São Paulo, Quinta-feira, 04 de Fevereiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Desvalorização da moeda pode recuperar interior de São Paulo

da Equipe de Trainees

O interior paulista pode retornar aos bons tempos do final da década de 80 e início dos anos 90.
Com a desvalorização do real, indústrias e agricultura dessa região podem retomar sua fatia no mercado interno e externo após anos de concorrência dos produtos estrangeiros, dizem economistas.
Segundo o professor de economia da USP de Ribeirão Preto Alberto Mathias, os exportadores serão os maiores beneficiados. Dentro desse setor, ele destaca o açúcar, o café, os calçados e a soja.
Os setores de substituição de importações, como os tecidos, também receberão vantagens de uma moeda mais fraca, afirma Mathias.
Segundo ele, a primeiro parcela da classe média a ser favorecida pelo novo câmbio é a dos pequenos e médios proprietários.
Quando o dinheiro da safra começar a entrar no mercado, o restante dessa camada social também sairá ganhando, diz Mathias. "Aumentará o movimento do comércio, mais professores serão admitidos e as pessoas retornarão aos seus médicos particulares", completa o professor da USP.
Em Franca, o presidente da Abricalçados (Associação Brasileira dos Produtores de Calçados), Élcio Jacometti, prevê que em seis meses ocorra um crescimento de 30% na indústria de calçados da região, no norte do Estado. Mas faz uma ressalva: se a inflação não disparar.
A cidade chegou a produzir 35 milhões de pares de calçados em 1986, no auge da sua produção. Foi afetada, no entanto, por uma queda na sua participação no mercado norte-americano.
Para o professor de economia da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo, a situação deve se reverter, aumentando-se as exportações.
Em 1993, com a produção já em declínio, 46% dos 31,5 milhões de pares fabricados eram destinados ao mercado externo. Em 1997, as exportações caíram para 16% de um total de 29 milhões de pares. O objetivo é voltar a exportar.

Tecidos e álcool
Na cidade de Americana (133 km de São Paulo), as perspectivas também são boas. Para o secretário de desenvolvimento econômico da prefeitura, Nelson Ginetti, os três principais setores da economia local devem ser beneficiados.
São os tecidos, pneus e confecções, que devem recuperar sua participação no mercado nacional, afetada pelos importados. Para ele, o crescimento nesses setores reativará toda a economia local.
A indústria têxtil da cidade teve uma redução de 9.180 postos de trabalho entre 1990 e julho de 1997. Para Mário Zocca, presidente da Sinditec (sindicato dos fabricantes de tecidos de Americana), a tendência agora é melhorar.
Ele afirma que a produção crescerá a curto prazo, pois a capacidade produtiva estava ociosa e não há muitos estoques.
Para Vicente Golfeto, responsável pelo departamento de economia da ACI (Associação Comercial e Industrial) de Ribeirão Preto (319 km de São Paulo), a indústria sucroalcooleira pode ganhar com o aumento no preço da gasolina.
Isso, segundo ele, poderia estimular a produção de álcool combustível, o que resultaria num incentivo para a sua produção. A consequência seria a abertura de postos de trabalho na região de Ribeirão Preto.(GUSTAVO CHACRA)


Texto Anterior: Economia: Para onde vai nosso dinheiro?
Próximo Texto: Entenda por que os juros não diminuem
Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.