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DEPOIS DO CAFÉ E DA INDÚSTRIA, CENTRO CULTURAL
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Terceiro andar da Pinacoteca do Estado |
REVITALIZAÇÃO traz para a região a maior concentração
de museus, teatros e casas
de concerto de São Paulo
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GIANPIERO GASPARINI E
SIMONE IWASSO
DA EQUIPE DE TRAINEES
Alguma coisa acontece no coração de São Paulo. A restauração
de patrimônios históricos, como
o Teatro Municipal e a Biblioteca
Mário de Andrade, junto com iniciativas de empresas, como o
Centro Cultural Banco do Brasil,
estão transformando o centro no
cinturão cultural de São Paulo.
O movimento de revitalização
iniciado na década de 90 está modificando a região a partir dos
seus espaços culturais. Já são pelo
menos 24 teatros, 14 museus, 6 cinemas, 12 centros culturais e 22
instituições de ensino.
"Da dura poesia concreta
das tuas esquinas"
Um dos novos pólos de cultura
está na região da Luz. A reforma
da Pinacoteca, que antes recebia
2.000 visitantes por ano e em 2001
recebeu 1 milhão, faz parte de um
eixo cultural que interligará a Sala
São Paulo, o Centro de Estudos
Musicais Tom Jobim -que espera ter 4.000 alunos em 2003-, o
parque da Luz e o centro cultural
Estação Luz da Nossa Língua, dedicado à língua portuguesa.
A estação de trens continuará
funcionando, no subsolo, integrada ao metrô, com fluxo diário estimado em 400 mil pessoas.
"A tua mais completa
tradução"
A prefeitura intensificou a programação do Teatro Municipal e
criou o Colégio de São Paulo, na
Biblioteca Mário de Andrade,
com aulas gratuitas e abertas à população. A biblioteca ganhará três
andares subterrâneos, com auditórios, café, restaurante, livraria e
espaço para exposições.
Em 2003, a prefeitura vai se mudar para o edifício Matarazzo
-conhecido como Banespinha- , no viaduto do Chá. O prédio do antigo cinema Olido será
sede da Secretaria Municipal de
Cultura, dos corpos fixos do Teatro Municipal -cerca de 3.500
pessoas entre funcionários, músicos, bailarinos e estudantes- e
de um centro cultural com cybercafé, livraria e sala para concertos.
"Eu vejo surgir teus poetas
de campos, espaços"
Há ainda um plano que envolve
Ministério do Esporte e Turismo,
Estado, prefeitura, BID, BNDES e
empresas do ramo cultural. É o
projeto Broadway paulistana, que
pretende transformar cinemas
antigos -Art-Palácio, Ouro,
Paissandu, Dom José e Marrocos,
nos arredores do largo Paissandu- em teatros para musicais.
Além da reurbanização do próprio largo, prevêem-se a restauração da igreja Nossa Senhora do
Rosário dos Homens Pretos e um
estacionamento subterrâneo,
transformando a região em um
centro de lazer, cultura e turismo,
que interligará o Teatro Municipal, o Extra Mappin, o Shopping
Light, as Grandes Galerias e o futuro centro cultural no prédio dos
Correios, que já está em reforma.
O Sesc prepara duas novas sedes no centro para 2004. No antigo prédio da Mesbla, na rua 24 de
Maio, haverá programação esportiva e cultural para cerca de 4.500
pessoas. Outra unidade, na rua
Dino Bueno, no Bom Retiro, receberá 1.800 pessoas por dia.
"Da força da grana que
ergue e destrói coisas belas"
Tantos espaços culturais concentrados na região confirmam a
vocação do centro, que, desde a
inauguração da Faculdade de Direito, no largo São Francisco, em
1828, passou a ser pólo de estudantes e intelectuais.
Numa época em que não havia
televisão, compunham o eixo cultural da cidade o Teatro Municipal, a Cinelândia paulista -cinemas com até 3.000 poltronas nas
avenidas São João e Rio Branco-
e as inúmeras casas noturnas com
música ao vivo.
Nos anos 60, Vinícius de Moraes e Baden Powell tomavam o
trem mensalmente para se apresentar no "túmulo do samba".
A partir de então, a elite paulistana se mudou para o sudoeste da
cidade, o centro sofreu um processo de popularização e perdeu
os investimentos necessários à
sua manutenção.
"Porque és o avesso do
avesso do avesso do avesso"
Os projetos do poder público e
da sociedade para transformar a
região aproveitam o patrimônio
histórico e a infra-estrutura já
presentes. Se o cronograma for
cumprido e os novos pólos forem
realmente interligados, o centro
da cidade voltará, em 2004, a exercer a vocação que tinha até os
anos 60: atrair público de todos os
interesses e regiões.
Então, os novos paulistanos poderão curtir o centro numa boa.
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