São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Quércia insinua culpa do PMDB pela derrota

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador paulista (1987-1991) Orestes Quércia (PMDB-SP), 68, cumpriu ontem seu último ato de campanha, o voto, batendo na mesma tecla do início, há três meses: a falta de um candidato próprio do PMDB à Presidência da República "prejudica" o partido.
Ele culpa, indiretamente, a estratégia da cúpula nacional da sigla pelo próprio fracasso eleitoral -de acordo com os números parciais da apuração até a conclusão desta edição, Quércia estava em terceiro lugar na disputa para o governo de São Paulo.
Na última entrevista coletiva, concedida logo após ter votado na companhia do filho de uma militante do partido, Vítor, 4, numa escola do bairro Santo Amaro, na capital paulista, Quércia mais revelava pelo silêncio do que pelo que dizia. Com poucos sorrisos e frases incompletas, era a própria imagem da esperada segunda derrota ao governo (na primeira, em 1998, perdeu para o tucano Mário Covas).

Apoio indefinido
Indagado se o PMDB, num eventual segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, aceitaria ocupar ministérios (hoje tem três), Quércia nem confirmou nem desmentiu.
"Se [o PMDB] decidir apoiar o governo, pode ficar no governo, se decidir ser oposição, vai ficar na oposição. Essa avaliação é muito relativa ao que vai acontecer. Dentro de uns dias a gente pode avaliar isso", afirmou o ex-governador.
Outro jornalista quis saber novamente se o PMDB apoiaria Lula após uma suposta reeleição. O candidato tergiversou e logo mudou de assunto: "Eu não tenho essa informação para dar. Preciso fazer uma avaliação para definir... Depois dos resultados. Nós acreditamos que aqui nós vamos aumentar bastante nossa bancada federal e bancada estadual em São Paulo. E acredito que as coisas precisam ser avaliadas depois do resultado eleitoral".
Demonstrou alguma firmeza apenas na condenação da eterna briga interna pelo controle do partido - muito embora não tenha citado nenhum nome, optando pela crítica genérica.
"Eu espero que haja uma definição de unidade, porque o PMDB precisa se fortalecer. Nós temos uma história que precisa ser respeitada, muitas vezes nossos próprios companheiros, a maioria deles, não respeitam essa história. Nós queremos que o PMDB tenha unidade e que possa definir uma posição conjunta, na medida em que não teve candidato. Nós fizemos um empenho muito grande para o PMDB ter candidato. Acho que, não tendo, o partido teve prejuízo no país inteiro. Mas espero que isso sirva de lição para poder definir unidade e uma rota melhor para o partido no futuro", discursou Quércia.
O candidato prometeu aos jornalistas que voltaria a falar com a imprensa sobre os primeiros resultados da apuração dos votos no início da noite de ontem. Às 19h, contudo, procurado pela reportagem, ele não foi localizado. Sua assessoria informou que ele havia viajado para o interior de São Paulo e que só daria declarações hoje pela manhã.
Com 99,9% das urnas apuradas, Quércia apareceu em terceiro lugar na disputa ao governo de São Paulo, tendo apenas 4,6% dos votos válidos. José Serra (PSDB) venceu com 57,9% dos votos válidos, seguido pelo senador Aloizio Mercadante (PT), com 31,68%.
Derrota de Quércia à parte, o PMDB espera não sair tão mal das urnas. Partido com sete governadores de Estado, três ministros no governo Lula, 20 senadores e 78 deputados federais (sendo quatro em São Paulo), o partido projeta um cenário no qual amplia ou, no mínimo, mantém sua presença política nos Estados e na Câmara dos Deputados.
O presidente da fundação peemedebista "Ulysses Guimarães" e coordenador da campanha de Quércia, Marcelo Barbieri, disse que os estudos internos indicavam vitórias nos governos de três Estados e "chances reais" de êxito em outros sete.
Segundo Barbieri, o partido passará de cem parlamentares eleitos, o que o deixaria com a maior bancada na Câmara, hoje nas mãos do PT.


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