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ELEIÇÕES 2004 / SALVADOR
Por 3.000 votos, Borges (PFL) enfrentará João Henrique (PDT)
Presidente Lula e senador ACM sofrem derrota
política
Candidato petista fica fora do segundo turno
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Com uma diferença de cerca de
3.000 votos, o senador César Borges (PFL), 55, derrotou o deputado federal Nelson Pellegrino (PT), 43, e vai disputar o segundo turno
para a Prefeitura de Salvador com
o deputado estadual João Henrique Carneiro (PDT), 45.
Pela terceira vez consecutiva,
Pellegrino não consegue chegar à
prefeitura. O resultado confirmado pelo Tribunal Regional Eleitoral representa derrota política do
presidente Lula e do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL).
Apesar do apoio da cúpula petista, Pellegrino não conseguiu
chegar ao segundo turno _na semana passada, o ministro José
Dirceu (Casa Civil) e o presidente
da executiva regional do PT, José
Genoino, estiveram em Salvador
pedindo votos para Pellegrino.
Já ACM, depois de oito anos,
não conseguiu eleger no primeiro
turno o prefeito de Salvador, ape
sar de toda a máquina administrativa terem trabalhado a favor
de Borges. Nas duas últimas eleições, Antonio Imbassahy, apoiado pelo ex-presidente do Congresso, derrotou os seus adversários no primeiro turno.
'Soberanamente, os eleitores de Salvador
demonstraram que estão fechados com a oposição para derrotar
o grupo político que comanda a
cidade há oito anos', disse João
Henrique Carneiro, momentos
depois de votar em uma escola localizada no centro da capital.
Fortemente gripado, o senador
ACM disse que sai fortalecido
com o resultado das eleições.
'Vou manter o controle político
em quase 90% das cidades do Estado, inclusive ganhando em
grandes municípios, que eram
administrados pela oposição.' De
acordo com o TRE, o grupo político comandado por ACM ganhou
em pelo menos 3 das 10 maiores
cidades do Estado _Feira de Santana, que já era comandada pelo
PFL, Itabuna e Juazeiro (que eram
administradas pelo PT). Nas outras sete, a apuração não tinha sido encerrada.
O ministro Jaques Wagner (Desenvolvimento Econômico e Social) disse que a polarização entre
o PT e o PFL serviu para separar a
política local da nacional _onde
o governo petista já acenou com
uma aproximação com ACM.
'Na Bahia, nunca houve compromisso nem negociação do PT
com o grupo do senador ACM.
Aqui, ele é o nosso grande adversário, tanto que a gente fez alianças em várias cidades com o PSDB
e o PDT, partidos que, em Brasília, fazem oposição ao PT.'
Filho do ex-governador João
Durval Carneiro (que já foi aliado
do senador ACM), João Henrique
Carneiro sempre utilizou o marketing para atingir os eleitores.
Nos últimos oito anos, o gabinete
do deputado na Assembléia Legislativa passou a funcionar como
uma extensão do Procon.
O deputado ingressou na Justiça
com ações contra taxas e impostos, aumentos das mensalidades
dos planos de saúde, cobranças de
pedágio e até mesmo contra a implantação do horário de verão.
Após conseguir uma liminar,
João Henrique ocupava todo o
horário destinado pela Justiça
Eleitoral ao PDT. 'É uma demagogia que, muitas vezes, não resulta em nada, mas cai no gosto
da classe média', disse ACM.
Ex-prefeita de Salvador, a deputada estadual Lídice da Mata
(PSB) disse que a oposição poderia ter vencido a eleição no primeiro turno, 'se houvesse um
pouco mais de entendimento político entre os candidatos. Lídice
apoiará Carneiro.
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