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Procon-SP fará lista de campeãs em atraso

Reclamações sobre desrespeito ao prazo de entrega crescem com o aumento de lançamentos nos últimos anos

Primeiro ranking, que será divulgado por trimestre, sai em junho; em 2011, órgão recebeu quase 12 queixas ao dia

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O Procon-SP vai divulgar uma lista das construtoras campeãs em reclamações por atraso na entrega de imóveis. A iniciativa inédita é uma resposta do órgão ao crescente número de reclamações.

Em 2011, o número de queixas contra as construtoras chegou a 4.357 (media de quase 12 por dia), com crescimento de mais de 150% em três anos, período em que também aumentou a oferta de imóveis na planta.

Entre as queixas estão o não cumprimento de prazos, não entrega do contrato, cobrança de taxas indevidas e rescisão contratual pela não entrega do imóvel.

"Vamos fazer um ranking trimestral das reclamações. O primeiro sairá em junho.", diz Paulo Arthur Góes, diretor-executivo do Procon-SP.

"As construtoras estão na lista global de queixas, mas a compra de um imóvel é algo especial. É um investimento, e os problemas de atraso se tornaram preocupantes."

TRANSTORNO

Silvia Seródio de Andrade e Waldir Ciocci Júnior são alguns dos milhares de pessoas que enfrentam ou enfrentaram problemas de atraso na entrega do imóvel.

Sílvia comprou um apartamento na planta. O empreendimento, o Interclube, localizado em Interlagos, foi projetado pela Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário. A previsão de Silvia era recebê-lo em janeiro de 2011.

"A estimativa que tenho agora é agosto deste ano. Mas, sinceramente, passo em frente ao imóvel todos os dias e nada flui." Silvia admite não ter conhecimento de obras, mas, diante das promessas não cumpridas, perdeu a confiança nas informações que recebe. Esse, aliás, é um problema crônico em momentos de atraso, diz o Procon-SP. Os comunicados não trazem informações precisas sobre o que ocorre, algo que o próprio Secovi (sindicato da habitação de São Paulo) desaprova.

"Por mais duro e difícil que seja, recomendamos às empresas que digam a verdade, que estão atrasadas e o que estão fazendo para resolver o problema", diz Emílio Kallas, vice-presidente de incorporação do Secovi.

Cliente da construtora Even, Ciocci Júnior recebeu as chaves um ano depois da data do contrato. Em janeiro de 2011, foi obrigado a entregar o apartamento que morava, mas, sem o novo, teve de ser abrigado pela sogra.

"É impossível descrever os transtornos que tive, os problemas gerados no ambiente familiar com esse atraso. Nada será capaz de reparar o desgaste que tivemos."

Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário, diz que há hoje a "epidemia" do atraso das obras. "Essa 'epidemia de atraso' decorre de mau planejamento das empresas, que visam o lucro e não o cumprimento dos contratos", diz.

Com mais de 600 ações distribuídas desde 2010, Tapai afirma que as explicações tradicionais -falta de mão de obra, problemas de fornecedores ou atraso em licenças- não se justificam mais.

OUTRO LADO

A CCDI (Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário) informou que teve problemas com a empresa subcontratada para erguer as torres do Interclube. Ela negou falta de comunicação sobre os atrasos.

A Even disse que não obteve o alvará para execução da obra em tempo, daí o atraso do Plaza Mayor Ipiranga. A empresa acusou falhas na cadeia de fornecedores e escassez de mão de obra.

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