São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2004
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A cidade do vizinho é mais violenta

Por que paulistanos tendem a achar que o Rio de Janeiro é
mais violento que São Paulo e vice-versa se ambas as capitais têm índices de violência compatíveis?
Pesquisas afirmam que, quanto mais distante a pessoa está da realidade, mais ela tende a idealizar negativamente o ambiente, como afirma o sociólogo Michel Misse, coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana, da UFRJ.
"A pessoa não vivencia aquela violência. Ela ouve por um segundo meio, seja o noticiário ou o amigo. Isso acontece no mundo todo, a pessoa tende a relativizar a notícia, acreditam que a violência está na cidade toda", diz Misse.
Para ele, o excesso de sensacionalismo contribui na elaboração negativa na psique coletiva, pois a sociedade tem acesso à informação, mas sem experimentar a realidade.
Mas essa percepção também esbarra no desconhecido e está vinculada a questões geográficas. "O ser humano se relaciona com o ambiente em que vive. Os moradores sabem identificar os pontos de risco de sua região. Quem domina seu ambiente físico leva vantagem. Muitas guerras foram decididas assim", afirma Antonio Flávio Testa, sociólogo, antropólogo e psicanalista especialista em violência urbana da UnB.
Já a psicóloga social Nancy Cardia, vice-coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP, diz que os paulistas têm mais medo do Rio que os cariocas de São Paulo.
"São tipos diferentes de violência. No Rio, ela está mais espalhada e existe a proximidade da classe média com os pontos de risco."


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