São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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Eleições 2006 - Legislativo

PMDB terá a maior bancada na Câmara

Peemedebistas elegeram 89 deputados, contra 83 do PT, o segundo colocado; taxa de renovação de deputados é de 46%

Coalizão de Lula perdeu 19 vagas; oposição ganhou 15 vagas em relação à Câmara atual, mas seu desempenho em 2002 foi bem melhor

RANIER BRAGON
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A nova Câmara dos Deputados, que tomará posse em fevereiro com uma renovação de 46% em sua composição, representará um problema ao próximo governo, seja ele qual for. Isso porque os partidos de oposição ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva cresceram 9% em relação ao seu atual tamanho (15 novas cadeiras), enquanto a aliança governista encolheu 5,6% (19 vagas a menos) -notícia ruim para Lula, que nunca teve vida fácil mesmo com a atual composição da Casa.
Apesar disso, os partidos que apóiam formalmente o governo petista continuam bem maiores do que o conjunto da oposição -322 cadeiras contra 182, o que exigiria de um possível governo Geraldo Alckmin uma maratona de negociações para obter adesões até a posse.
O PMDB conquistou a maior bancada de deputados federais -a liderança numérica coube ao PT durante quase toda a atual legislatura. Os peemedebistas saem de 78 deputados para 89, um crescimento de 14%, o que lhes dá força para fazer o presidente da Câmara em 2007. O partido integra a base de apoio a Lula, mas parte da bancada se alia à oposição.
Em segundo lugar, o PT elegeu 83 deputados, menos do que os 91 eleitos em 2002, mas mais do que os 81 da atual bancada. Entre as médias e pequenas legendas, destaque para o PV, que sai de 7 para 13 deputados, e o PPS, que sobe de 15 para 21 representantes.
Os principais partidos de oposição, PSDB e PFL, terão 65 vagas cada um. O primeiro tinha 59, e o segundo, 64. Em 2002, os dois apresentaram resultados melhores (84 eleitos pelo PFL e 70 pelo PSDB).
Os grandes derrotados nestas eleições foram três legendas que se envolveram profundamente com os escândalos do mensalão e dos sanguessugas. PTB, PL e PP têm hoje 129 representantes na Câmara, mas só conseguiram eleger 87.
O PTB foi o mais afetado, tendo encolhido 49%. Sai de uma bancada de 43 deputados para uma de 22.

Renovação
A Câmara não tinha uma renovação tão alta desde as eleições de 1994, quando registrou 55% de deputados que não haviam exercido o mandato na legislatura anterior. Em 1990, a renovação superou 60%. Nas duas últimas eleições, o índice foi menor -de 41,6% em 2002 e 41,9% em 1998.
Os 46% "novos deputados" que saíram das urnas anteontem somam 236 das atuais 513 vagas. O adjetivo "novo" vem entre aspas porque 41 deles já foram deputados em legislaturas anteriores. São os casos de Paulo Maluf (PP-SP), o mais votado no país, José Genoino (SP), ex-presidente do PT, Antonio Palocci (PT-SP), ex-ministro de Lula, Alceni Guerra (PFL-PR), ex-ministro de Fernando Collor (1990-1992), e Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), cassado sob acusação de envolvimento com a máfia que fraudou o Orçamento da União.
Entre as reais "novas caras" da Câmara estão parlamentares que se apresentaram ao eleitor com nomes como "Bala", do PDT do Amapá, "Petecão", do PMN do Acre, e "Pinto do Itamaraty", do PSDB do Maranhão. Há também parentes de políticos e de pessoas famosas, como é o caso Ratinho Júnior (PPS-PR), filho do apresentador de TV Ratinho.


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