São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007
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descongestionantes

É comum encontrar as pequenas e práticas embalagens em bolsas, cabeceiras ou mesas de trabalho. Imaginando que está tratando o problema, quem costuma usar descongestionante nasal pode estar contribuindo para o aparecimento de doenças no sistema respiratório, como sinusite crônica (infecção dos seios da face).
"O descongestionante é um vasoconstritor. Em contato com a parte interna do nariz, as gotas contraem as artérias e tiram o sangue do local", diz Richard Voegels, presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia. É nesse momento que surge a sensação de que a medicação "abriu" a via nasal.
Ao comprimir os vasos sangüíneos, as gotas de fato facilitam a passagem do ar, mas, assim que passa o efeito, o nariz fica cheio de sangue novamente. Às vezes, mais congestionado do que antes. "O que a pessoa faz? Vai correndo pingar o remédio de novo", alerta Voegels. Segundo ele, esse é o primeiro passo para se viciar nas gotinhas.
O uso freqüente faz com que os vasos se contraiam cada vez menos, o que leva o paciente a apostar em doses maiores nas aplicações seguintes para tentar alcançar o mesmo efeito. Uma possível conseqüência do mau uso do remédio é a rinite medicamentosa, uma inflamação que, em casos mais graves, chega a levar à perda do olfato.
A professora Ismênia Serra Machado, 27, pingou tanto descongestionante no nariz que teve a doença. "Eu usava o dia todo e criei uma necessidade psicológica. Quando chegaram a rinite e umas palpitações, procurei um otorrino, que me advertiu sobre as conseqüências do uso indevido." A utilização em excesso desse medicamento pode afetar ainda o coração. Os descongestionantes têm derivados da adrenalina em sua fórmula. Caindo na corrente sangüínea, a substância acelera a freqüência cardíaca e aumenta a pressão.
Exatamente por isso, esse tipo de medicamento não é recomendado para crianças, mulheres grávidas e hipertensos nem para quem tem glaucoma, problemas cardíacos e de próstata. Outro tipo de substância com efeitos nocivos à saúde são os conservantes, encontrados em vários medicamentos utilizados diretamente no nariz -inclusive nos descongestionantes. Estudo publicado na revista "Archives Otolaryngology Head Neck Surgery" mostrou que uma dessas substâncias (o cloreto de benzalcônio) pode causar crises de broncoespasmo e de asma e rinite medicamentosa.


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