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Desvalorização da moeda pode recuperar interior de São Paulo
da Equipe de Trainees
O interior paulista pode retornar
aos bons tempos do final da década de 80 e início dos anos 90.
Com a desvalorização do real, indústrias e agricultura dessa região
podem retomar sua fatia no mercado interno e externo após anos
de concorrência dos produtos estrangeiros, dizem economistas.
Segundo o professor de economia da USP de Ribeirão Preto Alberto Mathias, os exportadores serão os maiores beneficiados. Dentro desse setor, ele destaca o açúcar, o café, os calçados e a soja.
Os setores de substituição de importações, como os tecidos, também receberão vantagens de uma
moeda mais fraca, afirma Mathias.
Segundo ele, a primeiro parcela
da classe média a ser favorecida
pelo novo câmbio é a dos pequenos e médios proprietários.
Quando o dinheiro da safra começar a entrar no mercado, o restante dessa camada social também
sairá ganhando, diz Mathias. "Aumentará o movimento do comércio, mais professores serão admitidos e as pessoas retornarão aos
seus médicos particulares", completa o professor da USP.
Em Franca, o presidente da Abricalçados (Associação Brasileira
dos Produtores de Calçados), Élcio
Jacometti, prevê que em seis meses
ocorra um crescimento de 30% na
indústria de calçados da região, no
norte do Estado. Mas faz uma ressalva: se a inflação não disparar.
A cidade chegou a produzir 35
milhões de pares de calçados em
1986, no auge da sua produção. Foi
afetada, no entanto, por uma queda na sua participação no mercado
norte-americano.
Para o professor de economia da
Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo, a
situação deve se reverter, aumentando-se as exportações.
Em 1993, com a produção já em
declínio, 46% dos 31,5 milhões de
pares fabricados eram destinados
ao mercado externo. Em 1997, as
exportações caíram para 16% de
um total de 29 milhões de pares. O
objetivo é voltar a exportar.
Tecidos e álcool
Na cidade de Americana (133 km
de São Paulo), as perspectivas também são boas. Para o secretário de
desenvolvimento econômico da
prefeitura, Nelson Ginetti, os três
principais setores da economia local devem ser beneficiados.
São os tecidos, pneus e confecções, que devem recuperar sua
participação no mercado nacional,
afetada pelos importados. Para ele,
o crescimento nesses setores reativará toda a economia local.
A indústria têxtil da cidade teve
uma redução de 9.180 postos de
trabalho entre 1990 e julho de 1997.
Para Mário Zocca, presidente da
Sinditec (sindicato dos fabricantes
de tecidos de Americana), a tendência agora é melhorar.
Ele afirma que a produção crescerá a curto prazo, pois a capacidade produtiva estava ociosa e não há
muitos estoques.
Para Vicente Golfeto, responsável pelo departamento de economia da ACI (Associação Comercial
e Industrial) de Ribeirão Preto (319
km de São Paulo), a indústria sucroalcooleira pode ganhar com o
aumento no preço da gasolina.
Isso, segundo ele, poderia estimular a produção de álcool combustível, o que resultaria num incentivo para a sua produção. A
consequência seria a abertura de
postos de trabalho na região de Ribeirão Preto.(GUSTAVO CHACRA)
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