São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2007

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Menos emprego, menos renda

Estudo mundial da OIT mostra que desemprego aumenta mais entre mulheres; entre 1996 e 2006, índice subiu 22,7%

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A participação das mulheres no mercado de trabalho mundial estagnou nos últimos dez anos, e a taxa de desemprego feminino oscilou de 6,1% para 6,6% entre 1996 e 2006, o que significa um aumento de 22,7% -ou 15,1 milhões- no número de desempregadas mundialmente. É o que mostra um estudo realizado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e divulgado ontem, em Genebra.
A força de trabalho feminina atingiu, no ano passado, 1,2 bilhão -a masculina chegou a 1,8 bilhão. O crescimento no número de pessoas empregadas foi parecido, em termos percentuais, para homens e mulheres. Apesar disso, o aumento do desemprego foi relativamente maior entre a população feminina.
Em 2006, a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho ficou em 52,4% -dez anos antes, era de 53%. De acordo com a OIT, esse dado pode esconder uma tendência positiva porque as mulheres podem estar fora do mercado de trabalho porque estão estudando mais.
A participação masculina no mercado de trabalho também caiu: passou de 80,5% para 78,8% de 1996 para 2006. A OIT afirma, no entanto, que estão mantidas as mesmas tendências de desigualdades salariais, condições de trabalho e níveis educacionais.
A entidade também realiza um alerta sobre a "feminização da pobreza", ciclo pelo qual a mulher não consegue, por meio de trabalho assalariado, elevar a família para acima da linha da pobreza.
Para a OIT, quanto mais pobre for a região considerada, maior a chance de a mulher estar trabalhando sem remuneração ou em emprego informal sem remuneração.
No relatório divulgado ontem, a OIT afirma que há poucos dados concretos sobre discrepâncias salariais de gênero. Cita, no entanto, um estudo que conclui que as mulheres ganham, no máximo, 90% do salário de seus equivalentes masculinos em determinados setores. Em profissões de alto nível, o salário feminino corresponde a 88% do masculino, afirma o levantamento.
A taxa de desemprego na região da América Latina e do Caribe em 2006 foi de 10,4% -no mesmo período, a masculina foi de 6,4%.
Além disso, nessa região, 75,8% das mulheres trabalham na agricultura, um indicativo de marginalização social para a OIT, por causa dos níveis mais baixos de escolaridade, falta de direitos trabalhistas, dificuldade de acesso a terra e a crédito e vitimização devido a epidemias e conflitos.
No resto do mundo, porém a tendência mundial foi de aumento da participação feminina no setor de serviços, ultrapassando a agricultura desde 2005. Em 2006, 42% das mulheres trabalhavam no setor de serviços, comparado com 40% na agricultura. Em 1996, essas proporções eram 37% e 45%, respectivamente.

Educação
A OIT também destaca o problema educacional: dois terços dos 800 milhões de adultos que não sabem ler e escrever são mulheres. Além disso, 60% dos alunos que abandonam as escolas são mulheres.
"Apesar dos progressos, ainda há muitas mulheres que desempenham trabalhos mal remunerados, com freqüência na economia informal, sem suficiente proteção legal, com pouca ou nenhuma proteção social e com alto grau de insegurança", disse Juan Somavia, diretor-geral da OIT.
A proporção mundial de mulheres que possuem emprego assalariado passou de 43% para 48% no período, o que, para a organização, indica maiores possibilidades de liberdade para as mulheres.


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