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ONG E TEATROS MUDAM PAISAGEM URBANA
DA EQUIPE DE TRAINEES
Quem atravessar o jardim de
concreto da praça Roosevelt e andar pelas ruas do entorno encontrará uma movimentação bem diversa da que existia na região até
um ano atrás. A ação de quatro
teatros, junto com moradores e o
poder público, transformou um
espaço violento e degradado em
um novo pólo cultural da cidade.
Desde que se instalaram ao lado
da praça Roosevelt, o Studio 184,
o Cine Recriarte Bijou, o Teatro X
e o Espaço dos Satyros começaram a organizar atividades abertas à população.
"Em um dos nossos eventos,
uma aula de expressão corporal,
viam-se na platéia atores, estudantes, moradores, pessoas que
saíam do supermercado e garis",
afirma Dulce Muniz, atriz e diretora do Studio 184.
Por combinar a ação dos moradores e do poder público, o processo de revitalização da praça é
considerado um bom exemplo da
influência que a cultura pode
exercer em uma região.
Para a arquiteta e urbanista Regina Meyer, da FAU (Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da
USP), as atividades culturais precisam se integrar ao local em que
estão instaladas, favorecendo a
abertura de bares, lojas e restaurantes.
Desse modo, a cultura pode ajudar na revitalização, pois aumenta a circulação de pessoas e o desenvolvimento do comércio. "É
preciso que as praças e ruas fiquem movimentadas, para as
pessoas se encontrarem no espaço público", diz Meyer.
Mudança de perfil
"Abrimos o teatro em 97 por
apostar na região, que já tinha sido um pólo cultural importante.
Mas, como ainda estava bem degradada, o público tinha medo de
vir aos espetáculos", afirma Muniz. Mesmo assim, o teatro persistiu e, com o tempo, novos grupos
foram ocupando antigos prédios
abandonados na mesma rua.
Para Nair Fiorot, presidente da
ONG Ação Local Praça Roosevelt,
os teatros foram essenciais para as
melhorias que estão ocorrendo na
área. "Eles trouxeram uma nova
energia para a praça. A arte ajudou a mudar o perfil do lugar",
afirma Fiorot.
Outro efeito da instalação de atividades culturais foi a melhoria
do entorno, como iluminação,
limpeza e segurança. "Quando
reabrimos o Bijou, há três anos, a
luz mais forte da área era a do teatro. Hoje, a limpeza e a iluminação da praça são bem melhores",
diz Fausto Silvester, gerente do
Recriarte Bijou.
O aumento da circulação de
pessoas e a mudança no perfil dos
frequentadores também ajudou o
comércio local. Há 34 anos cuidando de uma barbearia, Renato
Orbetelli diz que a região mudou
muito nos últimos dois anos. "Depois dos teatros e das reformas na
praça, o movimento aumentou
cerca de 50%", diz Orbetelli.
Críticas
Embora a cultura colabore com
a melhoria da qualidade de vida, a
revitalização urbana necessita de
um conjunto de outras ações. Os
investimentos culturais precisam
vir acompanhados de projetos de
habitação e educação, por exemplo, diz a arquiteta Vera Pallamin,
da FAU.
"Os investimentos na revitalização não podem priorizar apenas o
lado arquitetônico e físico da cidade. Eles não podem excluir as
populações locais e devem vir
acompanhados de ações sociais",
afirma a arquiteta.
(GG e SI)
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