RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pouco conhecida no Brasil, a alfarroba é cultivada desde a Antigüidade na região costeira do Mediterrâneo, em locais secos e de solo pobre. De acordo com Pierre Tallet, em sua "História da Cozinha Faraônica - A Alimentação no Egito Antigo", o fruto era muito apreciado pelos egípcios, que o utilizavam também como vermífugo e digestivo.
Segundo o autor, o sabor adocicado que a fruta adquire depois de seca lembra o do cacau -não é à toa que o hieróglifo que representa essa vagem marrom também designa a palavra "açucarado".
Tal semelhança fez com que sua polpa, depois de torrada e moída, começasse a ser utilizada em substituição ao pó de cacau. "A cor é igual, o aroma lembra chocolate, mas o sabor é de alfarroba", afirma Carmine Giunti Oliveira, diretor de produção da Carobhouse, fabricante sediada em Curitiba.
Na Europa, principalmente na Espanha e em Portugal, ela é empregada em diversas receitas, mas no Brasil ainda permanece restrita a lojas e restaurantes de produtos naturais. "Hoje, o que existe de alfarroba no mercado é importado. Ainda estamos em fase de pesquisa", diz Oliveira. Por isso, o preço é alto: uma barra de 50 g chega a custar R$ 6.
A nutricionista Gizelle Bastistuci, de franquias das lojas Mundo Verde, ressalta as propriedades nutricionais da fruta. "É um alimento saudável, ao contrário do chocolate. Contém 0,7% de gordura, açúcar natural, fibras e não possui cafeína." O teor calórico, no entanto, é considerável (400 calorias por 100 g).
O nutrólogo Edson Credidio, em seu livro "Alimentos Funcionais na Nutrologia Médica" (ed. Ottoni), afirma ainda que ela contém tanta vitamina B1 quanto o morango, a mesma quantidade de niacina do feijão e mais vitamina A do que a berinjela. Possui também alto teor de vitamina B2, cálcio, magnésio e ferro.
O sonoro nome da fruta foi herdado dos árabes, que teriam levado a planta para o norte da África e para a península Ibérica. Vem de "al karrub", que significa "a vagem".