São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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ONG E TEATROS MUDAM PAISAGEM URBANA

DA EQUIPE DE TRAINEES

Quem atravessar o jardim de concreto da praça Roosevelt e andar pelas ruas do entorno encontrará uma movimentação bem diversa da que existia na região até um ano atrás. A ação de quatro teatros, junto com moradores e o poder público, transformou um espaço violento e degradado em um novo pólo cultural da cidade.
Desde que se instalaram ao lado da praça Roosevelt, o Studio 184, o Cine Recriarte Bijou, o Teatro X e o Espaço dos Satyros começaram a organizar atividades abertas à população.
"Em um dos nossos eventos, uma aula de expressão corporal, viam-se na platéia atores, estudantes, moradores, pessoas que saíam do supermercado e garis", afirma Dulce Muniz, atriz e diretora do Studio 184.
Por combinar a ação dos moradores e do poder público, o processo de revitalização da praça é considerado um bom exemplo da influência que a cultura pode exercer em uma região.
Para a arquiteta e urbanista Regina Meyer, da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), as atividades culturais precisam se integrar ao local em que estão instaladas, favorecendo a abertura de bares, lojas e restaurantes.
Desse modo, a cultura pode ajudar na revitalização, pois aumenta a circulação de pessoas e o desenvolvimento do comércio. "É preciso que as praças e ruas fiquem movimentadas, para as pessoas se encontrarem no espaço público", diz Meyer.

Mudança de perfil
"Abrimos o teatro em 97 por apostar na região, que já tinha sido um pólo cultural importante. Mas, como ainda estava bem degradada, o público tinha medo de vir aos espetáculos", afirma Muniz. Mesmo assim, o teatro persistiu e, com o tempo, novos grupos foram ocupando antigos prédios abandonados na mesma rua.
Para Nair Fiorot, presidente da ONG Ação Local Praça Roosevelt, os teatros foram essenciais para as melhorias que estão ocorrendo na área. "Eles trouxeram uma nova energia para a praça. A arte ajudou a mudar o perfil do lugar", afirma Fiorot.
Outro efeito da instalação de atividades culturais foi a melhoria do entorno, como iluminação, limpeza e segurança. "Quando reabrimos o Bijou, há três anos, a luz mais forte da área era a do teatro. Hoje, a limpeza e a iluminação da praça são bem melhores", diz Fausto Silvester, gerente do Recriarte Bijou.
O aumento da circulação de pessoas e a mudança no perfil dos frequentadores também ajudou o comércio local. Há 34 anos cuidando de uma barbearia, Renato Orbetelli diz que a região mudou muito nos últimos dois anos. "Depois dos teatros e das reformas na praça, o movimento aumentou cerca de 50%", diz Orbetelli.

Críticas
Embora a cultura colabore com a melhoria da qualidade de vida, a revitalização urbana necessita de um conjunto de outras ações. Os investimentos culturais precisam vir acompanhados de projetos de habitação e educação, por exemplo, diz a arquiteta Vera Pallamin, da FAU.
"Os investimentos na revitalização não podem priorizar apenas o lado arquitetônico e físico da cidade. Eles não podem excluir as populações locais e devem vir acompanhados de ações sociais", afirma a arquiteta. (GG e SI)


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