São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2010
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

CORRIDA

RODOLFO LUCENA - rodolfo.lucena@grupofolha.com.br

O que nos faz correr melhor


A gente só fica mais forte se treinar mais e só emagrece se comer menos, mas tornar-se mais rápido é possível

POSTAR-SE em frente a uma banca de jornais e revistas é como se debruçar numa janela de onde só se veem sonhos, especialmente se seu olhar estiver voltado às publicações sobre saúde, bem-estar, esportes em geral e corrida em particular.
É um tal de dieta revolucionária, barriga tanquinho, fique seco em cinco dias, coma churrasco, lambuze-se de pudim e pavê e emagreça dez quilos em uma semana sem fazer força que dá vontade de comprar todas aquelas revistas e experimentar as receitas para virar campeão de tudo e, ainda por cima, bonito...
Para um sujeito como eu, então, mais baixo do que gostaria e mais pesado do que deveria, é um mavioso canto de sereia. Mais sedutor ainda se acrescentar fórmulas para o primeiro 10 km em 40 minutos ou para a maratona em menos de três horas.
Acontece, porém, que já corro há mais de dez anos, já vivi mais de 50 anos e aprendi que nada disso dá certo. A gente só emagrece se comer menos e melhor, só fica forte se treinar mais e melhor... Ficar bonito é em outro departamento, mas tornar-se mais rápido é possível.
Não que eu seja um bom exemplo de velocidade, mas já fiz 10 km em 47 minutos e acredito que, se treinar, possa cortar mais uns quatro minutos disso aí. Mas, para mim como para qualquer um, há que treinar e manter o treinamento pela vida afora.
Se você quer ficar mais rápido, treine velocidade. Uma vez por semana, uma vez a cada 15 dias, que seja. O melhor é fazer isso sob orientação, mas posso contar alguns treinos de que gosto.
Sempre prefiro os que combinam resistência e velocidade. Na pista, gosto da chamada pirâmide: correr 400 m, depois 600, 800, mil e 1.200 m. Em seguida, repito tudo, mas invertido: 1.200, mil, 800 ..., sempre procurando manter o mesmo ritmo e dando um trotezinho de uma volta entre um esforço e outro.
Nos treinos para maratona, a coisa muda de figura. Gosto de tiros mais longos, de 3.000 m, procurando manter um ritmo um pouco mais forte do que o esperado para a maratona. Ao longo das semanas de treinamento, vou aumentando o número de tiros, indo até sete, intercalando com um quilômetro de trote.
São treinos simples, mas eficientes. Estão longe de uma janela para sonhos, como a banca de revistas. Ao contrário, são duros, concretos. Caminhos feitos de asfalto que, ao longo de semanas, meses, anos, nos ensinam novos rumos e nos abrem as portas da percepção.


RODOLFO LUCENA , 53, é editor do caderno Tec e do blog +Corrida (maiscorrida.folha.com.br), ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (Record)


Texto Anterior: Pela extinção do panda
Próximo Texto: Acerte os ponteiros
Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.