudo bem: os produtos da primeira leva costumam ser mais baratos. No entanto, quando o que está em jogo é o teor nutricional, o equívoco na escolha pode significar uma alimentação prejudicada. Um exemplo: no caso das embalagens que parecem de iogurte ou de leite, mas que, na verdade, trazem uma mistura do produto com o soro de leite (um subproduto da fabricação do queijo), o que se consome é menos cálcio, menos proteínas e menor valor energético.
Entidades como o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e a Pro Teste - Associação Brasileira de Defesa do Consumidor destacam dois motivos que levam à confusão na hora da compra. O primeiro é que as embalagens desses produtos costumam ser bastante parecidas -em alguns casos, elas têm os formatos e os rótulos praticamente idênticos aos dos convencionais.
"Não é feita uma promoção diferenciada entre eles. Os rótulos até trazem os nomes corretos, mas na famosa letra miúda, e isso pode confundir o consumidor", afirma Alessandra de Macedo, coordenadora da área de testes de produtos da Pro Teste.
O segundo fator que gera confusão é a disposição dos produtos nos supermercados. É comum encontrá-los na mesma prateleira. Já em 2003, uma pesquisa feita pelo Idec nos supermercados da Grande São Paulo havia constatado que, entre os 15 estabelecimentos visitados, nove (60%) expunham as bebidas lácteas contendo iogurte misturadas aos iogurtes. Cinco (33,3%) as colocavam lado a lado. Basta uma ida atenta às compras para notar que pouca coisa mudou de lá para cá: em três supermercados visitados pela Folha, os produtos estavam muito próximos.
Segundo Lorena Gontreras, coordenadora de testes e pesquisas do Idec, o instituto continua recebendo ligações de consumidores descontentes. Ela lembra que não há nenhuma irregularidade na comercialização de bebidas lácteas. Diz também que não existe lei que impeça os fabricantes de usar embalagens parecidas às dos iogurtes ou que diga que os supermercados precisam colocar produtos diferentes em prateleiras separadas. "Nós fazemos o papel de alertar o que não está claro ao consumidor. Mas, infelizmente, resta a ele perder mais tempo em cada seção, lendo os rótulos com atenção redobrada para não comprar gato por lebre", alerta.

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