São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007
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colírios

Ele fica esquecido por tempos no armarinho do banheiro. Um belo dia, a vítima de uma irritação qualquer resolve aplicá-lo para amenizar a vermelhidão dos olhos. A prática, descrita por Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier e diretor médico do Banco de Olhos de Campinas, é mais comum do que se imagina.
Pesquisa coordenada por ele com 2.700 pacientes revela que a automedicação na oftalmologia ultrapassa 30% dos entrevistados. Durante o verão, quando há maior exposição à luz, à água do mar e ao cloro das piscinas, esse número chega a 45%.
"Isso acontece porque muita gente pensa que se trata de uma 'agüinha' qualquer", diz. Por serem vasoconstritores, os colírios podem levar a alterações cardíacas e elevação da pressão arterial. Neto explica que o colírio chega a ter quatro princípios ativos. O mais perigoso deles é o corticóide, que, quando utilizado indiscriminadamente, colabora para o desenvolvimento de doenças como a catarata e o glaucoma.
"Geralmente, essas complicações ocorrem depois de alguns anos do uso freqüente da medicação, mas são conhecidos casos de pessoas que chegaram a estágios graves com apenas três meses de uso contínuo", alerta.
Se pingar um colírio comum com regularidade já é perigoso, usar aqueles indicados para doenças específicas é pior ainda. "Quando uma pessoa asmática passa um colírio para glaucoma, por exemplo, ela pode desenvolver uma crise de asma", diz Neto, que explica que eles também podem causar sonolência e taquicardias.
Uma atitude comum constatada durante sua pesquisa foi o compartilhamento do mesmo colírio por membros de uma família. "Se um deles tiver colocado o vidrinho em contato com um olho com conjuntivite, todos os outros correrão o risco de ser infectados", afirma.
Outro detalhe que quase não é levado em conta é a validade. Mas é preciso ter cuidado: quando termina o prazo, o remédio começa a ficar cheio de bactérias.
A dica do especialista para quem quiser "limpar" os olhos é esquecer o colírio, que dilata a pupila e prejudica a visão de perto, e lavar abundantemente os olhos com água ou usar compressas de água mineral.


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