São Paulo, domingo, 06 de dezembro de 2009

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Economia verde

Conservadores reclamam de custos

Nos EUA. 'céticos econômicos' dizem que política ambientalista de Obama prejudica empregos

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Simultaneamente -embora não no mesmo time- à delegação do governo norte-americano que vai a Copenhague, um grupo de congressistas republicanos promete pelo menos fazer ouvir também sua versão no evento sobre o clima.
Os políticos da oposição levam consigo reclamações de grupos de empresários que criticam o plano secundário a que foi relegada a discussão sobre os custos que a implantação das chamadas medidas "verdes" pode vir a ter a economia local.
A grita é liderada principalmente pela Câmara de Comércio dos EUA, a maior entidade de empresários do país, o Escritório da Federação Agrícola Americana e a Associação Nacional de Manufaturados.
O trio acredita que as medidas que vêm sendo prometidas pelo governo obamista elevam os custos de produção em setores vitais da economia, como energia, e não oferecem benefícios suficientemente comprovados para o ambiente.
Chame-os de "céticos econômicos". Um deles é o presidente da Câmara do Comércio, Thomas J. Donohue, cuja posição antagônica à política verde da Casa Branca levou nomes como Apple e Nike a se afastarem ou mesmo se retirarem completamente da entidade.
"O presidente Obama e a presidente do Congresso, Nancy Pelosi, têm problemas muito mais sérios com que se preocupar aqui em casa", disse Eric Cantor, o segundo deputado republicano mais graduado.
"Por exemplo, diminuir o gasto público, arrumar nossa situação fiscal e adotar soluções mais sensatas para voltar a dar empregos para os trabalhadores americanos."
Linha semelhante segue Charles Drevna, presidente da Associação Nacional Petroquímica e de Refinarias. "No meio de uma recessão severa, com desemprego de 10,2%, nossa economia, a criação de empregos e o impacto sobre o consumo deveriam ser levados mais em conta do que tentativas de impressionar burocratas internacionais durante uma convenção", escreveu.
O grupo cita relatórios europeus recentes que apontam para o custo elevado da criação de empregos verdes ali e de como essas vagas, quando subsidiadas pesadamente pelo governo, podem distorcer setores tradicionais da economia.
Esses políticos e empresários têm plateia. Segundo levantamento recente feito pelo renomado Pew Research Center, a maior parte da população de 11 dos 25 países pesquisados discorda da noção de que as pessoas devem pagar mais pelo combustível ou pela energia.
Entre os países em que a recusa é maior estão os EUA.


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