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Política internacional reeleições à vista

POR MAIS QUE PAREÇAM FRÁGEIS AGORA, OBAMA, SARKOZY E CHÁVEZ DEVEM VENCER SUAS DISPUTAS E CONTINUAR NO PODER

FÁBIO ZANINI
EDITOR DE “MUNDO”

Excluindo-se o imponderável (que acontece, e muito, como 2011 mostrou), 2012 deve ser dominado por três eleições.

E aqui vai uma previsão de alto risco: em todas, as eleições virarão reeleições.

Primeiro, a mais importante delas, a dos EUA. Barack Obama está em apuros. Seu índice de popularidade é de só 49%. Nenhum presidente se reelegeu desde os anos 40 com desemprego acima de 7%. O dos EUA é de 8,6%.

Mas na economia o que importa é a curva, às vezes mais do que o número absoluto, e a curva favorece Obama.

O desemprego está em queda e, se não deve recuar para os mágicos 7%, certamente cairá abaixo de 8%. A taxa de popularidade do presidente subirá na mesma proporção (já está, na verdade -em agosto, era de 43%). Política é comparação: o Partido Republicano está refém de fundamentalistas conservadores, alérgicos à arte de achar um meio-termo. Eleitores independentes estão assustados.

Junte-se a isso a imagem robusta que Obama construiu na política externa -matou Bin Laden, derrubou Gaddafi sem grande prejuízo para suas tropas e encerrou a Guerra do Iraque-, e a eleição ainda é dele para perder.

Na França, algo semelhante ocorre. O presidente Nicolas Sarkozy pena nas pesquisas, não apenas pela economia sofrível mas pela imagem arrogante que construiu.

Sarkozy, no entanto, é uma raposa, famoso por manipular os sentimentos do eleitorado. Tem o dom de caracterizar arrogância como capacidade de decisão.

Sua campanha deve ser a do medo: caracterizando o socialista François Hollande como fraco e indeciso num momento de crise.

O "erro" que foi a semana de 35 horas, produto do governo anterior socialista, já está sendo alardeado pelo presidente. Sua aposta bem sucedida de apoio à guerra na Líbia é água no moinho de uma campanha baseada num Sarkozy napoleônico.

A terceira reeleição provável é a de Hugo Chávez (se o câncer deixar, claro). Sim, a economia está em frangalhos e Caracas é mais perigo saque Gotham City. Mas aí entram a máquina chavista, a onipresença na mídia estatal, a capacidade ímpar de manipular as massas com benesses reais ou percebidas.

Autoridades eleitorais amigas devem ajudar. E a oposição pode até se unificar e lançar um candidato carismático, mas dificilmente romperá os 40% da classe média venezuelana.

É isso: Obama, Sarkozy e Chávez de novo. Espero não passar vergonha.

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