|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Alternativa aos reciclados
Além da utilização de matéria-prima reciclada, algumas empresas investem no desenvolvimento de produtos alternativos para substituir processos danosos ao ambiente ou recursos escassos, como o algodão orgânico ou o
naturalmente colorido e o couro vegetal.
Iniciada pela Embrapa (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária) há cerca de seis
anos, a cultura do algodão naturalmente colorido -vermelho, verde e marrom- deixou
os laboratórios para ganhar o mercado.
A nova espécie é uma saída aos estragos causados pelo tingimento químico, cujos resíduos
do processo -muitas vezes não tratados antes
de serem liberados- são a principal "irregularidade" ambiental da indústria têxtil, segundo
Eduardo San Martin, do Departamento de
Meio Ambiente da Abit (Associação Brasileira
da Indústria Têxtil e da Confecção).
O algodão naturalmente colorido, também
indicado para quem tem alergia a tinturas, já é
a menina-dos-olhos de pequenos produtores
de Campina Grande (PB), que virou o pólo
brasileiro de plantio da espécie. O impulso
econômico do produto fez surgir lá a Coopnatural, cooperativa de produção têxtil, e uma
marca de roupas, a Natural Fashion.
Os pontos-de-venda da marca da cooperativa atraem, por enquanto, apenas os turistas,
segundo Fábia Amorim, sócia-proprietária de
uma das lojas. Um dos motivos da pouca atração ao mercado local é o preço final do produto: uma camiseta feminina sai por R$ 69,90.
O gestor ambiental Daniel Calderazzo explica que a razão dos altos preços de produtos
desse tipo ainda é a baixa escala de produção.
"Se não existe procura, a produção é pequena,
o que inviabiliza a alta competitividade, responsável pela queda dos preços", diz.
Essa é a mesma razão por que os produtos da
linha Amigos da Natureza, da Bibe, são cerca
de 20% mais caros do que os convencionais da
própria empresa. "É quase um trabalho artesanal", diz Ana Maria Mendes, estilista da coleção, que deve estar nas lojas em agosto.
O algodão orgânico também vai pelo mesmo
caminho, com uma produção nacional equivalente a apenas 1% do plantio de algodão convencional. A espécie é cultivada sem agrotóxicos, evitando assim a contaminação de água e
solo locais.
O alto custo da produção de algodão orgânico é uma desvantagem que a grife esportiva carioca Osklen considera temporária. Apesar de
não ser grande, a diferença no preço chega ao
consumidor final: uma camiseta "orgânica"
custa R$ 79, enquanto que a de algodão convencional, da mesma marca, é vendida a R$ 67.
Desde 1991, o couro vegetal Treetap, da
Amazon Life, tem sido oferecido aos consumidores como uma alternativa ideológica ao couro animal. Com aparência de tecido emborrachado, o material é feito de látex natural vulcanizado, extraído por seringueiros de reservas
extrativistas do Acre. Os produtos fabricados
são bolsas, mochilas e acessórios, cuja textura
extremamente macia tem seu preço -uma
bolsa para notebook sai por quase R$ 300.
Texto Anterior: Ecodesfiles despertam consciência ambiental Próximo Texto: S.O.S. família - Rosely Sayão: Para ser livre, é preciso livrar-se da família Índice
|