São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES 2004 / SALVADOR

Por 3.000 votos, Borges (PFL) enfrentará João Henrique (PDT)

Presidente Lula e senador ACM sofrem derrota política


Candidato petista fica fora do segundo turno

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Com uma diferença de cerca de 3.000 votos, o senador César Borges (PFL), 55, derrotou o deputado federal Nelson Pellegrino (PT), 43, e vai disputar o segundo turno para a Prefeitura de Salvador com o deputado estadual João Henrique Carneiro (PDT), 45.
Pela terceira vez consecutiva, Pellegrino não consegue chegar à prefeitura. O resultado confirmado pelo Tribunal Regional Eleitoral representa derrota política do presidente Lula e do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL).
Apesar do apoio da cúpula petista, Pellegrino não conseguiu chegar ao segundo turno _na semana passada, o ministro José Dirceu (Casa Civil) e o presidente da executiva regional do PT, José Genoino, estiveram em Salvador pedindo votos para Pellegrino.
Já ACM, depois de oito anos, não conseguiu eleger no primeiro turno o prefeito de Salvador, ape­ sar de toda a máquina administrativa terem trabalhado a favor de Borges. Nas duas últimas eleições, Antonio Imbassahy, apoiado pelo ex-presidente do Congresso, derrotou os seus adversários no primeiro turno.
'Soberanamente, os eleitores de Salvador demonstraram que estão fechados com a oposição para derrotar o grupo político que comanda a cidade há oito anos', disse João Henrique Carneiro, momentos depois de votar em uma escola localizada no centro da capital.
Fortemente gripado, o senador ACM disse que sai fortalecido com o resultado das eleições.
'Vou manter o controle político em quase 90% das cidades do Estado, inclusive ganhando em grandes municípios, que eram administrados pela oposição.' De acordo com o TRE, o grupo político comandado por ACM ganhou em pelo menos 3 das 10 maiores cidades do Estado _Feira de Santana, que já era comandada pelo PFL, Itabuna e Juazeiro (que eram administradas pelo PT). Nas outras sete, a apuração não tinha sido encerrada.
O ministro Jaques Wagner (Desenvolvimento Econômico e Social) disse que a polarização entre o PT e o PFL serviu para separar a política local da nacional _onde o governo petista já acenou com uma aproximação com ACM.
'Na Bahia, nunca houve compromisso nem negociação do PT com o grupo do senador ACM.
Aqui, ele é o nosso grande adversário, tanto que a gente fez alianças em várias cidades com o PSDB e o PDT, partidos que, em Brasília, fazem oposição ao PT.' Filho do ex-governador João Durval Carneiro (que já foi aliado do senador ACM), João Henrique Carneiro sempre utilizou o marketing para atingir os eleitores. Nos últimos oito anos, o gabinete do deputado na Assembléia Legislativa passou a funcionar como uma extensão do Procon.
O deputado ingressou na Justiça com ações contra taxas e impostos, aumentos das mensalidades dos planos de saúde, cobranças de pedágio e até mesmo contra a implantação do horário de verão. Após conseguir uma liminar, João Henrique ocupava todo o horário destinado pela Justiça Eleitoral ao PDT. 'É uma demagogia que, muitas vezes, não resulta em nada, mas cai no gosto da classe média', disse ACM.
Ex-prefeita de Salvador, a deputada estadual Lídice da Mata (PSB) disse que a oposição poderia ter vencido a eleição no primeiro turno, 'se houvesse um pouco mais de entendimento político entre os candidatos. Lídice apoiará Carneiro.


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