São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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MÍDIA


Audiência da Copa bate em quase 40 bilhões de pessoas, e a TV, tratando o Mundial como um espetáculo único, tem que abrir seu cofre para comprar os direitos


Evento vira show televisivo

A televisão, a partir dos anos 80, fez da Copa o seu principal show. Isso devido aos astronômicos índices de audiência e ao alcance planetário do badalado evento.
O Mundial do México de 1986 foi acompanhado por 166 países, algo quase impensado à época. A China, país mais populoso do planeta, recebeu imagens do torneio pela primeira vez, o que aumentou bastante o número de telespectadores do evento.
A mídia investiu pesado no Mundial. Cerca de 1.700 jornalistas foram ao México trabalhar em 1986 _não havia estrutura adequada para tanta gente do meio ainda. O número de profissionais da imprensa foi cerca de três vezes maior do que o número de jogadores na Copa mexicana.
No Brasil, o mercado em torno da Copa estava em alta mesmo com o jejum de títulos da seleção nacional. O personagem Arakem, o ‘‘show man’’, foi figurinha carimbada na já toda-poderosa TV Globo em 1986 e 90. Sua imagem foi exibida à exaustão na telinha, e Arakem acabou descartado com fama de pé-frio.
Além da festa, a Globo apostou em tecnologia. Nas transmissões do Mundial-86, ficou consagrado o tira-teima, recurso que oferece ao telespectador a oportunidade de tirar a dúvida em lances complicados, como o gol do espanhol Michel contra o Brasil que não foi validado porque o juiz entendeu que a bola não entrou no gol.
Nos EUA, em 1994, o número de países que receberam imagens da Copa pulou para 189. Na Alemanha, por exemplo, mais de 60% de toda a população acompanhou os jogos do Mundial na América.
A Copa virou show mais fora de campo do que dentro. Um batalhão de ex-craques passou a trabalhar para órgãos de imprensa, especialmente comentando jogos na TV. No Brasil, Gérson, Rivellino, Tostão e Falcão foram apenas alguns dos que trocaram de lado.
Pelé formou dupla com Galvão Bueno no tetra em 1994. A dupla, aliás, enfrentou problemas. Críticas nos bastidores feitas por Galvão a Pelé foram captadas por antena parabólica e exibidas posteriormente para todo o país.
O locutor da Globo foi a principal voz da conquista nacional e também das posteriores frustrações do time nacional. O bordão ‘‘Vai que é sua Taffarel’’ foi repetido à exaustão e ganhou as ruas.
A Copa de 1994 foi a primeira a virar filme oficial. ‘‘Todos os Corações do Mundo’’ foi rodado nos EUA pelo cineasta brasileiro Murilo Salles e teve como protagonistas, é óbvio, Romário e Baggio.
Dallas foi escolhida para ser um centro nervoso da mídia, recebendo TVs e rádios de todo o mundo. Mais de 500 milhões de pessoas viram pela TV, direto de Los Angeles, o sorteio dos grupos da Copa dos EUA.
O torneio teve uma audiência acumulada de 31,2 bilhões de pessoas. Esse número pulou em 1998 para quase 40 bilhões de pessoas. Foi o auge do marketing, com disputa intensa na mídia entre Adidas e Nike, por exemplo. A Copa da França priorizou de vez a TV.
Os estádios eram pequenos, pois o público presente era secundário. A organização deu atenção total aos telespectadores.
As transmissões dos jogos de 98 foram um verdadeiro espetáculo, com dezenas de câmeras flagrando de todos os ângulos as jogadas, como o pênalti cometido por Júnior Baiano contra a Noruega.
As Copas do Mundo também passaram a conviver no fim do século de vez com a internet.



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