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Menos emprego, menos renda
Estudo mundial da OIT mostra que desemprego aumenta mais entre mulheres; entre 1996 e 2006, índice subiu 22,7%
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A
participação das mulheres no mercado de
trabalho mundial estagnou nos últimos dez anos, e
a taxa de desemprego feminino
oscilou de 6,1% para 6,6% entre
1996 e 2006, o que significa um
aumento de 22,7% -ou 15,1 milhões- no número de desempregadas mundialmente. É o
que mostra um estudo realizado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e divulgado ontem, em Genebra.
A força de trabalho feminina
atingiu, no ano passado, 1,2 bilhão -a masculina chegou a 1,8
bilhão. O crescimento no número de pessoas empregadas
foi parecido, em termos percentuais, para homens e mulheres. Apesar disso, o aumento
do desemprego foi relativamente maior entre a população
feminina.
Em 2006, a taxa de participação das mulheres no mercado
de trabalho ficou em 52,4%
-dez anos antes, era de 53%.
De acordo com a OIT, esse dado
pode esconder uma tendência
positiva porque as mulheres
podem estar fora do mercado
de trabalho porque estão estudando mais.
A participação masculina no
mercado de trabalho também
caiu: passou de 80,5% para
78,8% de 1996 para 2006. A
OIT afirma, no entanto, que estão mantidas as mesmas tendências de desigualdades salariais, condições de trabalho e
níveis educacionais.
A entidade também realiza
um alerta sobre a "feminização
da pobreza", ciclo pelo qual a
mulher não consegue, por meio
de trabalho assalariado, elevar
a família para acima da linha da
pobreza.
Para a OIT, quanto mais pobre for a região considerada,
maior a chance de a mulher estar trabalhando sem remuneração ou em emprego informal
sem remuneração.
No relatório divulgado ontem, a OIT afirma que há poucos dados concretos sobre discrepâncias salariais de gênero.
Cita, no entanto, um estudo
que conclui que as mulheres
ganham, no máximo, 90% do
salário de seus equivalentes
masculinos em determinados
setores. Em profissões de alto
nível, o salário feminino corresponde a 88% do masculino,
afirma o levantamento.
A taxa de desemprego na região da América Latina e do Caribe em 2006 foi de 10,4% -no
mesmo período, a masculina
foi de 6,4%.
Além disso, nessa região,
75,8% das mulheres trabalham
na agricultura, um indicativo
de marginalização social para a
OIT, por causa dos níveis mais
baixos de escolaridade, falta de
direitos trabalhistas, dificuldade de acesso a terra e a crédito e
vitimização devido a epidemias
e conflitos.
No resto do mundo, porém a
tendência mundial foi de aumento da participação feminina no setor de serviços, ultrapassando a agricultura desde
2005. Em 2006, 42% das mulheres trabalhavam no setor de
serviços, comparado com 40%
na agricultura. Em 1996, essas
proporções eram 37% e 45%,
respectivamente.
Educação
A OIT também destaca o problema educacional: dois terços
dos 800 milhões de adultos que
não sabem ler e escrever são
mulheres. Além disso, 60% dos
alunos que abandonam as escolas são mulheres.
"Apesar dos progressos, ainda há muitas mulheres que desempenham trabalhos mal remunerados, com freqüência na
economia informal, sem suficiente proteção legal, com pouca ou nenhuma proteção social
e com alto grau de insegurança", disse Juan Somavia, diretor-geral da OIT.
A proporção mundial de mulheres que possuem emprego
assalariado passou de 43% para
48% no período, o que, para a
organização, indica maiores
possibilidades de liberdade para as mulheres.
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