RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

U ma das frutas mais apreciadas na região amazônica, o bacuri começa timidamente a aparecer em mercados e restaurantes das grandes capitais brasileiras. Nativo do Pará, mas disseminado por toda a região Norte, assim como em Goiás, no Maranhão, no Piauí e em Mato Grosso, o bacuri possui uma polpa carnuda, branca e agridoce, que pode ser empregada em refrescos, licores, sorvetes, geléias e pudins.
O chef francês Pascal Valero conheceu o ingrediente durante uma pesquisa que realizou com frutas da Amazônia no ano passado. Hoje à frente do restaurante Le Coq Hardy by Pascal Valero, em São Paulo, ele investe na criação de sobremesas como o bolo de bacuri e chocolate branco com "coulis" de cajá, que integra o novo cardápio da casa. "O bacuri tem um sabor muito refinado, que lembra o da baunilha", afirma Valero. "E combina muito bem com bolo de chocolate." Da mesma família do mangostão e do abricó, o bacuri possui cerca de 12 cm de diâmetro e pode chegar a pesar 900 gramas, dependendo da variedade. Alguns têm formato arredondado e outros são ovalados. A cor da casca pode variar do amarelo ao preto.
É fruto do bacurizeiro, espécie madeireira de porte elevado, com altura entre 15 e 25 metros, que frutifica no primeiro semestre do ano. Apesar do apelo do sabor, a cultura é basicamente extrativista -principalmente porque a árvore demora dez anos para produzir os primeiros frutos, o que afasta os interessados no cultivo comercial da fruta. O período de safra também é relativamente curto -vai de janeiro a maio. Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o bacuri possui 105 calorias em 100 gramas de polpa, sendo rico em potássio, fósforo e cálcio e com razoável teor de ferro. A fruta contém ainda diversas vitaminas, mas em baixa concentração.
A parte comestível é a polpa, usada na fabricação de compotas, doces em pasta e até de uma cerveja com sabor da fruta. Na culinária doméstica, sua casca pré-cozida também é usada como ingrediente.