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Alimentação
Estudo da Universidade Estadual Paulista mostra que talos e cascas são muito mais ricos em nutrientes do que se imaginava
Nutritivo até a casca
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
A
estratégia é simples.
O prato é servido sem
nenhum detalhe sobre sua composição.
Só depois que todos se fartaram
e insistem para ter a receita, a
cozinheira revela os ingredientes: cascas, talos e ramas.
A brincadeira adotada nas
cozinhas experimentais do Sesi, em São Paulo, busca quebrar
o preconceito em relação a algumas partes de frutas e legumes. O trabalho acaba de ganhar mais um aliado: os primeiros dados sobre o valor nutricional desses ingredientes.
O estudo foi desenvolvido
pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), a pedido do
Sesi-SP, e mostrou que talos,
cascas e outras partes geralmente descartadas dos alimentos são muito mais ricos em nutrientes do que se imaginava.
"Quando a gente fala em vitamina C, logo pensa em laranja",
exemplifica a nutricionista Tereza Watanabe, diretora de alimentação do Sesi-SP. "Mas a
folha de couve-flor, que costuma ser dispensada, tem muito
mais." Leia-se: quatro vezes
mais. São 122,7 mg da vitamina
a cada 100 g de folha da couve-flor. Na laranja, são 32,6 mg.
Dados como esse surpreenderam Giuseppina Pace Pereira Lima, professora do departamento de bioquímica do Instituto de Biociências da Unesp.
"Esperávamos encontrar teores menores, mas encontramos
valores semelhantes na maior
parte dos resultados. "
O trabalho, que durou quase
dois anos, avaliou 20 tipos de
alimento e dez nutrientes, como os carotenóides (pigmentos
que podem ser convertidos em
vitamina A) e o potássio, que é
importante para a transmissão
do impulso neuromuscular.
A banana, por exemplo, é rica
em potássio e, por isso, freqüentemente recomendada
para evitar cãibras. O que não
se sabia é que a casca do mamão
possui a mesma quantidade
desse nutriente (0,45 mg a cada
100 g) e que a casca da banana
concentra o dobro.
Como o paladar não se deixa
impressionar por esse tipo de
dado, o desafio é aproveitar as
cascas e os talos de forma saborosa. Nas unidades do Sesi, são
oferecidos cursos gratuitos de
culinária nos quais, entre outros pratos, os alunos aprendem a fazer sorvete com casca
de manga e bolo de casca de banana -com mais fibras e menos calorias do que o bolo feito
com a polpa da fruta.
A mudança de hábito, porém,
deve começar fora da cozinha.
Para utilizar cascas e talos na
receita, é preciso aperfeiçoar a
escolha de frutas e legumes nos
mercados e feiras. Deve-se optar, por exemplo, por cenouras,
rabanetes e nabos que ainda
conservem os talos e ramas,
que ajudam a perceber se o alimento realmente é fresco.
A limpeza das cascas e folhas
é um aspecto importante, mas
não se diferencia muito do cuidado que se deve ter com as outras partes da fruta ou legume.
Cerca de 90% do agrotóxico
aplicado superficialmente na
planta podem ser retirados
com água corrente e sabão, segundo o químico Jorge José
Oliveira, do Ital (Instituto de
Tecnologia de Alimentos).
Caso o agrotóxico tenha sido
aplicado no solo, os resíduos estarão tanto na casca quanto na
polpa, explica Milza Moreira
Lana, pesquisadora de pós-colheita da Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O ideal é deixar o vegetal de molho numa solução de
água com hipoclorito de sódio.
NA INTERNET - Veja outras receitas
www.sesisp.org.br
www.casagourmet.com.br
www.planetanatural.com.br
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