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Chip em brinco armazena o "currículo" dos animais, do nascimento ao abate
Sistema informatizado garante maior controle da cadeia produtiva da carne
DO ENVIADO A PONTES GESTAL (SP)
Um bezerro desgarrado do rebanho surge entre a reserva ambiental e a imensidão do pasto no
coração da fazenda Guariroba,
colada à pequenina cidade de
Pontes Gestal (SP). Pelo número
que traz em um brinco pendurado na orelha esquerda, é possível
levantar no computador, através
do código de barras, todo o seu
histórico: idade, raça, origem, lote
e vacinações.
Esse conjunto de informações
acompanha 30 mil bezerros da
CFM Agro-Pecuária, espalhados
por dez fazendas, desde o nascimento até o sétimo mês, quando
o animal é vendido para a engorda, e segue até o abate, com 24
meses. Caso esse procedimento
não seja quebrado, os animais terão o certificado de procedência,
como prevê o programa de rastreabilidade, exigência da União
Européia para a carne brasileira
exportada a partir de julho.
O objetivo é monitorar a carne
em toda sua cadeia produtiva,
desde a fazenda até a mesa do
consumidor. O governo fixou
2007 como prazo para que todo o
rebanho nacional -estimado este ano em 166,8 milhões de cabeças- esteja rastreado.
O "currículo" dos animais da
CFM são enviados para o banco
de dados do Sirb (Sistema Integrado de Rastreabilidade Bovina),
do grupo Planejar. Hoje, 435 propriedades, com 182 mil animais,
adotam esse modelo.
O pecuarista paga R$ 75 de inscrição, R$ 60 de anuidade e R$ 1
pela rastreabilidade, além dos R$
3 por cada brinco.
O zootecnista Fábio Guerra
Martins Nunes Dias, 37, coordenador de pecuária da CFM, conta
que o preço por cabeça é menor
que 1% do custo do animal, mas
nem por isso tem vendido os bezerros por preços melhores. "Os
pecuaristas ainda não perceberam suas vantagens, como a segurança sanitária, o controle maior
de fraudes e procedimentos ilícitos, além do acesso ao mercado
internacional." Para ilustrar isso,
o zootecnista exemplifica: "Em
breve, se for encontrado algum
hormônio proibido em uma determinada carne, com o programa de rastreabilidade será possível detectar a origem".
Até o final do ano, a CFM deve
trocar o sistema de brinco pelo
chip de computador, usado na
orelha, no rúmen (órgão do sistema digestivo do boi) ou no umbigo. Os dados são captados por
uma antena fixa ou portátil, que
repassa para uma caixa armazenadora ou para o computador. De
lá, as informações seguem para o
banco de dados, que permite conhecer toda a história do animal,
desde seu nascimento até o abate.
Uma das empresas que trabalham com esse tipo de equipamento, a Texas, por exemplo, oferece o kit completo: chip, R$ 8 a
unidade, um ponto de leitura (R$
5.000) e um leitor portátil, orçado
entre R$ 1.000 e R$ 5.000.
Apesar de a rastreabilidade ter
sido autorizada em janeiro deste
ano, o Ministério da Agricultura
ainda não estabeleceu os agentes
certificadores do sistema.
(ROBERTO DE OLIVEIRA)
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