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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003
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Cientistas brasileiros estudam vacina contra melanoma, que pode ser provocado pelo sol

Vacina é arma contra câncer

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O uso de vacinas para tratar alguns tumores malignos é um dos temas de destaque do 16º Concan (Congresso brasileiro de Cancerologia)/13º Sboc (Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica), que começou ontem e termina no próximo domingo, em São Paulo. Ainda em fase de teste, essa terapia é considerada uma das estratégias promissoras na luta contra o câncer, que é segunda maior causa de morte por doenças no mundo -a primeira são os distúrbios cardiovasculares.
Diferentemente das tradicionais, as vacinas para o tratamento de câncer não são preventivas. Elas são empregadas quando a doença já está instalada. O câncer ocorre quando há células que se dividem de maneira desordenada, invadindo os tecidos vizinhos. Essas células alteradas também "enganam" o organismo, que não as combate. Segunda a oncologista Nise Hitomi Yamaguchi, do hospital Sírio Libanês (SP) e presidente do Concan, as vacinas alertam os linfócitos (células do sistema imunológico) sobre o ataque das células cancerígenas. "As vacinas interferem no sistema imunológico do paciente, aumentam a sua imunidade e podem diminuir o tamanho do tumor, impedir seu crescimento e até exterminá-lo, além de bloquear metástases. Acho que elas estarão disponíveis daqui a cinco ou dez anos", afirma.
Em São Paulo, foram realizados dois estudos com bons resultados. A vacina desenvolvida pela cirurgiã oncologista Débora Castanheira, do Hospital do Câncer, foi eficaz contra o melanoma, câncer de pele que, em estado avançado, possui poucas opções de tratamento. Entre os 39 pacientes que foram vacinados, oito (32%) apresentaram redução do tumor; em dois, o câncer desapareceu.
A pesquisa com uma vacina contra melanoma e câncer renal, que foi coordenada por José Alexandre Marzagão Barbuto, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e consultor do laboratório de patologia cirúrgica e molecular do Sírio Libanês, apresentou resultado ainda melhor. Segundo ele, "80% dos pacientes que receberam a vacina apresentaram estabilização da doença por um período de três meses a dois anos".
Além das vacinas, outras possíveis opções para o tratamento do câncer estão sendo discutidas no 16º Concan/13º Sboc. Entre elas, estão os indutores de apoptose -drogas que induzem a morte das células ao agir sobre seu DNA- e os fatores antiangiogênicos (que bloqueiam o fluxo sanguíneo para o tumor). (KARINA KLINGER)


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