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Quércia insinua culpa do PMDB pela derrota
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-governador paulista
(1987-1991) Orestes Quércia
(PMDB-SP), 68, cumpriu ontem seu último ato de campanha, o voto, batendo na mesma
tecla do início, há três meses: a
falta de um candidato próprio
do PMDB à Presidência da República "prejudica" o partido.
Ele culpa, indiretamente, a
estratégia da cúpula nacional
da sigla pelo próprio fracasso
eleitoral -de acordo com os
números parciais da apuração
até a conclusão desta edição,
Quércia estava em terceiro lugar na disputa para o governo
de São Paulo.
Na última entrevista coletiva, concedida logo após ter votado na companhia do filho de
uma militante do partido, Vítor, 4, numa escola do bairro
Santo Amaro, na capital paulista, Quércia mais revelava pelo
silêncio do que pelo que dizia.
Com poucos sorrisos e frases
incompletas, era a própria imagem da esperada segunda derrota ao governo (na primeira,
em 1998, perdeu para o tucano
Mário Covas).
Apoio indefinido
Indagado se o PMDB, num
eventual segundo mandato de
Luiz Inácio Lula da Silva, aceitaria ocupar ministérios (hoje
tem três), Quércia nem confirmou nem desmentiu.
"Se [o PMDB] decidir apoiar
o governo, pode ficar no governo, se decidir ser oposição, vai
ficar na oposição. Essa avaliação é muito relativa ao que vai
acontecer. Dentro de uns dias a
gente pode avaliar isso", afirmou o ex-governador.
Outro jornalista quis saber
novamente se o PMDB apoiaria
Lula após uma suposta reeleição. O candidato tergiversou e
logo mudou de assunto: "Eu
não tenho essa informação para dar. Preciso fazer uma avaliação para definir... Depois dos
resultados. Nós acreditamos
que aqui nós vamos aumentar
bastante nossa bancada federal
e bancada estadual em São Paulo. E acredito que as coisas precisam ser avaliadas depois do
resultado eleitoral".
Demonstrou alguma firmeza
apenas na condenação da eterna briga interna pelo controle
do partido - muito embora não
tenha citado nenhum nome,
optando pela crítica genérica.
"Eu espero que haja uma definição de unidade, porque o
PMDB precisa se fortalecer.
Nós temos uma história que
precisa ser respeitada, muitas
vezes nossos próprios companheiros, a maioria deles, não
respeitam essa história. Nós
queremos que o PMDB tenha
unidade e que possa definir
uma posição conjunta, na medida em que não teve candidato. Nós fizemos um empenho
muito grande para o PMDB ter
candidato. Acho que, não tendo, o partido teve prejuízo no
país inteiro. Mas espero que isso sirva de lição para poder definir unidade e uma rota melhor para o partido no futuro",
discursou Quércia.
O candidato prometeu aos
jornalistas que voltaria a falar
com a imprensa sobre os primeiros resultados da apuração
dos votos no início da noite de
ontem. Às 19h, contudo, procurado pela reportagem, ele não
foi localizado. Sua assessoria
informou que ele havia viajado
para o interior de São Paulo e
que só daria declarações hoje
pela manhã.
Com 99,9% das urnas apuradas, Quércia apareceu em terceiro lugar na disputa ao governo de São Paulo, tendo apenas
4,6% dos votos válidos. José
Serra (PSDB) venceu com
57,9% dos votos válidos, seguido pelo senador Aloizio Mercadante (PT), com 31,68%.
Derrota de Quércia à parte, o
PMDB espera não sair tão mal
das urnas. Partido com sete governadores de Estado, três ministros no governo Lula, 20 senadores e 78 deputados federais (sendo quatro em São Paulo), o partido projeta um cenário no qual amplia ou, no mínimo, mantém sua presença política nos Estados e na Câmara
dos Deputados.
O presidente da fundação
peemedebista "Ulysses Guimarães" e coordenador da campanha de Quércia, Marcelo Barbieri, disse que os estudos internos indicavam vitórias nos
governos de três Estados e
"chances reais" de êxito em outros sete.
Segundo Barbieri, o partido
passará de cem parlamentares
eleitos, o que o deixaria com a
maior bancada na Câmara, hoje
nas mãos do PT.
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