São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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DEPOIS DO CAFÉ E DA INDÚSTRIA, CENTRO CULTURAL


Terceiro andar da Pinacoteca do Estado



REVITALIZAÇÃO traz para a região a maior concentração de museus, teatros e casas de concerto de São Paulo


GIANPIERO GASPARINI E
SIMONE IWASSO
DA EQUIPE DE TRAINEES

Alguma coisa acontece no coração de São Paulo. A restauração de patrimônios históricos, como o Teatro Municipal e a Biblioteca Mário de Andrade, junto com iniciativas de empresas, como o Centro Cultural Banco do Brasil, estão transformando o centro no cinturão cultural de São Paulo.
O movimento de revitalização iniciado na década de 90 está modificando a região a partir dos seus espaços culturais. Já são pelo menos 24 teatros, 14 museus, 6 cinemas, 12 centros culturais e 22 instituições de ensino.

"Da dura poesia concreta das tuas esquinas"
Um dos novos pólos de cultura está na região da Luz. A reforma da Pinacoteca, que antes recebia 2.000 visitantes por ano e em 2001 recebeu 1 milhão, faz parte de um eixo cultural que interligará a Sala São Paulo, o Centro de Estudos Musicais Tom Jobim -que espera ter 4.000 alunos em 2003-, o parque da Luz e o centro cultural Estação Luz da Nossa Língua, dedicado à língua portuguesa.
A estação de trens continuará funcionando, no subsolo, integrada ao metrô, com fluxo diário estimado em 400 mil pessoas.

"A tua mais completa tradução"
A prefeitura intensificou a programação do Teatro Municipal e criou o Colégio de São Paulo, na Biblioteca Mário de Andrade, com aulas gratuitas e abertas à população. A biblioteca ganhará três andares subterrâneos, com auditórios, café, restaurante, livraria e espaço para exposições.
Em 2003, a prefeitura vai se mudar para o edifício Matarazzo -conhecido como Banespinha- , no viaduto do Chá. O prédio do antigo cinema Olido será sede da Secretaria Municipal de Cultura, dos corpos fixos do Teatro Municipal -cerca de 3.500 pessoas entre funcionários, músicos, bailarinos e estudantes- e de um centro cultural com cybercafé, livraria e sala para concertos.

"Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços"
Há ainda um plano que envolve Ministério do Esporte e Turismo, Estado, prefeitura, BID, BNDES e empresas do ramo cultural. É o projeto Broadway paulistana, que pretende transformar cinemas antigos -Art-Palácio, Ouro, Paissandu, Dom José e Marrocos, nos arredores do largo Paissandu- em teatros para musicais.
Além da reurbanização do próprio largo, prevêem-se a restauração da igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e um estacionamento subterrâneo, transformando a região em um centro de lazer, cultura e turismo, que interligará o Teatro Municipal, o Extra Mappin, o Shopping Light, as Grandes Galerias e o futuro centro cultural no prédio dos Correios, que já está em reforma.
O Sesc prepara duas novas sedes no centro para 2004. No antigo prédio da Mesbla, na rua 24 de Maio, haverá programação esportiva e cultural para cerca de 4.500 pessoas. Outra unidade, na rua Dino Bueno, no Bom Retiro, receberá 1.800 pessoas por dia.

"Da força da grana que ergue e destrói coisas belas"
Tantos espaços culturais concentrados na região confirmam a vocação do centro, que, desde a inauguração da Faculdade de Direito, no largo São Francisco, em 1828, passou a ser pólo de estudantes e intelectuais.
Numa época em que não havia televisão, compunham o eixo cultural da cidade o Teatro Municipal, a Cinelândia paulista -cinemas com até 3.000 poltronas nas avenidas São João e Rio Branco- e as inúmeras casas noturnas com música ao vivo.
Nos anos 60, Vinícius de Moraes e Baden Powell tomavam o trem mensalmente para se apresentar no "túmulo do samba".
A partir de então, a elite paulistana se mudou para o sudoeste da cidade, o centro sofreu um processo de popularização e perdeu os investimentos necessários à sua manutenção.

"Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso"
Os projetos do poder público e da sociedade para transformar a região aproveitam o patrimônio histórico e a infra-estrutura já presentes. Se o cronograma for cumprido e os novos pólos forem realmente interligados, o centro da cidade voltará, em 2004, a exercer a vocação que tinha até os anos 60: atrair público de todos os interesses e regiões.
Então, os novos paulistanos poderão curtir o centro numa boa.


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