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Ingrediente
Erva-doce tem ação digestiva e calmante
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Eis um ingrediente
controverso, que desperta amor e ódio na
mesma proporção.
Com sabor inconfundível, a erva-doce -ou anis, como também é conhecida- só não consegue é passar despercebida.
Em 1870, Alexandre Dumas
anotou em seu "Grande Dicionário de Culinária" (ed. Jorge
Zahar): "Na Itália, sobretudo
em Roma, o anis é um problema para os estrangeiros, que
não conseguem escapar nem de
seu sabor nem de seu cheiro, já
que está presente tanto nos doces quanto no pão".
Conhecidas pelos gregos desde o século 4º a.C., suas sementes são usadas na culinária desde a Antigüidade, como Plínio
registrou: "Seja verde ou seca, é
desejada para todas as conservas e condimentos". Atualmente, é cultivada em todas as regiões de clima quente, especialmente no sudeste da Europa,
no norte da África e na Índia.
Embora caule e folhas sejam
igualmente aproveitados, no
Brasil apenas a semente marca
presença na cozinha, em algumas sopas, compotas, pães e
bolos (como o de fubá). "Na Europa, usa-se muito mais a planta do que aqui, onde é difícil encontrá-la fresca. Assim como o
salsão, possui sabor bem marcante, por isso não temos o costume de consumi-la", acredita
David Hertz, professor do curso de gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi.
O anetol, principal óleo essencial das sementes, empresta
sabor para diversas bebidas alcoólicas, como o pastis francês,
o ouzo grego e o arak feito no
Oriente Médio. O anis também
é empregado como condimento de pães em alguns países europeus, no nordeste da Espanha e no Oriente Médio, e da
mesma forma em bolos e doces.
Na Alemanha, é o principal
tempero do "pumpernickel",
um tipo de pão. Indianos usam
suas sementes inclusive em
pratos de frutos do mar. No
Afeganistão e na Índia, as sementes são mastigadas após as
refeições para adoçar o hálito e
ajudar a digestão.
Segundo Rosa Nepomuceno,
autora de "Viagem ao Fabuloso
Mundo das Especiarias" (ed.
José Olympio), esse arbusto de
caule e ramos finos, folhas rendadas, flores brancas e sementes estriadas e cinzas oferece
inúmeros benefícios à saúde.
"É usado para boca seca, gases e cólicas intestinais e menstruais. Ação digestiva, calmante, anti-hipertensiva, anti-séptica, diurética, aperitiva, refrescante, expectorante, vermífuga. Bom para insônia", escreve.
Na medicina popular, é empregada em chás calmantes e indicada para lactantes para aumentar o leite e ajudar a reduzir as cólicas dos bebês.
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