karina klinger
free-lance para a Folha

A maioria das pessoas não pensa na forma com que realiza seus gestos ou ações; sequer imagina que eles dependem do trabalho sincronizado e harmonioso de músculos, ossos e articulações. Voltar à sala de aula para repensar ou sentir maneiras certas de caminhar, sentar-se, ficar em pé e até bocejar soam à primeira vista estranho, mas isso traz resultados. No método de reeducação do movimento criado pelo professor de dança e terapias corporais Ivaldo Bertazzo, 55, ações são revistas, repensadas e incorporadas naturalmente.
Baseado em teorias que ensinam a preservar a estrutura motora humana e a respeitar o padrão motor comum a todos, em constatações que pressupõem o respeito às tipologias individuais e a percepção de que nem todos os exercícios são bons para todas as pessoas e também influenciado pela dança indiana -que trabalha a direção do corpo no espaço-, Bertazzo ensina movimentos simples para recuperar os gestos que, devido à pressa, tornaram-se automáticos e mal-feitos.
Os alunos aprendem a usar os ombros e mantê-los apoiados no tórax, para evitar o tensionamento e a má organização dos braços. Levantar-se sem manter o apoio do corpo na sola dos pés, mas no calcanhar, também está errado. "Essa pressão dos pés gera um impulso ascendente, que ajuda a aliviar a tensão da coluna vertebral, impedindo que o peso do corpo seja jogado sobre o tórax e a bacia, erro de quem passa muito tempo sentado", explica.
O primeiro passo para a reeducação corporal é aprender a enxergar novamente o volume do corpo. Foi assim que Bertazzo estimulou a consciência corporal de 60 adolescentes da periferia de São Paulo que participaram do "Samwaad", espetáculo de dança que atualmente percorre o Brasil. Para Bertazzo, "a lógica do corpo é o movimento".


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