São Paulo, domingo, 05 de novembro de 2006

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DESTINOS TRADICIONAIS

EUA e Reino Unido perdem executivos para emergentes

Líderes de atração agora dividem espaço com a Ásia

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Apesar de seguirem consagrados como os destinos que mais recebem expatriados do mundo todo, os Estados Unidos e a Europa começam a ceder espaço a novas rotas devido a mudanças no mapa de transferência de profissionais.
Os EUA ainda são o principal rumo das expatriações mundiais, somando 19% delas em 2005, segundo pesquisa publicada neste ano pela GMAC Global Relocation Services. Em seguida vêm o Reino Unido (17%), a China (9%), a Alemanha e a Bélgica (5% cada um).
"Tudo leva a crer que a maior quantidade de expatriados brasileiros esteja nos Estados Unidos, por causa do alto número de multinacionais norte-americanas em operação no Brasil", avalia Ivan Marc Ferber, consultor associado da Mercer.
O campeão e o vice, entretanto, também lideram a tabela dos países com as maiores reduções nas transferências de profissionais de 2004 a 2005, com 11% e 8%, respectivamente, devido ao crescimento dos negócios na Ásia e na América Latina (leia mais na pág. 8).
A Alemanha (7%) e a Itália (6%) vêm na seqüência no ranking de maiores perdas de transferências de 2004 a 2005.
Apesar da oscilação, a hegemonia de EUA e Europa segue firme. Para Andrea Massoud, sócia-diretora do grupo Living in Brazil, uma razão é que as grandes multinacionais estão sediadas nessas localidades. E ambas promovem a mobilidade de funcionários para disseminar cultura e informação para suas subsidiárias.
"Europa e EUA procuram investir em países asiáticos porque os negócios em seus próprios territórios ficaram caros. É mais fácil e barato, para eles, transferir funcionários para a Ásia", diz Massoud, referindo-se à perda de expatriados.
Algumas empresas não entraram nessa onda. A Novartis, por exemplo, transfere 41% de seus executivos brasileiros para a matriz da empresa na Suíça. O segundo país a receber mais profissionais do Brasil são os Estados Unidos (18%).

Inglês afiado
Para os profissionais, que também estão de olho no aperfeiçoamento de suas competências, outra razão impulsiona a preferência por EUA e Europa. "Existe uma questão forte com relação ao idioma. Os profissionais enxergam na expatriação uma oportunidade, também, de aprender um bom inglês", explica Paula Traldi, diretora do departamento de recursos humanos da Novartis.
Outro fator importante é a carreira do cônjuge. Por isso o país precisa oferecer possibilidades de trabalho. "Nas pesquisas internas com nossos "high potentials" [executivos de alto potencial], 29% declaram que iriam para qualquer lugar. Entre as mulheres, porém, nenhuma faz essa declaração", diz.
A advogada Priscila Souza, 28, trabalha no departamento jurídico da Agfa-Graphics e foi transferida para a matriz, na Bélgica, no ano passado.
Quando embarcou, era advogada plena. Ao voltar, virou profissional sênior e assumiu a responsabilidade pelo departamento na América Latina. Ela conta que a adaptação ao país não foi nada fácil.
"Peguei o pior inverno dos últimos 30 anos por lá", conta. Por causa disso, teve de comprar roupas térmicas -algumas não couberam em suas malas e ficaram na Bélgica.
"Voltei com muita experiência, muita bagagem e sete quilos a mais", completa, em alusão à quantidade de chocolates que "precisou" comer.
Outro desafio foi acostumar seu relógio biológico ao ciclo do dia belga, que amanhecia às 9h30 e escurecia às 16h. "Era um pouco deprimente." Para compensar, fazia o mesmo que os moradores locais: depois do trabalho, seguia para a sauna ou para a academia. (RGV)


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