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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003
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firme e forte

Pequenos iogues trabalham mente e corpo

Luciana Brandão/Divulgação
Samyie treina com as correias


ANTONIO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há nada demais em uma pessoa recolher-se no quarto quando está triste e praticar um pouco de ioga para melhorar o ânimo. Mas, quando essa pessoa tem apenas sete anos, como Catarina Turíbio Malavoglia, esse fato é mais incomum. Apesar da pouca idade, Catarina garante que alguns instantes de concentração, meditação e reflexão podem dar uma mãozinha quando surge aquele aperto no peito. "Eu sinto muita calma, muita mesmo." Articulada, ela diz que leva sua esteira sempre que viaja e que não se contenta em praticar ioga apenas uma vez por semana, na escola Yoga Dham, uma das que oferecem aulas para crianças. "Na última viagem que fiz, havia na casa um quintal bem verdinho, com muitas árvores, e foi bom fazer as posições lá." Essas posições da ioga, chamadas de asanas, costumam encantar as crianças. "Gosto de fazer o arco. Fico com a barriga no chão, estico a mão para trás, pego meu pé e pronto! Virei um arco", conta Francisco Altimari, 4, que também gosta de fazer a postura da cobra. "O legal é quando um monte de criança vira cobra, porque aí todos se transformam em um grupo de cobras." Além de promoverem a percepção corporal, as asanas realizadas pelo iogue funcionam como exercícios físicos. Cada uma delas age sobre partes específicas do corpo. No caso das crianças, as asanas são adaptadas. A primeira modificação é no tempo de permanência em cada postura. "Elas fazem mais asanas em menos tempo, por não terem capacidade física e motora para ficar muito tempo em uma postura estática", explica a professora Luciana Brandão, da Yoga Dham. A prática da ioga por crianças exige outros cuidados. Apesar de serem extremamente flexíveis, os alunos-mirins estão em plena fase de desenvolvimento musculoesquelético. "É preciso muita cautela para não causar danos às articulações, por exemplo", diz a iogue Marta Ricoy Leite, do Núcleo de Ioga Ganesha. Já o professor de educação física e de pós-graduação em ioga Marcos Rojo alerta para movimentos mais complexos, como os exercícios de contração abdominal que aumentam ou diminuem a pressão interna sobre os órgãos. "Os alunos que ainda não passaram pela puberdade podem ter problemas hormonais." Mantidos esses cuidados, os benefícios são evidentes. "Se tenho dor no ombro, faço ioga, e a dor some", diz Nathalie Pereira, 11, que pratica ioga há dois anos. Uma atividade que as crianças adoram é o jogo da ioga: pranchas coloridas são espalhadas pelo chão, formando uma espécie de tabuleiro. Em cada peça, a criança deve fazer uma postura. Há professores que utilizam também outros materiais de apoio, como cordas, correias, cubos, almofadas e até bichinhos de pelúcia.

Respiração
"Dá para perceber direiti- nho por onde o ar passa quando respiramos. Quem faz ioga vai verdadeiramente encontrar seu tom de respiração", diz Samyie Bogari Akl, 10, praticante de ioga há dois anos. Como ela, as crianças que realizam as respirações propostas pela ioga afirmam que o resultado é muito bom. "É difícil tapar um buraquinho do nariz e respirar só pelo outro. Também é difícil soltar o ar bem devagarinho. Mas, depois que fazemos isso, parece que o ar entra melhor no nosso peito", diz Tamires Rodrigues de Sousa, 8, em sua terceira aula.


"Dá para perceber direitinho por onde o ar passa quando respiramos. Quem faz ioga vai verdadeiramente encontrar seu tom de respiração"

Samyie Bogari Akl, 10, praticante de ioga há dois anos



Os professores propõem que os alunos criem imagens mentais para facilitar as respirações. "Imaginar que estão soprando uma bexiga ou uma vela, por exemplo, ajuda muito os alunos a se concentrarem na respiração", diz Brandão.
Pensando nos benefícios fonoaudiológicos que os exercícios de respiração proporcionam, a fonoaudióloga Ione Louzada fez pós-graduação em ioga e montou uma sala para ensinar a prática em seu consultório. "Como complemento terapêutico, a ioga é uma maravilha", diz.
A professora acredita que os exercícios de relaxamento e de concentração auxiliam na recuperação de crianças com problemas de fala, por exemplo. "Elas ficam mais tranquilas e se concentram mais na hora de falar", afirma Louzada.
Por falar em relaxamento e concentração, os pimpolhos adoram deitar, fechar os olhos e deixar a respiração fluir pelo corpo. "É legal quando a gente se veste todo de branco, deita em um tapete azul e imagina que está numa nuvem", diz Francisco. Já a mente de Samyie "vai para outro mundo". "A professora me chama, e eu não quero abrir os olhos", conta.
(COLABOROU VINICIUS CARRASCO)


ONDE

Ione Louzada: tel. 0/xx/11/4992-7756
Núcleo de Ioga Ganesha: tel. 0/xx/11/3868-2775
Yoga Dham: tels. 0/xx/11/3875-1079 e 0/xx/11/3864-7534


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