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DESTINOS TRADICIONAIS
EUA e Reino Unido perdem executivos para emergentes
Líderes de atração agora dividem espaço com a Ásia
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Apesar de seguirem consagrados como os destinos que
mais recebem expatriados do
mundo todo, os Estados Unidos e a Europa começam a ceder espaço a novas rotas devido
a mudanças no mapa de transferência de profissionais.
Os EUA ainda são o principal
rumo das expatriações mundiais, somando 19% delas
em 2005, segundo pesquisa publicada neste ano pela GMAC
Global Relocation Services. Em
seguida vêm o Reino Unido
(17%), a China (9%), a Alemanha e a Bélgica (5% cada um).
"Tudo leva a crer que a maior
quantidade de expatriados brasileiros esteja nos Estados Unidos, por causa do alto número
de multinacionais norte-americanas em operação no Brasil",
avalia Ivan Marc Ferber, consultor associado da Mercer.
O campeão e o vice, entretanto, também lideram a tabela
dos países com as maiores reduções nas transferências de
profissionais de 2004 a 2005,
com 11% e 8%, respectivamente, devido ao crescimento dos
negócios na Ásia e na América
Latina (leia mais na pág. 8).
A Alemanha (7%) e a Itália
(6%) vêm na seqüência no ranking de maiores perdas de
transferências de 2004 a 2005.
Apesar da oscilação, a hegemonia de EUA e Europa segue
firme. Para Andrea Massoud,
sócia-diretora do grupo Living
in Brazil, uma razão é que as
grandes multinacionais estão
sediadas nessas localidades. E
ambas promovem a mobilidade
de funcionários para disseminar cultura e informação para
suas subsidiárias.
"Europa e EUA procuram investir em países asiáticos porque os negócios em seus próprios territórios ficaram caros.
É mais fácil e barato, para eles,
transferir funcionários para a
Ásia", diz Massoud, referindo-se à perda de expatriados.
Algumas empresas não entraram nessa onda. A Novartis,
por exemplo, transfere 41% de
seus executivos brasileiros para a matriz da empresa na Suíça. O segundo país a receber
mais profissionais do Brasil são
os Estados Unidos (18%).
Inglês afiado
Para os profissionais, que
também estão de olho no aperfeiçoamento de suas competências, outra razão impulsiona
a preferência por EUA e Europa. "Existe uma questão forte
com relação ao idioma. Os profissionais enxergam na expatriação uma oportunidade,
também, de aprender um bom
inglês", explica Paula Traldi, diretora do departamento de recursos humanos da Novartis.
Outro fator importante é a
carreira do cônjuge. Por isso o
país precisa oferecer possibilidades de trabalho. "Nas pesquisas internas com nossos "high
potentials" [executivos de alto
potencial], 29% declaram que
iriam para qualquer lugar. Entre as mulheres, porém, nenhuma faz essa declaração", diz.
A advogada Priscila Souza,
28, trabalha no departamento
jurídico da Agfa-Graphics e foi
transferida para a matriz, na
Bélgica, no ano passado.
Quando embarcou, era advogada plena. Ao voltar, virou
profissional sênior e assumiu a
responsabilidade pelo departamento na América Latina. Ela
conta que a adaptação ao país
não foi nada fácil.
"Peguei o pior inverno dos
últimos 30 anos por lá", conta.
Por causa disso, teve de comprar roupas térmicas -algumas não couberam em suas
malas e ficaram na Bélgica.
"Voltei com muita experiência, muita bagagem e sete quilos a mais", completa, em alusão à quantidade de chocolates
que "precisou" comer.
Outro desafio foi acostumar
seu relógio biológico ao ciclo do
dia belga, que amanhecia às
9h30 e escurecia às 16h. "Era
um pouco deprimente." Para
compensar, fazia o mesmo que
os moradores locais: depois do
trabalho, seguia para a sauna
ou para a academia.
(RGV)
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