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DNA também pode ser utilizado para criar computadores bastante velozes
do Universo Online
Com a manipulação genética é
possível produzir alimentos, remédios e clones. O que pouca gente sabe é que também se podem
fazer computadores. Dois cientistas da Universidade de Rochester,
nos Estados Unidos, fizeram, em
maio deste ano, uma experiência
de cálculo usando uma solução de
DNA (ácido desoxirribonucléico).
Os nucleotídeos, unidades básicas do DNA, ocuparam o lugar
dos impulsos elétricos num computador tradicional.
Animesh Ray, professor de biologia, e Mitsunori Ogihara, professor de computação, afirmam
que o computador de DNA jamais
substituirá os computadores convencionais, mesmo nas tarefas
mais simples.
Mas ele pode ser muito eficiente
para resolver problemas matemáticos complexos, como a "quebra
de códigos ou resolução de problemas para companhias aéreas
que queiram otimizar suas rotas",
disse Ray ao jornal "The New
York Times".
Os cientistas gastaram apenas
US$ 300 no experimento. Segundo
eles, um litro de DNA pode armazenar uma quantidade enorme de
informação, equivalente à memória de um supercomputador.
A solução de DNA de Ray e Ogihara funciona como um computador rudimentar, mas muito veloz.
Para fazê-lo "funcionar", os dois
pesquisadores consideraram igual
a "1" a presença de um determinado par de bases, e igual a "0" a
sua ausência.
Lógica booleana
A base do trabalho dos dois é a
lógica booleana, que é a base da
computação tradicional. Ela assume que uma proposição é "falsa"
("0") ou "verdadeira" ("1").
Os programas empregam os conectores "e", "ou" e "não" para conseguir que o computador
realize operações.
Ray e Ogihara conseguiram criar
equivalentes para o "e" e o
"ou", e agora trabalham para obter o conector "não".
Os cientistas da Universidade de
Rochester não foram os inventores do conceito do computador de
DNA. Leonard Adleman, professor da Universidade da Califórnia,
publicou um trabalho em 1994,
descrevendo um modelo teórico
do experimento.
Adleman publicou na revista
"Scientific American", de junho
deste ano, um artigo em que conta
como chegou à idéia de usar o
DNA como computador.
Matemático e cientista da computação, ele estava na época envolvido em pesquisas com o vírus
da Aids.
Adleman descreve o DNA como
uma máquina minúscula. Viu semelhanças entre seu comportamento e o funcionamento da máquina de Turing (o matemático inglês Alan Turing criou o conceito
desta máquina, com fins conceituais, em 1936).
A máquina imaginada por Turing consistia em uma fita infinita,
com um mecanismo de leitura e
gravação, um conjunto de regras e
um "estado".
O mecanismo de leitura percorre
símbolos gravados na fita e segue
suas instruções. Adleman viu semelhanças entre a "fita" formada
pelos pares de bases do DNA e esta
máquina. No DNA a sequência
quatro tipos diferentes de bases
organizadas em pares codifica
uma informação.
Nenhum computador de verdade é baseado em máquinas de Turing, muito embora tenha sido
provado que tudo que o pode ser
computado, poderia sê-lo numa
máquina de Turing.
Da mesma forma, Adleman chegou à conclusão de que poderia
"computar" no DNA, atribuindo
um determinado valor a cada par
de bases.
Adleman descreve, em seu artigo, de que modo uma molécula de
DNA resolveu um problema matemático, determinando o trajeto
de um vôo hipotético que precisaria obrigatoriamente passar por
sete cidades.
Gene chips
Uma outra tecnologia faz o caminho inverso: é o gene chip. Fabricado na Califórnia pela Affimetrix, trata-se de uma pastilha de vidro que tem incrustadas cadeias
de nucleotídeos, o material-base
do DNA. A técnica usada é a fotolitografia, semelhante à empregada para fabricar chips comuns.
O chip é então coberto com uma
máscara onde estão recortados
padrões que controlarão a formação das cadeias de nucleotídeos, e
exposto a uma lâmpada de mercúrio. A luz provoca uma reação que
cria o "circuito" de DNA.
O chip de DNA não faz parte de
um computador. Ele é colocado
num aparelho chamado estação
fluídica, que coloca os genes a serem testados em contato com os
nucleotídeos no chip. Este processo se chama hibridização.
Depois o chip é escaneado por
uma luz fluorescente. Esta imagem é então analisada, para verificar que cadeia de genes se ligou
aos nucleotídeos do chip.
Desta forma os cientistas podem
reconhecer os padrões de expressão de um determinado gene e
suas alterações.
A maior vantagem do gene chip
é o ganho de velocidade. Com ele
os pesquisadores podem realizar
em alguns dias o trabalho de meses, sem precisar tocar numa única célula viva.
O gene chip, porém, não pode
ser usado no Projeto Genoma Humano. Ele só funciona quando
tem como alvo um gene cuja estrutura já foi determinada.
(MARIA ERCILIA)
Na Internet:
DNA Computers:
www.clearlight.com/morph/dna/dne.htm
Darpa (agência do Departamento de
Defesa dos Estados Unidos, que tem um
projeto de computador de DNA):
www.sainc.com/arpa/ultrascale/dna.htm
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