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ETE desafia falta de verba e fica entre as 10
Com 1.700 alunos, colégio recebe apenas R$ 4.600 mensais do governo do Estado para custear suas despesas gerais
Parte do sucesso se deve ao vestibulinho que seleciona os alunos; são 17 candidatos por vaga, pessoas que vêm de todas as partes do Estado
DA REPORTAGEM LOCAL
A Escola Técnica Estadual de
São Paulo (ETE-SP) recebe
R$ 4.600 por mês do governo
do Estado para custear suas
despesas gerais. Como a escola
abriga 1.700 alunos, 480 no ensino médio regular, os demais
no ensino técnico propriamente dito, daria R$ 2,71 por mês
para arcar com as despesas de
cada estudante, salários de professores à parte.
Com recursos tão escassos, a
escola conseguiu a proeza de
ser a única instituição pública a
entrar no ranking das dez com
melhores médias na prova do
Enem na cidade de São Paulo
-sua nota: 66,86.
Parte do sucesso a ETE-SP
deve ao vestibulinho que seleciona os alunos. São 17 candidatos por vaga, pessoas provenientes de todas as regiões da
cidade e até da Grande São Paulo e do interior do Estado.
Isso garante que a escola trabalhe com um alunado muito
selecionado, condição que já
torna a ETE-SP diferente de
outras instituições públicas,
cujos estudantes acabam sendo
selecionados exclusivamente
pelo critério da proximidade
geográfica.
Gente que lê muito
De acordo com o diretor da
escola, Carlos Augusto de Maio,
"os estudantes que acabam
entrando na ETE-SP são gente
que gosta de estudar, que enche
a biblioteca todos os dias nos
horários de intervalo, que lê
muito".
A carga horária obrigatória
para os alunos do ensino médio
é de quatro horas e 30 minutos
por dia, cinco dias por semana,
200 dias letivos por ano.
Como a escola é gratuita (o
Centro Paula Souza, vinculado
à Secretaria de Desenvolvimento, é o mantenedor), ela
acaba atraindo alunos talentosos provenientes do ensino
fundamental público, que de
outra forma não teriam acesso
a ensino de qualidade.
Mas a escola está interessada
em aumentar a presença de
alunos afrodescendentes e
oriundos do ensino público.
Pelo Sistema de Pontuação
Acrescida, afrodescendentes
recebem um bônus de 3% na
nota final do vestibulinho (realizado semestralmente); os da
rede pública recebem acréscimo de 10%. Caso o aluno esteja
nas duas situações, receberá
13% de bônus.
Atualmente, 40% dos aprovados no vestibulinho da ETE-SP são alunos oriundos da escola pública. "São pessoas que lutam muito para estudar, vindos
de famílias que valorizam a
educação", diz De Maio.
APM onipresente
As famílias dos alunos e sua
relação com a escola e os professores são a outra chave para
entender a exceção à regra que
é a ETE-SP.
Todo mês a escola promove
reuniões com os pais. Organizados na Associação de Pais e
Mestres, que tem inclusive
quadro próprio de funcionários, eles arrecadam fundos,
usados para reformar os prédios, manter atualizados laboratórios, comprar computadores e aparelhos de audiovisual.
No ato da matrícula dos novos alunos, a APM faz um corpo
a corpo explicando a importância de os pais realizarem doações para a entidade. São confeccionados carnês. Cada família paga o que pode.
A ETE-SP fica dentro do
campus da Faculdade de Tecnologia de São Paulo, a Fatec,
na avenida Tiradentes, ao lado
da boca do metrô. Um dos seus
três prédios foi projetado pelo
arquiteto Ramos de Azevedo.
ETE
SÃO PAULO
Ranking: 8º lugar
Nota média: 66,86
Categoria: Pública
Endereço: Avenida Tiradentes, 615, Bom Retiro, São Paulo
Tel.: 0/xx/11/3326-0993
Total de alunos: 480
Mensalidade: grátis
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