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EUA sofrem 2º vexame seguido
Após fracasso de Nova York na eleição para Jogos de 2012, Chicago é a 1ª a cair na escolha para 2016
Chefe da candidatura diz que imprevisibilidade do 1º turno derrubou cidade, que não teve sucesso nem com discurso forte de Obama
DOS ENVIADOS A COPENHAGUE
Havia o poder econômico dos
EUA no mundo olímpico. Havia a força geopolítica americana de aliados pelo planeta. E
ainda havia o presidente Barack Obama em Copenhague.
Nada disso foi suficiente para
que a cidade de Illinois ultrapassasse o primeiro turno da
eleição para a sede da Olimpíada de 2016. "O primeiro turno é
imprevisível", disse, resignado,
o chefe da candidatura de Chicago, Patrick Ryan.
A surpresa pôde ser demonstrada pela retirada rápida da
delegação americana da sala de
imprensa, após o anúncio da
eliminação. Só foram 18 votos,
quatro a menos que Tóquio, na
segunda demonstração seguida
de que os EUA, que na parte esportiva ficou atrás da China nos
Jogos de Pequim-08, não têm
mais o mesmo poder no COI.
Na eleição final para os Jogos
de 2012, a ainda mais poderosa
Nova York foi só a quarta colocada entre as cinco candidatas.
Não é sem motivo. O poderoso Usoc, o comitê olímpico
americano, trava batalha com
os europeus e o COI pela distribuição do dinheiro gerado pela
Olimpíada. E, num colégio eleitoral dominado por europeus,
isso foi decisivo. Mas Obama
também saiu chamuscado.
Todos os membros do comitê
internacional foram questionados sobre a influência do presidente. Após a derrota, foi apontada a possibilidade de sua passagem curta por Copenhague
-fez apenas sua apresentação e
foi embora- ter sido mal recebida pelos delegados olímpicos.
Curta e esquemática, a esperada participação do líder dos
EUA não surtiu grande efeito.
A passagem do americano
por Copenhague acabou lhe
rendendo críticas dentro do
país, por viajar em um momento que exige dele atenção em
casa com a política doméstica e
a externa, e fora, por ter ficado
menos de cinco horas na capital dinamarquesa.
Orador aclamado, o presidente fez um discurso contundente. Insistiu no multilateralismo e disse que quer fazer os
EUA liderarem o momento pelo qual o mundo passa.
Ainda evocou sua ligação
com Chicago. Antes de chegar
por lá, disse que não sentia pertencer "a nenhuma cidade ou
cultura até chegar a Chicago e
começar a trabalhar com comunidades locais". Sua mulher,
Michelle, foi um pouco melhor
ao despertar empatia. Usou a
doença do pai para mostrar sua
ligação com o esporte olímpico.
Na sessão de perguntas, Obama ainda teve que encarar uma
questão sobre "a experiência
assustadora" que os visitantes
estrangeiros enfrentam nos
EUA. Foi o delegado do COI
Syed Ali, paquistanês, que o interrogou sobre o tema.
Mas a apresentação de Chicago foi considerada boa, pelo
menos pelo australiano do COI
Kevan Gosper. "Não podemos
tirar os méritos do Rio e de Madri. Acho que Chicago merecia
melhor sorte", afirmou.
Cercado por um batalhão de
repórteres americanos surpresos, Patrick Ryan também teve
dificuldades para explicar a
derrota. Mas isentou Obama.
"Ele foi extremamente bem-recebido", declarou, antes de
ser levado cercado por seguranças.
(LUCIANA COELHO, RODRIGO MATTOS E SÉRGIO RANGEL)
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