São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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LEGISLATIVO/EFEITO DOS ESCÂNDALOS

Sete mensaleiros conseguem a reeleição

Dos 19 deputados que foram investigados por causa do escândalo, 11 tentaram continuar na Câmara e só 4 não conseguiram

Absolvidos por colegas nos processos de cassação que enfrentaram, acusados dizem que eleitor percebeu que eles eram inocentes

TALITA FIGUEIREDO
EM SÃO PAULO

O eleitor foi implacável com os deputados supostamente envolvidos no escândalo da máfia dos sanguessugas, mas perdoou muitos dos investigados no caso do mensalão.
Dos 11 deputados acusados formalmente pelas CPIs dos Correios e do Mensalão que tentaram se reeleger, 7 continuam a ocupar, no ano que vem, um lugar na Câmara. Eles tiveram juntos 764.117 votos.
As CPIs acusaram 19 deputados. Três foram cassados, quatro não se candidataram e um teve a candidatura impugnada.
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, teve a maior votação de todos os investigados e também a maior de sua coligação em SP, atingindo 177.056 votos. A Folha tentou ontem ouvir o deputado, mas ele não retornou as ligações.
O deputado Vadão Gomes (PP-SP) recebeu 78.728 votos e disse que o resultado ficou acima do esperado. Ele foi investigado depois de ser apontado como beneficiário de quase R$ 4 milhões em saques feitos da empresa do publicitário Marcos Valério. Foi absolvido em maio deste ano.
"Fiquei muito feliz, porque não tive tempo de fazer campanha, em função da demora da resolução do meu caso. Esse foi meu maior desafio. Mas eu não tinha nenhum envolvimento e comprovei isso", disse.
Para o petista José Mentor (SP), além da falta de tempo para fazer campanha, já que também foi absolvido em maio, a mudança na legislação eleitoral atrapalhou. Mesmo assim, foi reeleito com 104.960 votos.
"O povo sabe que no PT não tem mensalão. No meu caso específico ficou evidente que eu recebi dinheiro por um serviço profissional prestado e comprovado por notas. Eu expliquei isso aos meus eleitores."
O goiano Sandro Mabel (PL) foi o terceiro mais votado no Estado, com 108.629 votos.
"Fui absolvido e não sou mensaleiro coisa nenhuma. Passei 153 dias sendo acusado para, em um dia, ser absolvido. Fui um dos poucos que enfrentou o processo e uma boa parcela dos eleitores admirou minha coragem", afirmou.
O deputado Pedro Henry (PP-MT), envolvido nos dois escândalos, também foi reeleito com 73.312 votos. Foi absolvido no caso do mensalão em março e é ainda investigado por supostamente ter se envolvido na máfia dos sanguessugas. "Eu não tenho porque falar sobre esse assunto. Tudo já está esclarecido", disse.
Os deputados Paulo Rocha (PT-PA) e Valdemar Costa Neto (PL-SP), que não responderam a processo porque renunciaram ao mandato, também foram reeleitos. Os dois estavam viajando pelo interior de seus Estados, segundo suas assessorias de imprensa, e não puderam ser localizados.
Também não foram localizados Josias Gomes (PT-BA), Professor Luizinho (PT-SP), João Magno (PT-MG) e Romeu Queiroz (PTB-MG), que não conseguiram a reeleição.


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